Por esses dias me peguei dialogando com uma colega sobre a expressão "a vida estraga a arte", que ela mencionou na ocasião, referindo-se, entre outras adversidades, à falta de tempo para criar artisticamente em função do estrangulamento que o trabalho nos envolve. Disse, na ocasião, que depende de como esse tal trabalho é direcionado para ser assim considerado. Entendo eu que aquilo que fizemos com prazer, e isso é muito difícil, mas possível, deixa de ser trabalho para se tornar um ato criativo. A conversa se alongou um pouco mais, mas teve que ser interrompida, por causa do trabalho. Como ocorre com as linhas que discorro agora....
Pensar sobre a possibilidade de fazer algo por conta, de se emancipar de patrões, do Estado ou da iniciativa privada, é sempre instigante. Na área de jornalismo, em Porto Alegre, o Coojornal foi um marco aqui pelo Sul e se destacou pelo País. Mas houve condições dadas, inclusive políticas. Há, nesses tempos que vivemos uma dispersão da informação, embora amplamente distribuída e acessível por diversos canais, facilmente, é um desafio organizá-la e disponibilizá-la como queremos. E, assim, formatar um projeto jornalístico para um segmento - porque de massa é mais desafiante e exigente d e capital ainda - é ainda um dilema para as chamadas esquerdas. Trabalhar com bens simbólicos sempre o foi, subestimado por estas, inclusive. Rachel de Queirós disse certa vez em uma de suas brilhantes crônicas que a liberdade está no trabalho braçal. Começo progressivamente a me convencer disso, sem descartar projetos estratégicos de meu norte de formação. Mas, não estaria tudo integrado em uma coisa só. A ver...
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Reproduzo, na íntegra, texto primoroso publicado no face de meu colega e estimado Wladymir Ungaretti.
"Pelas mulheres livres de seus terapeutas"
Esta se tornando cada vez mais comum as relações afetivas estarem intermediadas por terapeutas. Todas as minhas últimas namoradas discutiam muito mais os “problemas da relação” com eles do que comigo. Sou de uma geração que lia “A arte de amar”, “Meu encontro com Marx e Freud”, “Psicanálise da Sociedade Contemporânea”, “Psicanálise e religião” todos de Erich Fronm; “A função do orgasmo”, “A revolução Sexual”, de Wilhelm Reich; “O segundo Sexo”, “A Convidada” de Simone de Beauvoir e muito Jean-Paul Sartre entre outros. Tempos depois Herbert Marcuse. No Colégio Júlio de Castilhos (Julinho) as mulheres interessantes eram que possibilitavam as discussões “existenciais”. Fui educado nessa tradição. Uma tradição de começar sua vida sexual com a namorada. Orgulhosamente, as chamávamos de companheiras. As farmácias começavam a receber as pílulas anticoncepcionais. Daí minha dificuldade de ter como interlocutor os terapeutas que expressam suas “ideias” sobre quase tudo na fala da namorada. Diagnosticam “minhas dificuldades” e repassam à respectiva a interpretação e o caminho a ser seguido. Esta indústria está associada umbilicalmente à indústria farmacêutica. E vai “rivotril”. Existem, também, algumas desonestidades. O cara é convencido pela namorada (está apaixonado e querendo acertar) a procurar “tratamento”. A terapeuta da namorada (prontamente) indica uma profissional amiga. Você não tem em seu círculo psicólogos. E depois trocam as figurinhas. Não é nem considerado falta de ética, mas um elemento de “ajuste” do casal. Funciona como parte do "processo terapêutico, de autoconhecimento". Tenho um relato de um amigo que testou este esquema mudando o dia da sessão sem avisar a parceira. A sessão da namorada rapidamente mudava de dia. Ficava sempre depois da dele. E ele mudava outra vez. E a dela mudava a seguir. Cheguei a escutar de uma profissional que, de fato, existem pessoas dependentes desse processo de interlocução e que eles (profissionais da área) denominam estes pacientes de “terapeutapisados”. Pessoas que não conseguem “pensar” a não ser pela fala dos seus respectivos terapeutas. Uma sociedade doente que produz pessoas “desequilibradas” produz os mecanismos de ajuste. O importante é pagarmos pelo desequilíbrio e pagamos pelo tratamento. E dá-lhe “rivotril”. A solidão da não comunicação elevando-se ao mais alto grau. Uma sociedade “faique”. Na rebelião do tumulto-desequilíbrio, os verdadeiros amores!!!! PELAS MULHERES LIVRES DE SEUS TERAPEUTAS!!!!!!
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