quarta-feira, 30 de outubro de 2013

Para além dos prés

Estava a pensar ontem o quanto faz diferença em nossa vida o prefixo "Pre". Pela instabilidade financeira ou outras razões de ordem espiritual, tendemos a se precipitar à vida, deixando na maioria das vezes de desfrutá-la. Uma pre-existência, baseada em comportamentos de pre-ocupação, pre-caução, pre-visão, pre-paração, entre outras. Precisamos, por vezes, viver mesmo é o presente, antes que ele nos escape. E isso tem sido uma máxima ultimamente para mim. Todavia, entre afirmar essa possibilidade e se emancipar de vez com essa perturbação no futuro há uma distância importante. Que nunca deve ser menosprezada.

terça-feira, 29 de outubro de 2013

Sobre para onde vamos e a consciência disso

Após um fim de semana bem intenso de trabalho extra, retornando a labuta ordinária. Precisamos mesmo cuidar para que esse ritmo diário não sufoque demais o motivo todo de desenvolver tudo isso. A liberdade de fazer com prazer, sublinhe-se.

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"Compersão - É um termo usado por pessoas que tem relacionamentos livres, abertos, ou poliamorosos.


Compersão é o sentimento oposto ao ciúme. É quando a gente fica feliz de ver feliz a pessoa que a gente ama sendo amada ou amando outras pessoas, ou simplesmente curtindo as novas relações. É componente do amor, não do modelo de relação… Até porque os relacionamentos abertos nem sempre tem esse componente presente mas ele é fundamental para virar a pagina do ciúme. Mas só sentimos compersão quando compreendemos a multiplicidade de experiências do outro como enriquecedora para nós mesmos e respeitamos sua autonomia em procurar satisfação de formas diferentes das nossas."

Texto e Imagem reproduzidos do blog Relações Livres, de onde pode ser achado outros conceitos sobre o tema, confira aqui.

sexta-feira, 25 de outubro de 2013

Outro dia, e mais um

Retomando o ritmo que sempre foi mantido, um pouco mais de silêncio talvez. Mas sempre com as cruéis dúvidas. No entanto, o que seria a vida sem elas? Tendo a crer que são, sim, as dúvidas o combustível de tudo. Inclusive dos sonhos.

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Mulheres, idosos ou crianças. Ninguém está imune à revista humilhante que acontece nos presídios nos dias de visita. Com o pretexto de impedir a entrada de celulares e drogas, os parentes dos presos são submetidos à nudez e a um exame de seus órgãos genitais. Para discutir essa prática inaceitável, a Conectas e parceiros organizam um seminário latino-americano no dia 28 de outubro em São Paulo. Saiba mais: http://bit.ly/1cTDa2X

domingo, 20 de outubro de 2013

Sobre essa onda que vem e vai

Acordei hoje mais pensativo sobre essa situação de dispersão que tem dominado a vida das pessoas nesses tempo de tudo ser possível, mas nada praticável - se carecermos de foco. Os papagaios ainda cantam, nas árvores altas do bairro, embora prossiga indiscriminadamente a decepação de galhos pelos vizinhos que se incomodam com as árvores. Ontem, uma experiência de reencontro com o amigo antropólogo de Manuas me deu algumas pistas a mais sobre o funcionamento todo dessa máquina engolidora de subjetividades, que se chama internet. Tudo bem, ela disponibiliza ações positivas. Mas temo que a vida possa estar se perdendo demais nesse âmbito virtual. Em outro âmbito, o tempo é outro. Há quem viva e aproveite o simples. É assim que poderia ser a vida. O suficiente para viver intensamente, e solidariamente, a felicidade - essa invenção diária que o ser humano pode e deveria se empenhar e construir permanentemente.

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segunda-feira, 14 de outubro de 2013

Para as crianças comerem melhor e sobre outros alimentos nem tão saudáveis para o espirito

Ando pensando seriamente sobre essa ideia de estabilidade da vida. Relativizar a noção de que segurança é uma prioridade absoluta com o passar dos anos é preciso. Tendo a crer que entre as estruturas que criamos ao nosso redor como pate da ideia ilusória de felicidades, a construção invisível de subjetividades aprisionantes por meio da prostituição do próprio sentido de fazer, no lugar de criar, é menos uma saída do que uma prisão a mais.

