segunda-feira, 30 de setembro de 2013

Rumos, Orientações e dicas culturais

Uma semana a mais e muitas perspectivas. A gente aprende com o tempo a ficar mais cauteloso nos passos a dar, isso previne de maiores frustrações em função de expectativas mal correspondidas. 

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7 sucos de legumes

Reproduzido do Minha Vida

POR LAURA TAVARES - ATUALIZADO EM 09/08/2013


O que você faria se alguém te oferecesse um suco de maçã com couve? E um de melancia com salsão? Provavelmente a sua reação seria bem menos receptiva do que se dentro do copo houvesse apenas a maçã ou a melancia. Entretanto, essas misturas têm diversos nutrientes que se complementam, contribuindo para uma dieta balanceada e para a prevenção de diversas doenças, como câncer. Por isso, reunimos sete opções de sucos de frutas com verduras e legumes que, além de saudáveis, têm grandes chances de fazer você mudar de opinião sobre essa combinação: Aqui.

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Mostra Cinema Argentino Contemporâneo
Nos últimos anos o cinema argentino vem passando por um processo de maturação que o torna capaz de aventurar-se em novas formas e gêneros – que até agora tinham sido pouco explorados – e a habitá-los com desenvoltura de quem já tem experiência. Assim, consegue realizar uma reflexão mais inventiva e original de uma sociedade que sempre foi apaixonada pela ficção, por contar histórias e pela contemplação documentada de si mesma. Nesta seleção de filmes trazemos o percurso de alguns destes novos olhares. Alguns cineastas – sobretudo jovens cineastas – com propostas ousadas; outros, originais; ou alguns que, mesmo sensíveis aos cânones clássicos da narrativa visual, buscam frescor nas escolhas estéticas e técnicas. Fazem parte desta seleção longas, curtas-metragens e documentários de diferentes níveis de produção. Alguns deles foram premiados internacionalmente e, outros, pertencem ao mundo independente dos artistas emergentes que produzem com recursos limitados. Os últimos são representantes de um fenômeno da produção em massa que se consolida na Argentina. Durante todo o mês de outubro, a Sala Redenção – Cinema universitário apresenta uma seleção de filmes, muitos deles – na sua grande maioria – ainda não lançados no Brasil. Um momento especial para a Sala Redenção, e mais especial ainda para seu público. 

Tânia Cardoso de Cardoso, Victoria Irisarri e Andrés Testagrossa, curadores.

Confira programação aqui.


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Agenda musical em Porto Alegre. Foto e Texto reproduzidos de Juarez Fonseca.



AGENDA MUSICAL DE PORTO ALEGRE
@ Roteiro da primeira semana de outubro, com 23 (!!!) inserções novas. Nas fotos, Marcelo Fruet e Os Cozinheiros, Midian Almeida e a banda Cuscobayo.

►TERÇA, 1° de OUTUBRO
■ SARAU AMIGOS DA ALICE – Meme Santo de Casa (Lopo Gonçalves, 176), às 19h30. O duo de violões Batuque de Cordas (Vinicius Silveira e Cláudio Veiga), o cantor e compositor Cristiano Hanssen e outras atrações participam deste encontro de arrecadação de fundos para o jornal Boca de Rua, editado pela Alice (Agência Livre para a Informação, Cidadania e Educação) e vendido por moradores de rua da cidade. No local também ocorre uma feira de arte e fotografia. Ingresso 15 reais. Infos 3019-2595.
■ MELODY e MIDIAN ALMEIDA – Teatro Renascença (Erico Verissimo, 307), às 20 horas. Mais uma dose dupla no projeto Sons da Cidade. A banda Melody foi formada em 2010 pelas irmãs cantoras Taisi, Maitê e Alina Cunha, com os amigos Guiza Ribeiro na guitarra, Bilo no baixo e Cacá Lazzari na bateria. Fazem pop-rock. O pop, mas pautado pela MPB, é a praia da cantora e compositora Midian Almeida, que começou a carreira em 1993, cantando em bares do Vale do Sinos. Depois de atuar com Oswaldo Montenegro e viver alguns anos na França, lançou o primeiro disco em 2009. Ingresso vale um quilo de alimento.
■ SARAU ELÉTRICO – Bar Ocidente (João Telles esquina Osvaldo Aranha), às 21 horas. “Leitora emérita” de Marcel Proust, a jornalista Claudia Laitano é a convidada do Sarau para falar do escritor francês e de sua obra “Em Busca do Tempo Perdido’, cujo primeiro volume está completando 100 anos. Com o time de sempre, Claudia Tajes, Claudio Moreno, Kátia Suman e Luís Augusto Fischer, com canja musical de Celina Fernandes. Ingresso 15 reais. Infos 3312-1347.
■ CUSCOBAYO – Paraphernalia Bar (João Alfredo, 425), às 21 horas. Sensação em Caxias do Sul, onde foi criada em 2012, a banda faz um mix autoral de música gaúcha, MPB, folk, rock e reggae. Tem Alejandro Montes de Oca (trompete), Rafael Froner (violão), Marcos Sandoval (cajón), Renan Alexandre (percussão) e, único que não canta, Lourenço Golin (baixo). Ingresso 10 reais. Infos 3221-5225.

►QUARTA, 2 de OUTUBRO
■ 2ª LLAMADA CANDOMBERA – Diversos locais, e vários horários de 2 a 5 de outubro. Projeto de integração cultural RGS-Uruguai coordenado por Lucas Kinoshita. Na Casa de Cultura Mario Quintana: dias 2, 3 e 4, das 10h30 às 12h30, oficinas de dança com Mazumbambera Ramírez; dia 5, às 16 horas, palestra “Candombe – Herencia africana em Uruguay”, com Oscar Montaño, historiador, ativista e difusor da cultura afro-uruguaia. Nos mesmos dias, oficinas de dança, percussão e construção de tambores de candombe nos pontos de cultura Afro-Sul Odomodê/Jardim Botânico e Quilombo do Sopapo/Cristal, com Diego Paredes e Alejandro Villano. Informações completas em www.tamborearte.com e em www.donaflorcomunicacao.com.br.
■ GRUPO AQUARELA – Salão de Atos da UFRGS (Paulo Gama, 110), às 14 e às 16 horas. O já conhecido grupo dedicado ao público infantil apresenta seu segundo espetáculo, “Nessa Festa tem Bagunça!”. Com Fredi Bessa (voz, violão, guitarra), Clarissa Mombelli (voz, violão, escaleta), Pedro Metz (bateria, percussão) e Tiago Teimoso (baixo, apitos). O show integra o projeto Som no Salão. Mais de dois mil escolares já estão confirmados pelas escolas de Porto Alegre. Grátis.
■ LOURDES RODRIGUES – Centro Municipal de Cultura (Erico Veríssimo, 307), às 18h30. A Dama da Canção do RGS, mais de 50 anos de carreira, é a segunda atração do “Sarau Bar do Lupi”. Acompanhada pelo jovem Mathias Pinto ao violão, Lourdes canta músicas de Lupicínio (que a considerada uma de suas maiores intérpretes) e clássicos atemporais da MPB. Promoção da Secretaria Municipal da Cultura, com entrada franca.
■ JULIANA ROSENTHAL – Café do SESC Centro (Alberto Bins, 665), às 19 horas. Um dos destaques da nova geração de músicos porto-alegrenses, a cantora, compositora e instrumentista faz o show “Meu Canto, Meu Cavaquinho”, acompanhada pelo grupo de Elias Barboza. Músicas dela e de suas admirações, como Lupicínio, Túlio Piva e Darcy Alves. Entrada franca.
■ ANGÉLICA RIZZI – Bar do Centro Cultural CEEE Erico Veríssimo (Rua da Praia, 1223), às 19h30. Mais uma edição do Sarau Poetas Iluminadas, desta vez homenageando a carioca Ana Cristina César, nome marcante da geração 1970/80, autora de uma obra que seduz pelo tom confessional – e que se suicidou aos 31 anos, em 1983. Acompanhada ao violão por Diego Costa, Angélica também canta músicas de seus dois discos e de outros autores. Entrada franca.
■ CABEÇA DE LATA – Sala Álvaro Moreira do Centro Municipal de Cultura (Erico Veríssimo, 307), às 20 horas. Show de lançamento de “O Segundo Primeiro”, segundo disco da banda porto-alegrense liderada por Alexandre Oliveira (vocal, guitarra, teclado, ukulele, bandolim), conhecido cartunista do Diário Gaúcho. Com Will Vieira (vocal, guitarra), Marcelo Barude (baixo, harmônica) e Julio Giuliani (bateria, teclado), mais convidados Nescau (trompete), Índio (trombone) e Leandro Nunes (sax). E as participações especiais de Oly Jr., Adrielle Gauer e Ton Alves. Ingressos de 7,50 reais a 15 reais (com direito ao CD).

