quinta-feira, 20 de junho de 2013

Sonhos em transporte e mobilidade

A mobilização tomou outro rumo, e revelou faces desconhecidas. Creio que a partir de agora, os manifestantes sérios e legítimos com as causas dignas desse processo, vão avaliar melhor a partir daqui seus passos. E várias outras posturas devem alterar profundamente o cenário.
Incerto estou se para o melhor ou o pior, mas estou começando a acreditar que o País vai deixar de ser definitivamente o mesmo depois dessa efervescência das ruas. Há uma inquietude contagiante, que partiu de SP para o País, em intercâmbio com a já existente mobilização global. Sem dúvidas que os as novas tecnologias e a internet, incluindo seus meios de interação, contribuíram para impulsionar e potencializar essa mobilização. Mas é certo que havia aí também uma subjetividade reprimida entre os jovens, particularmente, o combustível de qualquer transformação social. Oportunistas e fascistas nesse meio, sem dúvidas, abundam. Um sonho por um País melhor, todavia, é o que no fundo enxergo nessa nova geração. Esse sonho se transformou ao longo das décadas, e incorporou novos atores, que até então não sonhavam. O que é positivo. 
Tendo a crer que os sonhos, igualmente, a outros anseios dinâmicos da vida, sofrem um processo de mobilidade, ainda que sempre preservem algo de sua essência original. O que criamos como ideal na infância é baseado nas primeiras referências de liberdade e felicidade. Na adolescência, se intensifica essa identificação com o outro e, pelo surgimento da paixão como sentimento novo da vida, a felicidade tende a se reduzir muito ao plano pessoal. Na pós-adolescência, ali pelos 17 em diante, há uma redescoberta do social, uma paixão mais coletiva, em que nos tornamos altamente vulneráveis para a adesão a alguma causa - religiosa, política, filantrópica ou o que seja. Isso se estende pela faixa dos 20, para se estabilizar melhor pelos 30, fase que descobrimos que não vale a pena ter certezas, ou nos tornamos estúpidos definitivos. É claro que atores como família, escola e amigos são vitais nessas construções. E é fato também que no íntimo, naquilo que somos de verdade, em geral custamos muito a enxergar, ou de assumir coragem para admitir. O filósofo, nesse caso, tem muita razão quando aponta a necessidade de conhecermos a sí mesmo. Ultimamente, ando bem atento a isso.

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Trecho de análise de um conceituado cientista político gaúcho: HÁ PERIGO NO AR (Endosso): "Por que a polícia se omite, em todo o país, em reprimir os saques e os atos de vandalismo? Será apenas despreparo de uma força policial que só sabe reprimir com truculência e que, quando receber ordens de não usar violência não sabe como agir? Há meios democráticos e não violentos para reprimir manifestações de massa que fogem ao controle. Por que a polícia não os está utilizando?"

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