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Foto: http://mulheresdobill.blogspot.com.br/ |
Sinal dos tempos essa condição em que o virtual e o real se confundem - o primeiro interferindo no fluído do segundo. As novas tecnologias transformam as relações sociais em um nível profundo. O diálogo, por exemplo, anda difícil de se estabelecer excluído de uma TV, um celular, um Ipad, ou coisa que o valha. Falar com alguém com celular, que não se manque do respeito ao outro, anda difícil. A conversa é cortada, ou nem começa. Almoçar sem uma TV ou rádio tagarelando por perto virou luxo. Para quem tem filhos, dormir sem o barulhinho de algum equipamento eletrônico, suponho que exija um disciplinamento claro, dependendo a idade do filho. Casa, praia, campo ou serra, o controle tecnológico está lá, chamado ou não. Nota-se, então, que isso penetra nas relações humanas desde o nível do lazer, passando pela educação, até a vida íntima. É uma interferência totalizante e onipresente. Por vezes, perigosa. A atriz brasileira Carolina Dieckman está apelando à polícia e à justiça para por causa de vazamento na internet de fotos suas, nua, de seu computador ou celular pessoal. Antes, a vida imitava a arte; depois, imitava o vídeo; e agora, quer substituí-lo. E quando é indesejável a potencial exposição que as novas tecnologias permitem, torna-se incômodo, às vezes criminoso. Como é o caso de Dieckman, uma celebridade, cuja imagem tem um valor especial. A imagem, portanto, sob o potencial tecnológico, tornou-se, entre outras coisas, instrumento de chantagem. Uma arma, inclusive de capacidade estratégica, comercialmente e belicamente falando. E quem nega tudo isso e se refugia dessa parafernália eletrônica é considerado louco ou ermitão. Tendo a crer que é preciso um equilíbrio, que ainda não consegui suficientemente, dado o meu ritmo de trabalho. Mas desejo profundamente viver em espaços excluídos ao máximo de tecnologia, onde nem mesmo relógios existam. E pretendo que isso seja em breve, pois viver, no sentido pleno, é sentir a partir da sensibilidade pelo contato, o fluir da vida, em um nível natural e sob um tempo que pertence a cada coisa. Isso, entendo, é possível de preservar. Por uma vontade íntima, ninguém pode alterar por dentro, ainda que busque sempre controlar. O coração superará as máquinas. Creio.
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