►QUINTA, 3 de OUTUBRO
■ MARCELO DELACROIX – Centro Cultural Palacinho (Cristóvão Colombo, 300), às 19 horas. Primeira apresentação na cidade do show em formato de trio de cordas já levado a cidades do interior por Delacroix (voz, violão), Beto Chedid (violões, viola, bandolim, cavaquinho, charango, vocal) e Nicola Spolidoro (guitarra, violões). Mo roteiro, músicas dos dois discos dele e canções de Carlinhos Hartlieb e do uruguaio Dany López – com quem está lançando o álbum “Canciones Cruzadas”. Entrada franca.
■ DEMÉTRIO XAVIER – Café Fon Fon (Vieira de Castro, 22), às 20h30. O apresentador de “Cantos do Sul da Terra”, um dos programas de maior audiência da FM Cultura, estreia a série “Canto del Guitarrero”, sempre na primeira quinta-feira de cada mês. Violonista e cantor há 30 anos dedicado ao cancioneiro hispano-americano, particularmente à música criolla do Prata, Demétrio leva o show em clima de penha folclórica, “com algo de charla, de causo, de história e reflexão a respeito da cultura da região”. Infos 9308-0285.
■ SARAU DO CLUBE DA MPB – Meme Santo de Casa (Lopo Gonçalves, 176), às 20h30. Todas as quintas-feiras o Clube da MPB se abre à participação de compositores, instrumentistas e cantores amadores ou profissionais. Os encontros são conduzidos pelos músicos Alexandre Rodrigues (violão) e integrantes da Banda do Clube. Samba, bossa nova, choro e baladas são a trilha sonora do projeto idealizado por Maíra Baumgarten. Ingresso 12 reais. Infos 3019-2595.
■ HUMBERTO GESSINGER – Auditório Araújo Vianna (Osvaldo Aranha, 685), às 21 horas. Estreia o show de lançamento de “Insular”, primeiro álbum dele como artista solo e primeiro de inéditas em dez anos – tempo em que deu por encerrada a trajetória de 30 anos dos Engenheiros do Hawaii e depois formou com Duca Leindecker o duo Pouca Vogal. Entre as novas músicas, estão parcerias com Bebeto Alves e o próprio Duca. HG resume: “Acho que Insular está entre os discos mais misteriosos que gravei, cheio de detalhes, várias camadas, ligações entre as músicas, coisas que o pessoal vai descobrindo aos poucos. Não esperei dez anos para gravar um disco que ficasse velho em quinze minutos”. Tocando baixo, teclado, acordeom e harmônica, ele terá ao seu lado no palco Rodrigo Tavares na guitarra e Rafael Bisogno na bateria. Ingressos de 70 a 150 reais nas lojas My Ticket (Andradas 1425, Padre Chagas 327), em www.ingressorapido.com.br (4003-1212) e bilheteria do Teatro do Bourbon Country.
■ MARCELO FRUET e OS COZINHEIROS – Bar Ocidente (João Telles esquina Osvaldo Aranha), às 22 horas. Em meio ao sucesso da turnê de lançamento do álbum “Aión” pelo RGS, Fruet faz o lançamento do clipe da música “Saiba Que”. O disco, você deve saber, recebeu cinco indicações ao Prêmio Açorianos; e a banda já andou pelos Estados Unidos pela segunda vez este ano. Com Nicola Spolidoro na guitarra, Leonardo Brawl no baixo, André Lucciano na bateria e Lúcio Chimamovich nos violões. Ingresso 20 reais. Infos 3312-1347.
■ TRIBO DE JAH – Opinião (José do Patrocínio, 834), às 23 horas. A banda maranhense de reggae retorna ao palco em que fez alguns de seus melhores shows e conquistou público fiel na cidade. Desta vez, o principal motivo é fazer o pré-lançamento do próximo disco, “Pedra de Salão”, que seguirá difundindo mensagens de paz e amor, políticas sociais e espirituais. Fauzi Beydoun (voz, guitarra), Neto Enes (guitarra), Aquiles Rabelo (baixo), Frazão (teclado) e João Rodrigues (bateria) convidaram os gaúchos da Rutera para abrir a noite. Ingressos de 35 a 45 reais nas lojas Multisom e em www.opiniaoingressos.com.br. Infos 3211-2838.
■ LICO SILVEIRA – Paraphernalia Bar (João Alfredo, 425), às 23 horas. O cantor e compositor estreia o show “O Jardim”, com uma seleção de músicas próprias e sucessos da MPB ao rock. Com Renato Carvalho na guitarra, Alex Barreto no baixo e Rodrigo Massia na batera. Ingresso 10 reais. Infos 3221-5225.

►SEXTA, 4 de OUTUBRO
■ NICO NICOLAIEWSKY – StudioClio (José do Patrocínio, 698), às 21 horas. O cantor e compositor abre novo palco para o show “Música de Camelô”, projeto paralelo que vem apresentando há vários anos entre o RGS e São Paulo. Acompanhando-se ao piano, Nico reinventa canções populares conhecidas por todos, como “Ai Se Eu Te pego”, “Ana Júlia”, “To Nem Aí” e “Maluco Beleza”. Ingressos de 40 a 70 reais na bilheteria e em www.studioclio.com.br. Infos 3254-7200. Em cartaz também no dia 5.
■ NENUNG e MYLA HARDIE – Casa Cultural Tony Petzhold (Cristóvão Colombo, 400), às 21 horas. Em noite pop, o projeto Casa Acústica apresenta o cantor e compositor gaúcho e a cantora e compositora norte-americana radicada em Porto Alegre. Cada um fará um set próprio, juntando-se ao final. Convidados especiais: Carlos Panzenhagen (guitarra), Felipe Rangel (baixo) e Duda Guedes (bateria). Ingresso 15 reais. Infos 9237-2591.
■ SKANK – Auditório Araújo Vianna (Parque Farroupilha), às 21 horas. Há quatro anos sem se apresentar em Porto Alegre, a banda mineira de Samuel Rosa traz o show relativo ao DVD “Multishow ao Vivo – Skank no Mineirão”, com vários sucessos e músicas novas. Ingressos de 80 a 200 reais em www.ingressorapido.com.br (call center 4003-1212), Telentrega Ingresso Show 8401-0555, Lojas My Ticket (Andradas, 1425, Padre Chagas, 327) e bilheteria do Teatro do Bourbon Country.
■ RICARDO SEFFNER – Meme Santo de Casa (Lopo Gonçalves, 176), às 21 horas. Acompanhado ao piano por Marcelo Libel, o cantor passeia pela modernidade da MPB e do pop brasileiro em músicas de Tiago Iorc, Mariana Aydar, Ana Cañas e de Vitor Ramil. Em cartaz em todas as sexta-feiras de outubro. Ingressos 10 e 20 reais. Infos 3019-2595.
■ PENTEFYNO – Paraphernalia Bar (João Alfredo, 425), às 22 horas. Alexandre Dias (voz, guitarra), Maurício Ribeiro (voz, violão), Joca Ribeiro (trompete), Rodrigues (baixo) e Junior (bateria) formam a banda de samba-rock e suingue gaúcho que este ano gravou seu primeiro trabalho, “Pentefyno, à Vontade”, que está para sair em DVD. No repertório do show, músicas próprias e de Jorge Ben, Bedeu, Luís Vagner, Wilson Simonal, Tim Maia, Trio Mocotó, Seu Jorge. Ingresso 15 reais. Infos 3221-5225.
■ ANITTA – Pepsi On Stage (Severo Dullius, 1995), às 23 horas. Depois de um show para ricaços em uma casa noturna de luxo de Porto Alegre, o novo “fenômeno” do brega carioca e nacional se apresenta para público maior a preços menores. A informação é de que volta com grande produção, cenário completo, 25 bailarinos e todas as músicas que a catapultaram para o sucesso, como “Show das Poderosas” e “Meiga e Abusada”. Ingressos de 30 a 90 reais nas Lojas Multisom. Infos 3022-4853.