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Como estimular nossas crianças a valorizar os alimentos orgânicos?
Essa cartilha da série Horta & Liça pode ajudar.
Baixe a cartilha aqui. Saudações Agroecológicas!

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domingo, 13 de outubro de 2013

A CISTERNA DE PLÁSTICO NO SERTÃO, EM LONGO PRAZO SERÁ UM GENOCIDIO AO CUBO?




Tem coisas que os amigos pedem, são difíceis, mas precisam ser atendidas. Fui consultado sobre as cisternas de plástico para o sertão. Refugie-me no meu congá. Bati o tambor de bambu gambá junto a uma peneira com massa puba e “Terra Preta de Índio” invoquei a Linha da Mata. Logo chegaram “Caninana” & “Três Flexas”. Ao saber que o problema envolvia pouca água eles pediram a batida do Kultrun (mapuche) e teponaztli (azteca). Chegaram os iluminados Siete Cueros e Nezahualcoyotl acostumados com o deserto, o primeiro mascando pétalas de arrayan e o segundo palitando os dentes com espinho de cactos. Em seguida eles pediram o canto da “Linha do Oriente” e três velas e incenso, chegaram dois mascates kafre da Serra da Barriga e São Francisco. Ajoelhado esclareci desnecessariamente o problema, também meu. Oxé que senti um calafrio, vixe um cheiro de bolinho de bacalhau & chopinho, misturado com perfume de lavanda e pólvora queimada inundou meu congá e todos riram. Eram dois velhos conhecidos, o amigo Lutz e Maria Bonita. Sem cerimônias começou a faina, cada um falava a continuação do outro como em um jogral rotineiro ou filarmônica com excelsa regência.

“Um dos temas mais diabólicos das últimas duas décadas é a destruição da agricultura sertaneja. Isto fez este antigo estudioso das Ligas Camponesas usar a aritmética, pois a catástrofe agora será um milhão de vezes pior que a da Revolução Verde (que atingiu muito mais o Sul e fez desaparecer o agricultor organizado, e agora tem o pequeno produtor familiar que tenta sobreviver, mas vem sendo tratado como reserva de mercado & contrapartida para a produção de alimentos naturais como matérias primas certificadas e garantida para a integração nas grandes marcas como Coca-Cola, PepsiCo, Nestlé, Cargill-Seara e outros de interesse da Fundação Rockefeller. É só esperar, tudo que está sendo manipulado e induzido para esse destino.

Os riscos das cisternas de plástico para a saúde da família camponesa hoje e amanhã. A resposta seria muito simples e fora da lógica dos doutores de universidades e institutos. As cisternas de plástico não foram projetadas para armazenar água da chuva, o foram para depositar água tratada com um período de residência mínimo onde a liberação de substancias tóxicas do plástico ficam inferiores a 1 x 10-9 ou 0,000.000.001 grama/Litro, onde somente as moléculas ultra-tóxicas, por exemplo DIOXINAS & FURANOS HALOGENADOS causam danos.

Quando se coleta a água da chuva, não é preciso dizer que ela é resultado da evaporação do mar e que não contem sais minerais é água destilada e não mata a sede, por não ter minerais, e, para todos os seres vivos a presença de sais minerais, sua diversidade e quantidade determinam a evolução de cada espécie, metabolismo e qualidade de vida. Logo o consumo de água sem minerais seria um problema muito sério. Mais eis que a “mão divina” fez que a organização camponesa, como a Fênix começasse a fazer as cisternas de placas. A água da chuva, pura em contato com a parede da cisterna solubiliza quantidades mínimas dos minerais presentes no cimento (Si, Ca. Mg, Fe, Zn, Nióbio, Terras Raras etc.). Essa dissolução ao longo de 12 a 24 meses (tempo de residência) deixa a água com uma concentração sub-ideal para os seres humanos da região sertaneja cujo solo é bastante rico em sais minerais e permite com uma boa agricultura (sem agrotóxicos ou adubos químicos solúveis) produzir alimentos altamente mineralizados que compensam harmoniosamente os minerais da água. Recordem que eu sempre recomendei fazer o que fazíamos em casa colocar uma pedra de Enxofre de aproximadamente três quilos por cisterna de placas a cada dois anos ou quando aquelas desaparecessem. Com a cisterna de placas o sertanejo antes de tomar a água mineral de Deus equilibrada com sua agricultura camponesa, ele se organiza e resgata o valor do mutirão. É isto que se quer destruir para sua diáspora como mão de obra aviltada na construção civil do sudeste.

