segunda-feira, 27 de outubro de 2014

Provocações de Tião - Vizinhos estranhos

Sebastião Pinheiro*

Duas eleições presidenciais entre vizinhos, mas diametralmente antagônicas. Uma alegre, cheia de bandeiras às janelas e automóveis identificados em ambiente cordial de festa cidadã; Na outra há silencio, vergonha e raríssimas bandeiras às janelas ou nas ruas e poucos carros identificados, ambiente de velório cívico e escaramuças mercenárias.

Por que isso, se em ambos os países a mesma ideologia está no poder há mais de uma década? É que em um deles grassa denúncias de corrupção, com tal intensidade que, grande parcela da população consciente titubeia e “deseja mudança”, mesmo quando essa solução é o retorno da encardida elite de outrora de tratamento privilegiado aos bem nascidos.

Não há como comparar o nível de cidadania entre a minúscula “Suíça da América do Sul” e o da poderosa oitava economia do planeta que se orgulha de ter um quarto de população ou cinco Uruguai vivendo de “bolsa social” e planeja ampliar o número de beneficiados, sem construir cidadania, apenas consumidores.

O esdrúxulo é a ameaça com a opção inesperada ou a intranqüilidade com o resultado almejado, pois paira sobre a cidadania a mácula de contaminação do governo. Turbulência comprometedora em momento de crise internacional muito além da estabilidade econômica e de grande repercussão social.

Felizmente, eu tenho “complexo de vira-lata” e vou sufragar do fundo do coração: Tabaré Vasquez para consolidar a obra do presidente José Mujica que, depois de quinze anos de torturas na prisão, não defraudou nos quatro anos de governo nem em um segundo seus correligionários e compatriotas opositores.

É minha gente, dignidade e competência não se adquirem em farmácias ou supermercados.





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Engenheiro Agrônomo e Florestal, ambientalista e escritor

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