►SÁBADO, 5 de OUTUBRO
■ FILIPE CATTO – Opinião (José do Patrocínio, 834), às 21 horas. Show de lançamento do primeiro DVD do cantor e compositor, “Entre Cabelos, Olhos e Furacão”, incluindo canções como “Crime Passional”, “Ascendente em Câncer” e “Boulevard of Broken Dreams”. Esta a terceira vez que o cantor gaúcho radicado em São Paulo se apresenta em Porto Alegre este ano. Ingressos de 30 a 50 reais nas lojas Multisom em www.opiniaoingressos.com.br. Infos 3211-2838.
■ SIMPLE MINDS – Auditório Araújo Vianna (Osvaldo Aranha, 685), às 21 horas. Chega a Porto Alegre um das bandas mais amadas da década de 1980, com a turnê de lançamento da coletânea “Celebrate – The Geatest Hits +”. Trata-se de uma compilação dos 35 anos de estrada do grupo escocês que partiu da new wave para o ativismo político. “Uma das coisas que eu sinto mais orgulho é quando as pessoas me perguntam sobre qual Simple Minds eu estou falando. O avant-garde, o do rock artístico, o pop, o ambiental, o instrumental, o político, o folk ou o que se apresenta em estádios? Tem sido uma longa jornada. Tocar todos esses estilos diferentes, mas ao mesmo tempo manter a essência do Simple Minds é algo incrível”, diz o vocalista Jim Kerr, um dos membros fundadores, ao lado do guitarrista Charlie Burchill e do baterista Mel Gaynor. Completam a formação atual o tecladista Mark Taylor e o baixista Eddie Duffy. Ingressos de 80 a 150 reais nas lojas Multisom e em www.opiniaoingressos.com.br. Infos 3211-2838.
■ BOCA DE CADELA – Paraphernalia Bar (João Alfredo, 425), às 22 horas. Estreia no bar a nova banda da Cidade Baixa, com samba e MPB feitos por músicos “falastrões e espaçosos”: Marcio Barbosa (voz, violão), Rafael 171 Rodrigues (voz, cavaquinho), Thiago Kroeff (surdo), Felipe Santos (percussão) e Guilherme Feijão Sanches (percussão). Ingresso 15 reais. Infos 3221-5225.
■ BAILE DO SÍNDICO – Opinião (José do Patrocínio, 834), a partir das 23 horas. Desta vez a animação é com a banda Jorge Maravilha, nova formação liderada por Dudu Berdichevski (voz, violão), ex-Morena de Angola. Já deu pra ver que tem samba, samba-rock e black music pra valer. Além dele, a cantora Glau Barros e Giordano Barbieri (piano), Diego Benega (baixo) e Marcelo Rocha (percussão), mais cavaquinho e bateria. Na madrugada atuam os DJs Chernobyl e Japonês. Ingresso 20 reais. Infos 3211-2838.

►DOMINGO, 6 de OUTUBRO
■ CONCERTO DE PRIMAVERA – Auditório Araújo Vianna (Osvaldo Aranha, 685), às 17 horas. Primeira vez no AAV do tradicional concerto do Coral e Orquestra Filarmônica da PUCRS. Com regência de Márcio Busatto, se apresentarão o grupo Calote Samba Rock e os cantores solistas Adriana de Almeida e Jean Marcel de Lima. Participação do Ballet Concerto. No programa, músicas de Strauss, Verdi, Tchaikovsky, Elton John, Tim Maia e outros. Os ingressos, grátis, devem ser retirados nas lojas Zaffari do Menino Deus, Fernandes Vieira, Lima e Silva e Ipiranga.
■ FERNANDO CABRERA – Santander Cultural (Sete de Setembro, 1028), às 18 horas. Grande nome da música uruguaia, 30 anos de carreira, mais de dez álbuns gravados, Cabrera integrou alguns grupos antes de se assumir como artista solo e destacar-se com uma mistura bem pessoal de candombe, milonga, música pop e música brasileira. Bebeu nas fontes de nomes como Ruben Rada, Eduardo Mateo, Hugo Fattoruso, Beatles, Tom Jobim, Chico Buarque e Milton Nascimento. No início do ano lançou o livro/DVD “Intro”, com um show ao vivo e poemas. Em julho, lançou o CD “Viva La Pátria”, com canções novas. Ingresso 10 reais. Infos 3287-5500.
■ ROCK IN CONCERT – Salão de Atos da Ufrgs (Paulo Gama, 110), às 18 horas. Apresentação especial da Orquestra Unisinos Anchieta regida por Evandro Matté e tendo como solistas Titã Sachet, Rafael Gubert e Otávio Fernandes. No programa, músicas de Elvis Presley, Rolling Stones, Pink Floyd, Guns N’Roses e outros. Ingressos 10 e 20 reais em venda antecipada na Palavraria (3268-4260), Colégio Anchieta (3382-6211), Unisinos POA (3591-1122), Unisinos São Leopoldo (3590-8228) e Salão de Atos da Ufrgs (3308-1902) a partir de 4 de outubro. Infos 3590-8228.

■ I LOVE, SO LOVE – Meme Santo de Casa (Lopo Gonçalves, 176), às 21 horas. O ator e cantor Jottagá Souza Gomes e a atriz e cantora Denizzeli Cardoso se divertem cantando com humor os mais diferentes modos de amar. O show mistura Erasmo e Roberto, Beatles, Led Zeppelin, Sidney Magal, Araketu, Marisa Monte, milongas e tangos. Com Xico Merg ao violão. Ingressos de 15 a 30 reais. Infos 3019-2595. Em cartaz em todos domingos de outubro.

domingo, 29 de setembro de 2013

Obras para baixar e dicas para novos e velhos jornalistas

Dia bem aproveitado, após um sábado cheio de bate-papos e memórias com meu amigo Juan Corvalán, dormi muito bem hoje, com direito ao espetáculo Burrinha da Saudade, encerrando a mostra Persistência e Pé na Tábua.

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"Para o psicanalista austríaco Wilhelm Reich, além de proporcionar prazer, a função do orgasmo é produzir uma carga energética poderosa capaz de dissolver a “couraça neuromuscular do caráter” de indivíduos bloqueados pelas exigências de uma sociedade hierarquizada em que a sexualidade é oprimida.". Via Lucas Salazar. Reportagem completa, de Carla Rodrigues, na Trip.

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As Palavras Aprisionadas

Na dica de Elaine Tavares, reproduzido de Andredeak.

...Nenhum jornalista brasileiro chegou tão perto da emoção nacional como ele. O seu texto tem sido para nós o estabelecimento dos ritmos do coração, o registro do som que bate nas veias da nossa gente (..) uma visão dolorida do real (Jacob Klintowitz, contra-capa)

Por Marcos Faerman*
Texto extraído do livro Com as mãos sujas de sangue, 1979.
(Global Editora)

O repórter e sua perplexidade. O repórter tem diante de si a realidade. A realidade é a natureza e os outros homens. Como entender o mundo que nos rodeia? Como entender os conflitos, as mentiras aparentes, as verdades ocultas? Que instrumentos usar na hora da revelação?

Saindo da abstração. O repórter tem diante de si a realidade. A realidade pode ser um homem encolhido à beira de um rio. O repórter é um ser em disponibilidade. Esta é quase que sua essência. Ele está à disposição dos 'chefes', do jornal em que trabalha. Cumpre horários, ordens. Num dia qualquer, uma hora qualquer é mandado para um lugar qualquer. É sempre assim. Ele poderá ter diante de si este homem ajoelhado no barro, olhando para um rio. O repórter olha para este homem. Procura saber sua história. A reportagem pedida: a vida de uma aldeia à beira de um rio corroído pelo mercúrio que mata os peixes que alimentam os homens.