Com a cisterna de plástico que água ele vai tomar? Água destilada de laboratório com a liberação de substancias química conhecidas e desconhecidas (DIOXINAS E FURANOS HALOGENADOS) que são formadas na água pelo contato, calor e tempo de residência (armazenamento). Substancias, muitas delas são mimetizadoras hormonais. Isto é conhecido e denunciado há mais de 25 anos pelo livro “Our stolen Future” de Colburn e outros que foi traduzido no Brasil (1995) pela Cooperativa Ecológica Coolméia (depois fechada pelo governo por dever 165.000 reais ao INSS) e com uma edição pela L&PM Editores (vendido pela internet): “NOSSO FUTURO ROUBADO” ou “FUTURO ROUBADO”.

Os principais contaminantes das cisternas de plástico são:
METAIS PESADOS (Arsênico, Cádmio, Mercúrio, Chumbo, Cromo, Zinco, Estanho, Manganês,) são acumulativos daninhos ao sistema nervoso.

Os resíduos químicos tóxicos são: PVC Vinylchlorid; Polystyrol; Polyhydroxy ether de Bisphenol A; PolyUrethane; Isothiocyanate; Dietilhexylphthalate; Acrylnitril e causam câncer de mama, próstata, estomago, pulmão, bexiga, linfático, leucemia, mas devido as interações com os metais pesados e entre eles os principais danos são nascimentos de bebes deformados e a infertilidade devido a feminilização masculina, impotência e alteração hormonal nas mulheres.

Substancias complexas que potencializadas (sinergizadas) com bebidas alcoólicas, cigarro, resíduos de agrotóxicos e outros formando outras substancias muitíssimo mais perigosas que raríssimos laboratórios têm condições de analisar, mas são impossíveis de diagnosticar ou avaliar toxicologicamente.

Se a realidade tem essa cara e tamanho, por que então se quer usar a cisterna de plástico? A constituição garante minha opinião. - A cisterna de plástico precisa eliminar o poder de organização camponês (que nos últimos trinta e cinco anos fez mais que os governos ou organismos multilaterais (FAO, OMS, UNEP, UNIDO, OMC) para enraizar com dignidade o agricultor autônomo e livre no Sertão.

Quando em 1981 comecei a ver o dinheiro de entidades européias chegar ao Brasil no mesmo momento que a Extensão Rural (Rockefeller) diminuía suas ações fiz questão de colocar no ERAA de Cruz das Almas que devia ser feita uma projeção onde aquilo ia terminar, pois ninguém dá dinheiro a ninguém de graça.... Quando vimos o dinheiro internacional para o 1 milhão de cisternas conversamos com o pessoal para que abrissem os olhos com a mesma projeção.

O que devemos entender é que só existe governo autônomo ou autêntico quando ele tem dinheiro dele e não necessita de empréstimos de bancos. O Banco Mundial usa a dependência como instrumento de submissão dos governos carentes.

Assim qualquer governo, por mais comprometido e identificado com seu povo fica impedido de atender as demandas ou obrigado a atender as manipuladas, induzidas ou planejadas por ele. O negócio funciona assim: O assessor 34 do Banco Mundial telefona para o Gabinete da Presidência do país pobre e diz: “Avisa o chefe que os empréstimos para saúde, educação, infra-estrutura estão pronto para a assinatura, mas o que está travando é essa organização de cisternas, que não interessa a um grupo grande corporações. É bom fazer uma substituição pelas de plástico”.

