Sebastião Pinheiro*
Há coisas que é preciso dizer ao Brasil e não ao coração. O
país está contrito em meio à polarização (externamente) induzida e conduzida do
“bem” contra o “mal” e vice versa, afinal é o quinto acidente no país em menos
de 15 anos, três no mesmo ecossistema.
Saibam que esse era um tema florestal,
quando não existiam engenheiros ambientais. Ele é muito difícil quando os
rejeitos de mineração (taillings minning ore) estão em áreas áridas, pois a
melhor de todas as medidas são a re-vegetação florestal, que pelo clima fica
bem mais complicada em zonas áridas e semi-áridas, típicas de países mineiros.
A maioria das separações de ganga usam água, o
reaproveitamento da mesma é usado para a atividade de plantio florestal,
inviabilizado e encarecido sem ela. Em Broken Hill, na Nova Gales do Sul, na
Austrália há uma montanha belíssima feita e urbanizada pela competência humana,
pois lá há mais duas coisas fundamentais Estado e Sociedade (Governo).
Os maiores desastres internacionais foram nos EUA na
Virgínia do Oeste, em Buffalo Creek Flod vitimou 125 trabalhadores, em
Fevereiro de 1972 quando o inspector federal declarou que a barragem era segura
4 dias antes de seu colapso. Já no desastre ambiental de Ok Tedi na Nova Guiné
contaminou a bacia pesqueira, mas não significou 10% do crime impune em Mariana
na maior bacia pesqueira do país no Espírito Santo/Rio de Janeiro.
Quem trabalha com solo e agricultura camponesa deve ter
ficado intrigado com a coloração escura quase negra da massa de alude de lama
que deslizava no leito do Córrego do Feijão, quando assistia a exaustiva e
“doutrinadora” apresentação jornalística da TV brasileira de muito
sensacionalismo e pouca informação. É constrangedor ver professores,
cientistas, especialistas não afeitos entrevistas, serem obrigados a responder
coisas descabidas quando não “enche lingüiça” ou idiotices.
Intrigou-me a cor negra da lama dos rejeitos e o que pode
indicar? A riqueza de Enxofre na forma de sulfetos (FeS e Fe2S)? Quanto de
Carbono da redução há no perfil do rejeito na barragem e como ele se comporta
na presença do Enxofre em suas diversas combinações com Oxigênio em sua
microbiologia? Tem participação na instabilidade no perfil da barragem
(sobrelevada à montante)?
O peso da nova carga atua sobre o ambiente oxidante o
transforma em redutor, principalmente quando há carência de chuvas, com menor
lavado e drenagem dos gases sulfídricos? Isso tem importância?
Em geoquímica de rejeitos de Ferro (pirita) em área úmida
como a Mata Atlantica (Brumadinho é o carinho da mineirice), talvez seja um
lugar muito especial para o estudo e desenvolvimento de uma microbiologia
especial que permitiu ao mundo dominar a metagenômica.
A wiki diz: "O efluente dos rejeitos da mineração de
minerais sulfídicos tem sido descrito como "o maior passivo ambiental da
indústria de mineração".
Estes rejeitos contêm grandes quantidades de pirita
(FeS2) e sulfeto de ferro (II) (FeS), que são rejeitados dos minérios de cobre
e níquel, bem como carvão. Embora inofensivos no subsolo, esses minerais são
reativos ao ar na presença de microrganismos, levando à drenagem ácida de
minas".
Qual o perigo do Yellow Boy (foto), sobre isso jamais a
amarela-castanha, quase marrom, TV brasileira vai tratar. Ela quer outra coisa e
isso tem muito cretino alimentando na polarização política entre o bem e o mal.
Ela semeia o medo, o ódio para ocultar o não recolhimento de impostos e
granjear perdão.
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*Engenheiro Agrônomo e Florestal, ambientalista e escritor.
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