O repórter e sua perplexidade. O repórter recebe ordens. O repórter diante da pauta. Os problemas de um Estado diante da poluição. O que dizem as autoridades. O que diz o povo. O que dizem os industriais. As técnicas do repórter? O papel, a caneta Bic, o gravador. Os olhares das pessoas para ele ­ como o olhar daquele homem ajoelhado à beira do rio, não dá para esquecer. Um homem de roupas rasgadas, um pescador, que me fala com uma linguagem confusa como o vento que bate na água. Uma canoa parada no rio e uma rede. O olhar do repórter que cai em suas mãos. Mãos cortadas pelo barro.

Os direitos do repórter e do jornal. A lembrança, diante daquele homem, das perguntas de um outro repórter, das inquietações de outro repórter diante de outra realidade. Parece-me curioso, para não dizer obsceno e totalmente aterrorizante que pudesse ocorrer a um grupo de seres humanos reunidos através da necessidade e do acaso, e por lucro, numa empresa, num órgão jornalístico, intrometer-se intimamente nas vidas de um indefeso e arruinado grupo de seres humanos, uma ignorante e abandonada família rural, com o propósito de exigir a nudez, a humilhação e a inferioridade destas vidas, em nome da ciência, do 'jornalismo honesto', da humanidade e do destemor.

Saindo da abstração. O repórter em busca da realidade. Com a sua sensibilidade. Com a sua insensibilidade. Em nome de uma empresa jornalística. Ouvindo histórias das vidas dos outros. Sugando dos outros a única coisa que eles têm, além do corpo nu: uma história, a sua vida, a sua perplexidade, as suas próprias dúvidas e pequenas verdades (e separa grande medo). E o que ele ouviu que era 'jornalismo'. E uma linguagem que lhe disseram que era jornalística. Como esta linguagem que lhe disseram ser 'jornalística' se adequa aos olhos e às mãos daquele homem à beira do rio?

As lembranças do repórter. 'Tudo isto me parece curioso, obsceno, aterrorizante', disse certa vez um repórter. James Agee, de quem fiz a citação anterior. James Agee. Um repórter. Era um garoto quando a Life lhe pediu a história de algumas famílias rurais na época da Depressão dos EUA, de onde nasceu uma espantosa reportagem, Louvemos Agora os Grandes Homens. A Life rejeitou a reportagem de Agee por considerá-la anti-jornalística. Agee descrevia com minúcias até a respiração do pesado sono de trabalhador. Construiu um documento eterno. Seu relato é obra à altura de Steinbeck, John dos Passos, Faulkner. Quem quiser saber alguma coisa sobre a vida camponesa nos anos 30 terá que ler este relato que a Life rejeitou. O relato seria publicado na forma de livro. Trinta anos depois seria editado numa coleção de Antropologia dirigida por Lévi Strauss. Da rejeição em nome do jornalismo para a glória (as famílias camponesas assassinadas em nome do jornalismo renasceram!).

O repórter e sua formação. Todas estas idéias nascendo na cabeça do repórter a partir da questão da Linguagem da imprensa. A certeza que o repórter tem de que muitos colegas ainda têm na cabeça o mito do texto jornalístico e do texto anti-jornalístico. A certeza de que em nome do jornalismo muitos colegas rejeitariam o texto de Agee e muitos outros textos. A questão do 'texto objetivo'. A pergunta: que texto é esse? Onde nascem e com quem a técnica jornalística ensinada pelo que é publicado nos jornais e revistas, e pelas 'Escolas de Comunicação'. Onde nasceram e como as idéias de objetividade e neutralidade? Uma resposta possível: este texto jornalístico, esta linguagem fluente nos jornais surge com a estruturação da imprensa em forma de empresa/imprensa; empresas ligadas diretamente a determinada forma de organização da sociedade, o capitalismo. A linguagem da imprensa norte-americana se disseminando pelo mundo. A expansão de um Império e das idéias que o justificam.

Ainda a formação do repórter. A linguagem oficial da imprensa é defendida por muitos jornalistas. Ou não discutida. Ela é implantada nos jornais por jornalistas. Os Vigilantes do Texto. Às vezes, os Policiais do Texto. Uma arma na mão, a caneta. O direito que ganham de modificar o texto. O texto nasce do olhar do repórter sobre a realidade. Mas um olhar que não baixou para a realidade pode modificar as palavras. A defesa de uma linguagem. O esquecimento de que a 'linguagem vem sempre de algum lugar'. De que a linguagem está sempre referida a uma classe social, a um grupo humano. E de que há uma linguagem do poder, como há uma linguagem de crítica ao poder. O quanto pode a linguagem do poder ser disseminada pela realidade toda, preenchendo até a linguagem dos sonhos, até se tornar uma linguagem aparentemente neutra e objetiva? (Barthes. Barthes. Barthes.) A linguagem do poder alcançando até o espaço último do senso comum. Pensar em tudo isto. E ainda analisar a forma como esta linguagem se confunde com a expressão jornalística.

Saindo da abstração. O retorno ao rio, àquele homem. A responsabilidade diante dele, daquele momento. A necessidade: saber ouvir, saber descrever. A linguagem pode chegar ao real? (Discussões: o que é o real, etc.) O jargão Jornalístico/Economicista/Sociologuês/ pode captar esta realidade? Mas é aquele homem que devemos descrever, não uma abstração! Será que é ser "literato" abrir meu mundo para aquele homem, absorver a sua realidade, a sua linguagem - achar as palavras certas para revelá-lo? E uma outra idéia: a relação entre as palavras que surgem da máquina de escrever, e aquele homem.

Ficção e realidade. Algumas idéias, a partir de James Agee. Numa novela, uma casa ou uma pessoa tem seu significado, sua existência, inteiramente a partir do escritor. No jornalismo, uma casa ou pessoa tem apenas o mais limitado dos seus significados através do repórter. Seu verdadeiro significado é muito maior. O personagem existe num ser concreto, como você e eu. 'Seu grande mistério, peso e dignidade estão neste fato'. Outra questão: o jornalismo é James Agee, García Márquez, Eduardo Galeano, Heródoto, René Chateaubriand, Norman Mailer, Euclides da Cunha ­ eis os nomes de alguns repórteres. O jornalismo de Agee é menos literário do que a sua ficção? O jornalismo de Norman Mailer é menos literário do que sua ficção? O jornalismo é um método: trabalha como instrumento de descoberta de uma realidade, com formas próprias, anotações, pesquisa. Outra idéia: o pensamento escolástico contemporâneo, os intelectuais de gabinete, o pensamento universitário preservando a Arte e a Literatura com Maiúsculas. Esquecendo ­ em nome do Elitismo ­ o sentido mais contemporâneo do conceito de Escrita. Uma última idéia: muito da melhor literatura brasileira desta década vai ser descoberta (quando???) em alguns jornais e algumas revistas (por quem???).

Manifesto de libertação da palavra. A busca de uma realidade exige uma linguagem capaz de captá-la. Esta linguagem não é uma fuga (tese dos populistas chulos, contra os revolucionários chucros). É o único caminho para nos levar à débil captação de uma sociedade e de suas contradições. E da única coisa que interessa: o ser humano sufocado em sua vontade de ser.