Com o governo mesmo percebendo o ardil e precisando cumprir prioridades, quem irá pagar o pato? Isto não é fraqueza nossa, nem privilégio. Em qualquer país do mundo, seja na União Européia, América, Ásia ou África e isso que ocorre e não há imprensa (T. Turner, Rupert Murdoch) que denuncie ou acadêmico que abra a discussão e debate sincero.

Lembro que gravamos uma reportagem onde foi dito que, a questão da água para o sertanejo não era uma questão de cisterna, mas de crédito para habitação rural para se poder, como na Austrália captar mais água para melhorar a infra-estrutura do sertão. Onde há mais Sol será feita a agricultura natural do amanhã e permitir autonomia à família sertaneja, que necessita mais de 60 metros cúbicos de água e só pode captar com um telhado de qualidade e pelo menos com 200 metros quadrados. Jamais se deve coletar água da chuva sobre plástico (lona preta) que é mais perigoso que o incolor, pela presença de pigmentos que contém metais pesados.

Outro aspecto do plástico é que ele é menos durável que a cisterna de placas por ser facilmente oxidado pela luz ultravioleta que no sertão não é pouca, ficando quebradiço e liberando moléculas halogenadas de baixo peso molecular. Jamais uma cisterna de plástico conseguirá nas condições sertanejas de luminosidade e calor superar oito anos de idade. Não há em nosso país estudos técnico-científicos sobre a formação de novas substancias pela luz ultravioleta e pelo calor e seu comportamento toxicológico na água depositada por longo tempo nessas cisternas.

Se o pessoal dos organismos multilaterais das Nações Unidas, Banco Mundial e governos fossem mais inteligentes criaria no crédito de instalação habitacional-cisterna de placas a obrigação de recuperação das micro bacias hidrográficas re-vegetação/reflorestamento com algodão arbóreo, ou árvores frutíferas sertanejas ou de múltiplos propósitos como quebra-vento em uma “silvicultura social” como fazem os indianos há pelo menos três milênios para a dinâmica do ciclo da água.

Minhas sugestões para as organizações nordestinas:
1.            Consigam o Livro Futuro Roubado ou Nosso Futuro Roubado (é um só com dois títulos);
2.            Leiam e discutam-no e preparem um cordel;
3.            Encenem uma peça teatral com os movimentos sociais;
4.            Criem um Núcleo de Debate com estudantes secundários para multiplicarem o entendimento social;
5.            Apoio as paróquias para que os párocos usem essa leitura em suas ações evangelizadoras;
6.            Levem aos interessados subsídios para que eles conjuntamente transformem em vetores de políticas públicas regionais.

Para a elite acadêmica: Este texto é elaborado em contraponto à “Teoria Matemática da Tecnologia” da Max Mason e Warren Weaver (reservado da Rockefeller Foundation, 1949) & Plano America 2050 da mesma fundação (1996), que pode ser lido em inglês no site do NEA/ITCP UFRGS.

Quando estávamos terminando as obrigações e se preparavam baixou o esculápio Cipriano Barata, circunspecto, sem cerimônias e taciturno determinou: Vocês não disseram, mas a pior ameaça é de próprios candidatos do governo que já estão instalando cisternas de plástico até em brejo, nem tão prioritário (São Sebastião da Roça/PB) e isso vai se alastrar desmoralizando o Sertão e prostituindo os sertanejos. Sorridente e experiente assinalou: Essa luta é missão em Aruanda.
Ele puxou o último canto:
“Com licença de Oxalá é Vovó Roza que vai saravá”
“Com licença de Oxalá é Vovó Roza que vai saravá”.


O perfume de Alfazema inundou o congá.

sábado, 12 de outubro de 2013

Um sábado sem sol nem chuva... mas muitas ideias

Dizem que vai chover, mais nem uma gota. Sol, nem pensar. Tanto faz, devo ficar em casa por esse sábado, se nada ocorrer de inesperado. Introspecção é necessária. 

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Le ballon rouge

Além de plasticamente lindo, o filme é uma viagem no tempo, sob o imaginário da criança, em contraste com da descolorida vida adulta. O menino parece mesmo dar vida ao balão, em um diálogo surreal de identificação recíproca: travesso, livre, rebelde, fiel e puramente solidário - inclusive na descoberta da diferença e do perigo. Um texto poeticamente visual, em 30 min de magia intensa. Uma Ode ao belo por meio do espírito sensível para animar o inanimado, e por ele atingir a própria transcendência ao mundo dos sonhos. Me senti cruamente contemplado nas minhas "descobertas" e proibições de infância. Achado precioso de Wladymir Ungaretti (Face).



"Le Ballon rouge is a 1956 fantasy featurette directed by French filmmaker Albert Lamorisse. The 34 minute short, which follows the adventures of a young boy who one day finds a sentient, mute, red balloon, was filmed in the Ménilmontant neighborhood of Paris, France. It won numerous awards, including an Oscar for Lamorisse for writing the best original screenplay in 1956 and the Palme d'Or for short films at the 1956 Cannes Film Festival." - Via Youtube.

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Filmes sobre Gêneros

Escolhemos uma lista de 15 filmes que consideramos ilustrativos para a formação de feministas (ou simplesmente pessoas que gostam de bom conteúdo cinematográfico), quase todos com links para que as leitoras possam assistí-los gratuitamente, em sites que desponibilizam o serviço. A lista é composta por alguns filmes amplamente conhecidos, e outros nem tanto, realizados por mulheres (e feministas) ou que contenham temas abordados em textos do MAÇÃS PODRES. Também deixamos aberto um espaço para que as demais maçãs podres possam dar sugestões de outros filmes. Aqui.

sexta-feira, 11 de outubro de 2013

Temperaturas

Dias quentes começaram para valer, mesmo com intervalos de baixas temperaturas, como é comum no clima sulista. Muda a temperatura muda nossos humores, ou não - para quem administra a vida sob algum equilíbrio. O fato é que a sociedade, seus modos de vidas e hábitos estão vinculados fortemente ao estado natural do Planeta. Daí porque falar no tempo é algo que se tornou tão importante. Para mim, ultimamente, importa mesmo o clima interior. Sem querer ser piegas, nunca isso tinha sido tão importante em minha vida como por esses tempos que vivo. Que venha o Sol, a cada dia mais brilhoso, lá de dentro. E se a chuva tiver que sair pelos meus olhos, que seja para brilhar no amanhã um verão mais poético e cheio de realizações, a cada dia.

quarta-feira, 9 de outubro de 2013

As corporações

Vejo na TV na primeira hora da manhã que uma “Grande Rede de Supermercados” contrata em cargos de relativa importância e paga “até R$ 800,00”. Pela localidade, dá para concluir qual é a Rede, realmente gigantesca. Qual o motivo do anonimato, o salário, tão alto, certamente não deveria motivar isso. O documentário The Corporation aborda a dimensão viva que adquirem essas organizações, a ponto de se tornarem uma espécie de organismo vivo, com dinâmica, imagem, estilo e métodos. Nota-se, a partir de fatos como esse anonimato referido, que a falsidade também é uma dessas qualidades humanas adquiridas pelas corporações.

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Poema para uma ativista, por Tau Golin.