*Saiba mais:
Um tributo: Marcos Faerman e a poética do confronto
Um ensaio de Faerman: O crime no novo jornalismo

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62 obras sobre os principais pensadores da educação para download
Reproduzido de: Revista Bula 
O Mi­nis­té­rio da Edu­ca­ção, em par­ce­ria com a Unes­co e a Fun­da­ção Jo­a­quim Na­bu­co, dis­po­ni­bi­li­za pa­ra downlo­ad a Co­le­ção Edu­ca­do­res, uma sé­rie com 62 li­vros so­bre per­so­na­li­da­des da edu­ca­ção. A co­le­ção traz en­sai­os bi­o­grá­fi­cos so­bre 30 pen­sa­do­res bra­si­lei­ros, 30 es­tran­gei­ros, e dois ma­ni­fes­tos: “Pi­o­nei­ros da Edu­ca­ção No­va”, de 1932, e “Edu­ca­do­res”, de 1959. A es­co­lha dos no­mes pa­ra com­por a co­le­ção foi fei­ta por re­pre­sen­tan­tes de ins­ti­tu­i­ções edu­ca­cio­nais, uni­ver­si­da­des e Unes­co.
O cri­té­rio pa­ra a es­co­lha foi re­co­nhe­ci­men­to his­tó­ri­co e o al­can­ce de su­as re­fle­xões e con­tri­bui­ções pa­ra o avan­ço da edu­ca­ção no mun­do. No Bra­sil, o tra­ba­lho de pes­qui­sa foi fei­to por pro­fis­si­o­nais do Ins­ti­tu­to Pau­lo Frei­re. No pla­no in­ter­na­ci­o­nal, foi tra­du­zi­da a co­le­ção Pen­seurs de l’édu­ca­ti­on, or­ga­ni­za­da pe­lo In­ter­na­ti­o­nal Bu­re­au of Edu­ca­ti­on (IBE) da Unes­co, em Ge­ne­bra, que reú­ne al­guns dos mai­o­res pen­sa­do­res da edu­ca­ção de to­dos os tem­pos e cul­tu­ras.
Veja também
In­te­gram a co­le­ção os se­guin­tes edu­ca­do­res/pen­sa­do­res: Al­ceu Amo­ro­so Li­ma, Al­fred Bi­net, Al­mei­da Jú­ni­or, An­drés Bel­lo, An­ton Maka­renko, An­to­nio Gram­sci, Aní­sio Tei­xei­ra, Apa­re­ci­da Joly Gou­veia, Ar­man­da Ál­va­ro Al­ber­to, Aze­re­do Cou­ti­nho, Ber­tha Lutz, Bog­dan Su­cho­dolski, Carl Ro­gers, Ce­cí­lia Mei­re­les, Cel­so Su­cow da Fon­se­ca, Cé­les­tin Frei­net, Darcy Ri­bei­ro, Do­min­go Sar­mi­en­to, Dur­me­val Tri­guei­ro, Ed­gard Ro­quet­te-Pin­to, Fer­nan­do de Aze­ve­do, Flo­res­tan Fer­nan­des, Fre­de­ric Skin­ner, Fri­e­drich Frö­bel, Fri­e­drich He­gel, Fro­ta Pes­soa, Ge­org Kers­chen­stei­ner, Gil­ber­to Freyre, Gus­ta­vo Ca­pa­ne­ma, Hei­tor Vil­la-Lo­bos, He­le­na An­ti­poff, Hen­ri Wal­lon, Hum­ber­to Mau­ro, Ivan Il­lich, Jan Amos Co­mê­nio, Je­an Pi­a­get, Je­an-Jac­ques Rous­se­au, Je­an-Ovi­de De­croly, Jo­hann Her­bart, Jo­hann Pes­ta­loz­zi, John Dewey, Jo­sé Mar­tí, Jo­sé Má­rio Pi­res Aza­nha, Jo­sé Pe­dro Va­re­la, Jú­lio de Mes­qui­ta Fi­lho, Liev Se­mio­no­vich Vygotsky, Lou­ren­ço Fi­lho, Ma­no­el Bom­fim, Ma­nu­el da Nó­bre­ga, Ma­ria Mon­tes­so­ri, Ní­sia Flo­res­ta, Or­te­ga y Gas­set, Pas­cho­al Lem­me, Pau­lo Frei­re, Ro­ger Cou­si­net, Rui Bar­bo­sa, Sam­paio Dó­ria, Sig­mund Freud,Val­nir Cha­gas, Édou­aqui.

sábado, 28 de setembro de 2013

Nós, os outros e Benjamin

Temos uma forte tendência a julgar, é parte dominante na média do comportamento humano em sociedade. Mas, pior do que isso, é mesmo a necessidade de condenar quem está fora do circuito de comportamentos comuns. Enxergar isso é, ao mesmo tempo, uma virtude e um desafio diário.

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Fronteiras Do Pensamento

AS FRONTEIRAS DA MOBILIDADE URBANA | Estudo divulgado nesta quarta-feira (25) prevê dados preocupantes para os cidadãos de Porto Alegre: em menos de três décadas, a região metropolitana terá quase o dobro de carros, com praticamente um veículo por habitante. Hoje, POA já possui um dos mais altos índices de motorização do país, com um veículo por 2,29 habitantes.

Outra cidade que passou pela mesma situação foi Bogotá. No início dos anos 1990, seu sistema de transporte estava próximo do colapso. Em 1998, a prefeitura de Enrique Peñalosa iniciou um projeto de transporte massivo, baseado em veículos integrados em vez de um trem elétrico – tanto por questões de custo quanto pelo número de linhas que o projeto possibilitava – conhecido como TransMilenio e considerado, atualmente, o maior sistema BRT do mundo.

-> Saiba mais sobre a situação de Porto Alegre e conheça as mudanças que Peñalosa implantou em Bogotá em nosso site: http://is.gd/JEuglo

-> ATENÇÃO: Enrique Peñalosa estará no Fronteiras Salvador dia 01 de outubro e no Fronteiras Florianópolis dia 07 de outubro. Escolha sua edição e faça sua inscrição nos sites.
- Florianópolis www.fronteiras.com/florianopolis
- Salvador www.fronteiras.com/salvador

-> No vídeo (inédito) deste post, Peñalosa apresenta as possibilidades para que sejam solucionadas estas duas problemáticas questões nos grandes centros urbanos: mobilidade e engarrafamentos. Ainda, critica o sistema do metrô por colocar os carros acima das avenidas e "enterrar" o que deveria ser prioritário: o cidadão.


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Entre o Bom Fim e a Cidade Baixa, uma chama latino-americana é mantida acesa.




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73 ANOS SEM WALTER BENJAMIN



Em homenagem ao pensador alemão, o Blog da Boitempo disponibiliza a tradução integral de “As armas do futuro”, ensaio inédito de Benjamin selecionado e comentado por Michael Löwy para a coletânea “O capitalismo como religião”.

“É surpreendente ver até que ponto esse curto texto, sóbrio e quase clínico, previu as dramáticas consequências das inovações tecnológicas para as guerras modernas. Esse modesto artigo é um exemplo impressionante da lucidez desse ‘dissidente da modernidade’, dessa Cassandra do século XX, cujas sóbrias advertências tiveram ainda menos eco entre seus contemporâneos do que as da própria Cassandra entre os troianos.” – Michael Löwy



Leia "As armas do futuro", de Walter Benjamin, no Blog daBoitempo.

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Quando leio críticas à postura da presidenta Dilma de afirmação e defesa dos interesses brasileiros contra as tentativas de arapongagem e interferência externa, lembro da afirmação de um conceituado jornalista brasileiro quando disse que "A imprensa brasileira é hostil ao País". Pode ser redundante, mas ampliaria essa avaliação: Na realidade, a Mídia, quando assim procede, apenas reflete o perfil da Direita (ainda existe, e viva, a despeito do fim da Guerra Fria). Esta, sim, que tem o impressionante vício de engolir, acriticamente, o "Discurso Competente" de tudo que procede da Europa e dos EUA. Uma certa mistura de ressentimento e complexo de inferioridade, herdada ao longo de décadas de uma cultura estatal submissa, ironicamente, mascarada de patriotismo.

sexta-feira, 27 de setembro de 2013

Como nos mostramos

As ideias expressadas, por palavras ou comportamentos, revelam as pessoas. Mas há outras coisas que fazem isso também; a forma como se afinam a outras ideias, por exemplo. 
Estamos, em qualquer caso, cercados de signos não-falados que configuram o que se chamam comunicação, algo muito, mas muito além da fala. A comunicação, percebida nessa perspectiva mais complexa, tem a ver com o perceber, para além do que dizemos, às vezes, o avesso do que afirmamos.

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E-livro gratuito (em Castelhano)
Manual para Agricultores Ecológicos. Partilhem esta informação! Como obter suas próprias sementes, manual para os agricultores orgânicos. Aqui.


quarta-feira, 25 de setembro de 2013

Missa da libertação

Ultimamente, ando dedicando cada vez menos atenção a pressa, e mais concentração no aproveitamento controlado do tempo.

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*Que importa se Obama deu ou não atenção à fala de Dilma na ONU, como bate a imprensa nativa? O que importa é que a imprensa estadunidense deu; e por lá, isso conta.