ANA PAULA



Ana Paula solitariamente numa jaula,
no circo da magistratura da Rússia
enlutou meu coração desencantado,
feriu meu silêncio, agrediu minha culpa,
estar distante, confortavelmente abrigado,
acordando feliz com o canto dos sabiás;
enquanto Ana Paula, bichana meiga
e delicada, exposta à sandice bárbara
da repressão dos herdeiros da KGB.
Ana Paula não pode sentir meu hálito
com palavras estaiadas em seu gesto
simples de quem cuida nossa maloca
planetária, em busca do habite-se
em um ecossistema sustentável.
Ana Paula não pode ver meus olhos,
minhas lágrimas envergonhadas;
sofro apenas ameaças de punguistas,
pequenos golpes no troco das compras,
sequer o colapso de amor não correspondido,
ou o atropelamento de motorista desvalido.
Teme-se uma gripe no Rio Grande do Sul
pela mudança de temperatura, vento encanado,
enquanto Ana Paula, presa em uma jaula na Rússia,
esbofeteia com seu toque de pluma
o acomodamento classe média do mundo,
o consumo conivente dos eunucos da vida.
Queria abraçá-la com a ternura inversa
dos sádicos que postulam quebrá-la
no confinamento e no vexame criminoso.
Amo-a como o vento adora sua Pirata
da liberdade, a brisa a sua borboleta
de arco-íris, a lua como o orvalho
sereno adornado em sua pele lúdica,
o horizonte seu olhar de plenitude,
as flores as manhãs de primavera.
Desde meus sete palmos de segurança
projeto-me para a tela dos olhos fixos
de Ana Paula, sem ser uma imagem,
apenas a água da vida para umedecê-los
com o beijo de minha saliva solidária,
o encanto do meu coração experimentado,
o antídoto da cegueira pestilenta da terra.
Ana Paula está exposta em uma jaula
na Rússia, no Japão, no Congo, em Cuba,
em Passo Fundo e em Porto Alegre,
os verdugos ejaculam as babas das bestas.
Mas, misteriosamente, Ana Paula está só
e resiste em sua fortaleza delicada e humana,
vertical, como a flor que criou cerne
de madeira de lei encravada na pampa;
olhar das imensidões, enraizado em pétalas.
Estava só, abstratamente filosófico,
teórico e contemplativo no reduto da alma.
Ana Paula deu-me o sopro da vida cotidiana,
Reascendeu em mim a poética da existência
as energias de Hefesto e Ogum, deuses da forja,
para lançar-me contra as barras de ferro da jaula

que aprisionam a pirata enclausurada Ana Paula.

terça-feira, 8 de outubro de 2013

Questões de Mídia e Democracia

Enquanto as novas configurações eleitorais confundem os mais leigos sobre o significado de ser Esquerda ou Direita hoje - antagonismo cuja falácia de superação só é equivalente a da imparcialidade da Mídia - surgem algumas pistas para a revelação dos disfarces discursivos nessa dicotomia. É fácil notá-las a partir da observação das opções, relações e agregações entre atores, empresas e partidos.

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MARCO REGULATÓRIO NA MÍDIA, TÁ AÍ UMA BANDEIRA QUE MERECIA SER ASSUMIDA. Todavia, para concretizar essa conquista é preciso uma ampla aliança de forças democrático-populares que garantam e sustentem um modelo que substitua essas máquinas capitalistas de comunicação em prol de um sistema democrático, plural e monitorado pela sociedade civil. Enquanto isso deixa de ocorrer, prossegue o círculo vicioso entre microfones, câmeras e palanques.

"Em entrevista, o jurista Fábio Konder Comparato fala sobre a necessidade de efetivação dos mecanismos de participação direta, os entraves para a democratização da comunicação no Brasil e o poder das oligarquias na sociedade brasileira. Na entrevista, o jurista é enfático ao defender um marco regulatório urgente para a comunicação no Brasil". Texto e imagem do FNDC. Reportagem completa aqui


segunda-feira, 7 de outubro de 2013

Vidas e Rumos e Sementes

Estamos sempre sob mudança, ainda que geralmente pouco se damos conta disso. Mas tem vezes que há mudanças mais radicais que se operam, as que parte de nosso íntimo e tem a ver com a transformação estrutural de hábitos e atitudes, em prol de uma forma mais saudável de vida (assim se crê). Já passei algumas vezes por esses momentos. E acredito que estou agora novamente o enfrentando. Coincide isso, noto claro, com uma transformação operada também no País, no sentido de ampliar sua sensibilidade contra o preconceito gratuito e de se indignar contra as injustiças em voga. Isso tem ocorrido, é fato. Mas algumas transformações tem apenas cara de mudança, e no fundo pouco ou nada representam, apenas a face de uma mesma coisa. É o caso da entrada da ex-ministra Marina Silva no PSB. Ela, que se mostrava como uma alternativa a política tradicional, ao ingressar em um partido de caciques, cai em uma brutal contradição. Veremos o que dá nisso. De minha parte, a minha transformação, íntima, acredito por mais profunda, ou pelo menos sincera.

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A Rede de Sementes do Xingu é "uma rede de trocas e encomendas de sementes de árvores e outras plantas nativas da região do Xingu, Araguaia e Teles Pires, e promovemos os conhecimentos locais sobre uso e recuperação das florestas e cerrados do Mato Grosso". Confira o site dessa organização aqui.

domingo, 6 de outubro de 2013

Mais literatura libertária

Baixe grátis dezenas de livros anarquistas e obras libertárias de diversos autores, como:

- Leon Tolstói
- Errico Malatesta
- Buenaventura Durruti
- Emile Henry
- Mikhail Bakunin
- José Oiticica
- Emma Goldman
- Daniel Guérin
- Voltairine de Cleyre
- Pierre Joseph Proudhon
- Guy Debord
- Piotr Kropotkin
- George Woodcock
- Aldous Huxley
- George Orwell
- Rob Sparrow
- Domingo Passos(O Bakunin brasileiro)
- Hakim Bey
- Paulo Freire
- Foucault
- Etienne de la Boétie
- Herbert Read
- Henri Thoreau
- Noam Chomsky
- Eduardo Galeano
- Avelino Fóscolo
- Murray Bookchin

 Link para baixar os livros aqui.

Reproduzido do perfil Anarquismo - Liberdade, via Sociedade Sem Prisões (Face).

sábado, 5 de outubro de 2013

Sobre greves e seus atores

A GREVE ABALA A TODOS, DIARIAMENTE. MAS É PRECISO CLAREZA SOBRE AS RAÍZES DA QUESTÃO QUE ESTÁ PARA MUITO ALÉM DOS TRABALHADORES. UMA SOLIDARIEDADE CONSTRUTIVA, SERIA MAIS SAUDÁVEL QUE O EGOÍSMO APRESSADO, ACREDITO EU, QUE NÃO SOU BANCÁRIO.



"O trabalho bancário, tal qual como está estruturado é uma máquina de moer carne, destruindo não apenas tendões e túneis de carpo, mas e principalmente, a saúde psíquica do trabalhador bancário. Medo, desencorajamento, desinteresse pela vida, pânico, angústia, tristeza profunda, são apenas alguns nexos que se iniciam na moagem do cérebro e que culminam na somatização de doenças várias que se manifestam no corpo do trabalhador bancário. Hoje, os bancos não querem mais apenas o corpo do bancário, mas buscam apossar-se de suas mentes, extraindo mais valia braçal e também psíquica (Trecho de Teatro de Sombras - Relatório da violência no trabalho e apropriação da saúde do trabalhador bancário, lançado em 2011 pelo Sindibancáirios, P. Alegre. A obra está disponível para baixar aqui.

sexta-feira, 4 de outubro de 2013

Horta Orgânica

Curso Horta Orgânica

Reproduzido do Arquitetura Sustentável

"Nada melhor do que aprender a fazer as coisas com suas próprias mãos (e ferramentas). Se essa atividade ainda deixar sua vida e a de sua família mais saudável, fica ainda melhor. O pessoal da Borellistudio disponibilizou em seu canal no youtube um curso com 10 lições que mostram como plantar, cultivar e colher verduras e legumes de uma horta que você pode fazer em casa.

As hortas em espaços pequenos tem se tornado cada vez mais comuns e vem ganhando espaço nos grandes centros. A população está adotando hábitos mais sustentáveis e saudáveis e a tendência é aumentar. Cada aula, com duração de 30 minutos tira todas as suas dúvidas sobre como deixar sua vida mais saudável e sua casa mais verde de forma simples e prática. Tudo isso sem sair de casa!

Assista às aulas que estão disponibilizadas aqui mesmo no Arquitetura Sustentável e deixe seu curtir!"




