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Missa da libertação

Reproduzido do Instituto Humanitas


A história começa no dia 22 de julho de 1968, na costa do Pacífico, em Chimbote, uma cidade de pescadores no norte do Peru, e encontra uma espécie de cumprimento em Roma, na quarta-feira, 11 setembro, 2013, na Domus Sanctae Martae, onde o papa, que renunciou ao Apartamento apostólico, se hospeda.

A reportagem é de Gian Guido Vecchi, publicada no caderno La Lettura, do jornal Corriere della Sera, 22-09-2013. A tradução é de Moisés Sbardelotto.

No hotel vaticano, há a capela em que Francisco celebra todas as manhãs uma missa aberta a vários grupos de pessoas. Só no domingo e na quarta-feira é em forma privada. Naquela manhã, porém, há um convidado especial do pontífice, um frei dominicano de traços que revelam a sua origem quechua, a antiga população nativa que preserva a língua dos incas.

É um homem de porte pequeno e embranquecido pelos anos, mas nos olhos brilha o olhar do jovem teólogo peruano que, naquela cidade portuária, há 45 anos, havia sido convidado para dar uma conferência sobre a "teologia do desenvolvimento". A Gustavo Gutiérrez, então com nem 40 anos, o tema não agradava: ele falou aos catequistas de "teologia da libertação".

Três anos mais tarde, publicou em Lima um livro que se intitulava assim, Teología de la liberación, o texto que batizaria a corrente teológica mais discutida no fim do século XX.

E agora ei-los aqui, o pai da teologia da libertação e o papa. Do Vaticano, vazou a confirmação da ''audiência privada", mas a concelebração da missa é algo mais. Décadas de tensões, contrastes com a alma mais conservadora da Igreja, obras sob processo pela Congregação para a Doutrina da Fé, o ex-Santo Ofício (mas Gutiérrez nunca foi condenado).

Não que isso tenha acontecido de improviso. Quem anunciou o encontro, aliás, poucos dias antes, foi o arcebispo Gerhard Ludwig Müller, o prefeito do dicastério chefiado por Joseph Ratzinger durante 23 anos. Müller falava no Festivaletteratura de Mântua e, ao seu lado, o amigo e mestre Gutiérrez: eles apresentavam juntos o livro Dalla parte dei poveri [Do lado dos pobres] (Edizioni Messaggero de Pádua-Emi), a edição italiana de um livro a quatro mãos publicado na Alemanha em 2004.

Eis: justamente o sucessor de Ratzinger no ex-Santo Ofício é a figura-chave para compreender o que aconteceu nos últimos anos. Nascido em Mainz-Finthen e filho de um operário, Müller é um teólogo do altíssimo perfil, por 16 anos professor da Universidade Ludwig-Maximilian de Munique. O próprio Bento XVI tinha desejado que justamente ele, o aluno de Gutiérrez, fosse o editor da sua opera omnia em 16 volumes (Joseph Ratzinger, Gesammelte Schriften), que é publicada na Alemanha.

Ficou claro que algo estava se movendo quando ele ainda era bispo de Regensburg, e o L'Osservatore Romano, no dia 23 de dezembro de 2011, publicou um artigo seu que agitou a parte mais conservadora da Cúria: Müller comentava dois textos escritos nos anos 1980 por Ratzinger sobre a teologia da libertação, para explicar como o então prefeito do ex-Santo Ofício não a havia condenado em si mesma, mas sim nos seus desvios (Müller escrevia sobre "teologias" da libertação) que "perderam de vista o sobrenatural" para se tornarem "somente uma superestrutura de um projeto marxista" e "revolucionário". Desse modo, escrevia o bispo, Ratzinger "prepara o caminho para uma verdadeira teologia da libertação que está ligada à doutrina social da Igreja e que, justamente hoje, deve levantar a sua voz". Esse artigo no jornal da Santa Sé era a premissa do golpe de cena, com tantas saudações a quem, em voz baixa, questionou a sua "ortodoxia".

Pouco tempo depois, e justamente Ratzinger, que como "guardião da fé" colocou na linha vários teólogos da libertação e que Leonardo Boff descrevia como o mais temível dos inquisidores ("Eu tive que me sentar na cadeira onde haviam se sentado Galileu Galilei e Giordano Bruno!"), justamente ele nomeou Müller, no dia 2 de julho de 2012, à cúpula do ex-Santo Ofício. Para dizer a estima que os une, Ratzinger deixou a ele o seu apartamento de cardeal, em Borgo Pio, com parte dos amadíssimos livros.

A última passagem é o conclave, com a eleição de Jorge Mario Bergoglio, o cardeal que andava de ônibus e, à noite, visitava incógnito a favela Villa 21 de Buenos Aires, o bispo de Roma que escolheu se chamar Francisco ("Lembre-se dos pobres!", lhe disse na Capela Sistina o cardeal franciscano Cláudio Hummes, seu grande amigo) e, recém-eleito, declarou que queria "uma Igreja pobre e para os pobres".

Na formação do papa jesuíta, a "teologia do povo" argentina tem uma parte importante, cuja relação com a teologia da libertação é objeto de discussões taxonômicas entre os especialistas. Mas o padre Juan Carlos Scannone, máximo teólogo argentino, além de aluno de Karl Rahner, outro jesuíta, explicou ao jornal Corriere: "Muitos consideram a teologia argentina do povo como uma corrente da teologia da libertação com características próprias, assim como Gutiérrez. Eu mesmo já defendi isso em um artigo de 1982, retomado por Dom Quarracino" (Nota da IHU On-Line: cardeal argentino, foi arcebispo de Buenos Aires)

Palavras importantes, até porque o padre Scannone, 81 anos, foi professor de grego e de literatura do jovem Bergoglio no seminário da Companhia de Jesus em Buenos Aires e desde então permaneceu como um ponto de referência no pensamento do ex-aluno. O padre Scannone lembra que, em 1984, foi o arcebispo Antonio Quarracino, antecessor e mentor de Bergoglio em Buenos Aires, que explicou "por que a Instrução da Congregação para a Doutrina da Fé falava no plural de 'teologias' da libertação: não criticava todas elas, criticava aquelas que usavam a análise marxista da sociedade e da história". A "teologia do povo", em suma, "não usa a análise social marxista, mas sim uma análise histórico-cultural, sem ignorar o socioestrutural". Também por isso "outros a distinguem da teologia da libertação".

Em todo caso, "todas as correntes assumem a 'opção preferencial pelos pobres' das conferências do episcopado latino-americano de Medellín e Puebla", a mesma "reiterada por Bento XVI no discurso inaugural de Aparecida e pela própria conferência": a da qual o cardeal Bergoglio escreveu as conclusões.

Assim, o livro de Müller e Gutiérrez tem um subtítulo significativo: "Teologia da libertação, teologia da Igreja". Quando foi publicado, o L'Osservatore Romano lhe dedicou as duas páginas centrais. O artigo do padre Ugo Sartorio começa assim: "Com um papa latino-americano, a teologia da libertação não podia permanecer por muito tempo no cone de sombra a que foi relegada há alguns anos, ao menos na Europa...".

No livro, Müller escreve: "A teologia da libertação não morrerá enquanto houver homens que se deixem contagiar pelo agir libertador de Deus e fizerem da solidariedade para com os sofredores, cuja humanidade é pisoteada, a medida da sua fé e a motivação do seu agir na sociedade". E fala do "mal-entendido que une simpatizantes e adversários", a ideia de uma teologia que se concentra na "dimensão social e política" e perde de vista "a relação entre homem e Deus". Mas Jesus disse, lembra Müller: "Tudo o que vocês fizeram a um dos menores de meus irmãos, foi a mim que o fizeram". O capítulo 25 de Mateus que Francisco, juntamente com as Bem-Aventuranças, indicava como "plano de ação" aos jovens do Rio: "Ali está tudo".

Certamente, haverá aprofundamentos e não faltarão resistências. O cardeal peruano Juan Luis Cipriani, membro do Opus Dei e adversário histórico de Gutiérrez, há poucos dias definiu Müller como "um bom alemão, um bom teólogo, um pouco ingênuo", repetindo seco: "A teologia da libertação causou danos à Igreja".