Novas redes, estranhas pessoas

As chamadas "Redes de Relacionamento" poderiam se chamar, mais adequadamente "Redes de Distanciamento", considerando o avançado nível de dispersão e indiferença com que seus usuários exploram as relações sociais nesses espaços virtuais.

quinta-feira, 3 de outubro de 2013

Arte e Vida, duas pontas do mesmo existir

Tenho uma colega de trabalho que costuma dizer que a vida estraga, ou prejudica a arte. Tenho uma tese semelhante, mas um pouco mais complexa: a arte e a vida se confundem - por que a arte é a vida em representação e a vida é a arte de perseguir-se.

quarta-feira, 2 de outubro de 2013

Papagaios em voos rasos

Ao transitar próximo a minha residência, noto os papagaios em árvores baixas. Mal sinal. Os João de Barro também andam se acumulando em árvores vulneráveis a ação de caçadores, que pegam aves para comercializar. Ontem mesmo vi um eucalipito sendo decepado por conta de uma poda irregular. Temo que a rica biodiversidade e aves que há por aqui seja comprometida em pouco tempo pela ignorância ou egoísmo (dá no mesmo). Os humanos tem dificuldade de conviver com a diferença, pelo menos sob a cultura hegemônica que vivemos. 

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JÁ HAVIA ASSISTIDO VÁRIOS FILMES SOBRE O CHILE PRÉ E PÓS ALLENDE, mas Machuca apresente o mundo de sombras que cercou aquele País nos anos 70 de uma forma especialmente lírica e sutil: Pelo olhar da infância, convida-nos a uma viagem de memórias e reencontros com nosso próprio passado (?!). Um belo filme para compreendermos um pouco mais as contradições que ainda vicejam nessa subjetividade de medo e covardia que sustenta o autoritarismo - entre o Estado e os Indivíduos. Parabéns ao Comitê Latino Americano pela iniciativa do filme-debate.


terça-feira, 1 de outubro de 2013

Nascimentos

Nascer, já li em algum lugar, é mais do que vir ao mundo. Pode ser também uma descoberta ou re-descoberta de si, por meio de um caminho novo que se abre. Desconfio que esse momento anda passando em minha vida.
Por outro lado, é também confirmativo que morrer pode ser muitas variadas forma de inexistir, para além da questão física. Deixar de acreditar em sí, por exemplo, é um tipo de morte. Outra é optar por ignorar as possibilidades abertas em meio ao clima de sombra que nos circula.
Em ambos casos, viver ou morrer é um caminho de muitos interlocutores e ambiente, mas que cuja a decisão final depende estritamente do impulsionamento que CADA UM, pessoalmente, dá a sua existência. *******************************************************
"eles compartilham o desejo de permanecer no Brasil e de não trabalhar na costura.".


"A Pastoral do Imigrante estima que a população de bolivianos em São Paulo esteja entre 50 e 200 mil habitantes (dado que não pode ser comprovado porque muitos estão em situação irregular). A grande maioria trabalha em oficinas de costura existentes em toda a cidade, mas que se concentram em bairros centrais como Brás e Bom Retiro. A comunidade boliviana é tida como a maior comunidade de latino-americanos residentes no Brasil. Em 2010, quando o Governo Lula concedeu anistia aos imigrantes ilegais do país, dos 42 mil pedidos de naturalização, mais de 17 mil eram de cidadãos bolivianos." - Trecho da reportagem "100% Boliviano, Mano", no Brasil de Fato.

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ALTERNATIVAS ESTRUTURAIS AO COLAPSO. 


Foto e Texto da Carta Capital.

"Ao escrever, na semana passada, sobre o sistema chinês de trens de alta velocidade, a correspondente do New York Times, Keith Bradsher, não escondeu sua admiração. Apenas cinco anos depois de inaugurada, relatou, a rede já tem quase dez mil quilômetros. Serve mais de cem cidades. O número de passageiros transportados — 54 milhões por mês — já é duas vezes maior que o de usuários dos aviões. As viagens são confortáveis, silenciosas, extremamente pontuais. O serviço atrai tanto executivos quanto operários. O preço das passagens não oscila ao sabor do mercado: políticas públicas definiram que elas deveriam custar, desde o início, no máximo metade das tarifas aéreas. Não sofreram reajustes, desde então. Como os salários industriais duplicaram, o serviço tornou-se cada vez mais popular. Os trens trafegam quase sem assentos vazios. Em Changsha, metrópole emergente no sudeste do país, de onde a repórter escreveu, a estação já tem 16 plataformas, e está sendo duplicada."


Leia a íntegra de "Crise global: a alternativa da China e o que ela diz ao Brasil", novo texto de Antonio Martins para o OutrasPalavras.