Mas a audiência e a missa em Santa Marta são a imagem de uma nova temporada. No dia do encontro com Francisco, o L'Osservatore voltava a celebrar Gutiérrez com uma entrevista. "O que eu vou dizer a Francisco? Obrigado pelo seu testemunho".


O dominicano citava ironicamente uma piada do arcebispo brasileiro Hélder Câmara: "Quando dou um pão a uma pessoa com fome, dizem que eu sou um santo. Quando eu pergunto por que essa pessoa tem fome, dizem que eu sou um comunista".

terça-feira, 24 de setembro de 2013

Dica de livro

ENTREVISTA - BERNARDO CARVALHO
Você acha que usa a internet, mas está sendo usado por ela
AOS 20 ANOS DE CARREIRA, ESCRITOR LANÇA SEU ROMANCE MAIS POLÍTICO, 'REPRODUÇÃO', INSPIRADO NO ÓDIO ALIMENTADO PELA REDE

RAQUEL COZER
COLUNISTA DA FOLHA
Um longo processo de percepção de Bernardo Carvalho, 53, virou urgência em seu novo romance, "Reprodução" (Companhia das Letras).

Aos 20 anos de carreira, o autor que se firmou entre os grandes ficcionistas do país com obras como "Nove Noites" (2002) e "O Filho da Mãe" (2009) escreveu aquele que considera seu título mais político, a partir do cenário "libertário" e ao mesmo tempo "cheio de ódio" da internet.

O protagonista, identificado como "o estudante de chinês", é o que Carvalho define como um típico comentarista de sites, que reproduz informações desconexas entendidas superficialmente.

O personagem não terá chance de comentar sites ao longo do livro, já que, na maior parte dele, estará num depoimento à polícia, após se envolver num imbróglio que não entende bem. Sua personalidade virá à tona num diálogo do qual só se ouve sua voz, transformando-se em monólogo com toques de humor, mas incômodo.


"A literatura passou a ser pautada pelo gosto da média. Mas literatura é reflexão, não só contar uma história. Sempre tive interesse em fazer uma literatura disfuncional", diz Carvalho. Leia trechos da entrevista com o autor.

Entrevista completa na Folhauol.

domingo, 22 de setembro de 2013

Tradicionalismo, segundo T. Golin

Depois de uma gripe chatinha que me atacou por alguns dias, acordei hoje, pelo meio dia, recuperado. A gente percebe mesmo a importância de estar bem de saúde só quando fica realmente debilitado.

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Linguiça de beterraba!
RECEITAS VEGANAS (Face) 



Ingredientes: 

2 xícaras de proteína texturizada de soja graúda clara já hidratada
polvilho azedo qb
1 beterraba média ralada em ralo fino
gengibre em brunoise frito
pitada de coentro
sal
2 colheres de azeite
pimenta do reino à gosto

Para hidratar a pts cubra-a com água e ferva por uns 6 minutos. Esprema no espremedor de batatas para tirar a água. Bata no liquidificador até ficar totalmente desfiada (pode fazer com as mãos, mas é mais trabalhoso). Junte os temperos, o azeite e o polvilho até dar ponto de massa. Coloque porções em plástico filme e enrole, modelando para que fique firme (o plástico deve ficar por fora somente). Dê nós nas pontas. Cozinhe em água fervente por 10 minutos. Quando esfriar pode ser congelada. Na hora de servir dê uma tostada em frigideira anti aderente com um fio de azeite.

· Atualizado há 21 minutos

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TRADICIONALISMO E MODERNIDADE CONSERVADORA NO "ESTADO-MARCA"
(Tau Golin)

Reproduzido do perfil de Tau Golin (Face).


Converteu-se em um desafio teórico contemporâneo compreender o fenômeno cívico-cultural da identidade “gentílica” pilchada no Rio Grande do Sul inserido na modernidade conservadora. Nas últimas décadas, além do controle das esferas governamentais, reproduziu-se pela indústria cultural e, não raro, em muitos setores, converteu-se em expressão da pós-modernidade.

Tal concepção de identidade sustenta práticas simbólicas de representação do Rio Grande do Sul em um núcleo fundante baseado na estância, desconsiderando a multiculturalidade histórica. Em sua amplitude, a pós-modernidade tradicionalista se auto-reproduz no imaginário de um “estado-marca” e todos os seus nichos subsidiários (galpão, invernada, pampa, mangueira etc.), no qual a identidade se torna possível não pelo pertencimento histórico e seu capital simbólico, mas pelo ingresso nos espaços de “vivência” ideal.

Na história da civilização, as sociedades humanas, na amplitude de um país ou de uma localidade, estabelecem processos de construção de suas identidades gentílicas. Esses reconhecimentos podem ser criados nos longos percursos históricos em que se formam escolhas disputadíssimas entre seus membros, nos âmbitos de “comunidades imaginadas” ou de “comunidades de destino”. As fronteiras entre as duas são tênues. Na verdade, os conceitos são mais complementares do que excludentes. Enquanto o primeiro é mais elástico, o segundo tem a sua centralidade na guerra, conforme Hegel, sendo que a ameaça de uma força exterior sobre o grupo cria uma espécie de união pela sobrevivência. Notadamente, essa “sensação”, mesmo que inexistente no transcurso dos grupos sociais, o “estrangeiro”, o “além-fronteira”, sempre está presente e alimenta, de alguma forma, a vigilância presente nas identidades.

Entretanto, nos dois casos, as identidades dependem consistentemente dos aspectos fundantes de longo prazo, ou seja, da consistência entre as formas modernas e pós-modernas adquiridas e a história, tribunal inapelável da coerência entre os acontecimentos e suas representações.
Desde que o Movimento Tradicionalista Gaúcho conseguiu realizar a operação vitoriosa de se “legitimar” como o mediador do processo de construção da identidade gentílica, inserindo-se nas esferas de governo (instituindo-se mesmo como instância do Estado e seu aparato burocrático) e na sociedade civil durante a ditadura militar, a intelectualidade rio-grandense tem realizado diversos esforços para tentar apreender o fenômeno, identificado como “tradicionalismo” ou “gauchismo”.

Em uma primeira reflexão é necessário considerar algumas noções de uso legitimador do tradicionalismo, as quais sedimentam sua hegemonia. Como movimento atuante ele se construiu e se desenvolve historicamente pela disputa interna de seus membros, fortalecendo-se nas relações de aperfeiçoamento imanente, na busca incessante da especialização e, por outro lado, atuando de forma corporativa. Na impossibilidade de auto-inventar-se pela matriz étnica em um estado multi-étnico, o modelo operativo é o da política, complementado pelas referências de etnias dominantes, conseguindo uma combinação eficiente. No instante em que o processo inventivo não se sustenta em uma etnia dominante, mas na referência estilística de um grupo marginal e multirracial, a identidade tradicionalista pode ser construída contemporaneamente através de uma militância que se desenvolve simbolicamente no “entre-lugar”, na fronteira, o lugar imaginário em que todos podem se involucrar, independente da origem e da classe social.

Portanto, o tradicionalismo, apesar de suas manifestações geralmente rústicas e simplórias, ele se insere, talvez, nos processos complexos de invenção identitárias, talvez sem comparação no mundo, elaborando um “mito fundante” pelos seus intelectuais de abrangência de massa, sustentado pelo “sistema capacitador da mídia contemporânea”. Por isso, no momento em que se consagra pela versão de uma imanência de origem, a sua compreensão exige, em alguma dimensão, um método desconstitutivo.

O pilar de sustentação de “legitimação” do tradicionalismo está na sua afirmativa de que ele é um sucedâneo da “sociedade tradicional”. Portanto, autêntico, com um valor e um sentido a ser cultuado no presente e a ser transmitido para as próximas gerações, para usarmos um vocabulário de sua predileção.

Para operar com eficiência em uma sociedade moderna, todo movimento de construção identitária sustentado no mito de origem, no “entre-lugar” fronteiriço, precisa diluir a noção de tempo histórico. Na particularidade sulina rio-grandense há a necessidade de grafar o termo “tradicional” entre aspas. Ele está impregnado do sufixo nominal ismo, pois, no âmbito de um movimento sociocultural doutrinário autorepresenta-se integrado a um corpus que opera na sociedade com a ambição de se converter em expressão gentílica. Portanto, mesmo que diversas expressões não se encontrem organizadas sob os ditames e a vigilância do Movimento Tradicionalista Gaúcho, assim mesmo, seu conteúdo se encontra em uma imanência complementar de composição do “tradicional”(ismo). Trata-se de uma vontade de pertencimento ao gauchismo.

Os tempos históricos são substituídos pelo “tempo vago”, ao qual se remete a origem dos elementos fundantes. Ao se instituir como movimento cultural organizado, essa gauchidade se apresenta como se estivesse credenciada a reproduzir valores pretensamente imutáveis forjados pelos antepassados. Melhor dizendo, há uma reelaboração do passado como o lugar de uma sociedade tradicional. Entretanto, historicamente, a sociedade de tipo tradicional nunca existiu no Rio Grande do Sul. Desde a sua origem ocupacional organizada pelo Estado Colonial Absolutista no século XVIII, na região sulina foi implantada uma sociedade de classes de tipo escravista alicerçada na propriedade privada. Desse modo, jamais se configurou uma sociedade historicamente tradicional. Esta é uma suposição criativa intelectual de legitimação da sociedade oligárquica, em um primeiro momento, e do capitalismo gauchesco de corte latifundiário em sua forma mais acabada.

A sociedade rio-grandense (e sua representação cultural) é conservadora e não tradicional. Os elementos da “tradição” reforçam e reificam ontologicamente seu conservadorismo. Ou seja, o movimento cultural tradicionalista e seus sucedâneos não se caracterizam como uma extensão de uma sociedade tradicional, mas da invenção totalizante de um civismo retrógrado no interior da sociedade moderna de classes.

A distinção entre o ser social das sociedades tradicionais e modernas é imprescindível para que se percebam o lugar e, de certo modo, o sincretismo funcional dos movimentos culturais folcloristas no mundo contemporâneo. Aceitemos a tese de que o indivíduo da sociedade tradicional, ao nascer, já tinha fixado, solidamente e de maneira arraigada a sua identidade. Naquele mundo “pronto” e de difícil mutabilidade, os papéis sociais estavam milenarmente estabelecidos e sustentados em sistemas de mitos. O indivíduo era membro do clã, com sistema fixo de parentesco. A sua identidade, desse modo, estava vinculada ao grupo social e aos papéis possíveis de serem assumidos. A função de um indivíduo não sofria transformações radicais: ele era, por exemplo, caçador e, também, integrante do clã.
Com a identidade gauchesca, sempre fragmentária e nunca se expressando como uma totalidade, ocorre exatamente o contrário. O indivíduo inserido no mundo da modernidade capitalista tem a possibilidade de se inventar e de escolher a sua identidade. Como ela, inclusive, não depende mais inseparavelmente da determinação inflexível do modo de vida tradicional, o personagem pode desvincular o seu fazer produtivo-social de seu viver cultural e imaginário. Em última instância, os elementos inventivos “tradicionais” estão anexados no espectro maior da modernidade, onde a identidade se tornou uma escolha pessoal, com possibilidades de inovações em sua multiplicidade móvel. 

Entretanto, se nas sociedades tradicionais a questão da identidade não significava uma situação existencial crítica, na modernidade ela está intrinsecamente no espaço social e, mutuamente, dependerá do reconhecimento do outro. Só na modernidade os tipos sociais diferentes podem assumir deliberadamente uma mesma “auto-representação pilchada”, convivendo no mesmo espaço simbólico e superestrutural, se quisermos utilizar uma categoria conhecidíssima, não existindo contradição entre um funcionário público e um chefe de governo, entre um peão de obra e um especulador no mercado financeiro, entre donos de meios de comunicação e vileiros, entre os latifundiários e os sem-terra.
Nesse quadro complexo, o tradicionalismo é uma extensão da cultura de massa, e não o prolongamento de uma sociedade tradicional. A sua força cultural, agregando elementos da pós-modernidade, como a centralidade da imagem na representação da identidade – a exterioridade volátil – potencializa ainda mais o seu comportamento estilístico, no qual o “parecer” se converteu em um dos aspectos predominantes da dimensão do ser. A escolha de “parecer-ser” conforme o arquétipo conveniado recentemente é a condição que conecta o conservadorismo à pós-modernidade.

No Rio Grande do Sul, com um movimento tipicamente contido na modernidade conservadora, na década de 1940, os ideólogos da segunda geração do gauchismo – transformando em movimento de massa as iniciativas clubísticas do antigo Grêmio Gaúcho da passagem do século XIX para o XX - começaram uma elaboração de procura e escolha singular de identidade no espaço urbano e, ao arrepio de seu modo de vida citadino, na qual a seleção do lugar-campo, o mundo dominado pelos estancieiros, foi pilchado de idealidade. E no desenvolvimento e afirmação desse processo, inventaram que, no lugar espacial do pagus, existira um modo de vida tradicional imanente de cultura, de ética, de ethos, de paidéia para a sociedade em seu conjunto.

Nesse processo intelectualmente buscado entre a sustentação na memorialística e na normatização de uma identidade que fosse, ao mesmo tempo, individual e gentílica, está a robustez do tradicionalismo rio-grandense como mito e sua eficiência como dogma. Seus engendradores – muitos ainda vivos e entre nós - abdicam da autoria, muitas vezes convencidos de que são realmente incorporações axiomáticas. Esse esquema relativamente simples funciona porque carrega consigo fragmentos emotivos do modo de vida real e imaginário dos sulinos. É campo fértil às fantasias e aos rituais garantidos por um robusto e intenso calendário de eventos, sustentado, em seus momentos grandiosos, por uma impressionante rede de comunicação moderna – televisões aberta e por assinatura, rádios, jornais, revistas e internet. Essa identidade, pois, está trançada e encravada no pau-de-fita do marketing.

Associada à corrupção do tempo, a depuração mais evidente do tradicionalismo é uma invenção “genealógica”, em que pretende eliminar a sua condição de filho bastardo da modernidade, como se desistisse ou a ela se incorporasse “ao seu jeito”. De fato, o tradicionalismo é o esforço relativamente contemporâneo para soldar na cultura uma “unidade indivisível” do ser fragmentado e descentrado. 

Entretanto, mesmo assim, a adequação entre sociedade desigual e cultura homogênea permanece evidente. Na verdade, a fricção do regional com o “imperialismo cultural” não passa de um estranhamento estético. Basta observar que os intelectuais e militantes orgânicos do tradicionalismo são, invariavelmente, expoentes da sociedade conservadora e organizadores dos seus rituais cívicos.

Em qualquer um dos momentos, a exemplo dos desfiles gauchescos em defesa da propriedade em todo o estado, as câmeras apenas estão documentando o lugar histórico-cultural assumido pelo tradicionalismo na sociedade real, concretizando politicamente as suas formulações mentais expressas no imaginário e suas vertentes estéticas.
Esse aspecto político-ideológico-cultural parece se revestir de tendência geral. Na história humana recente, não se encontra nenhum movimento tradicionalista relevante capaz de subverter o status quo socialmente vitorioso, exceto nas suas reversões dogmáticas fundamentalistas.

Portanto, quando se visualiza o “tradicional”-folclorismo, é necessário fazer uma superação teórica: não se trata de um movimento continuísta, que teria progredido coerentemente desde o passado; é, sim, a expressão de um dos segmentos da modernidade, que procura dar conforto de “unicidade” a seres fragmentados, que recriam um tempo e uma sociabilidade imaginária, que, também, conforma a realidade. Obviamente, o seu conteúdo entranha suas marcas no modo de vida contemporâneo.

Dessa forma, é necessário identificar a maternidade do movimento tradicionalista. Historicamente, tratou-se de um dos tantos rebentos singulares do impacto da modernidade industrial que se universalizou com sua força formatadora. Não foi por outro motivo que os esquecidos e singelos “Grêmios Gaúchos” da passagem do século XIX ao XX caducaram em seu tempo de predominância agropastoril e, depois, afloraram timidamente na versão do movimento tradicionalista no pós-II Guerra. Na nova forma, incluiu-se na esfera capitalista sem contradições substanciais, pois todos os seus elementos de hábitos e costumes foram incorporados também como mercadorias.

No transcurso de meio século, já é possível perceber as conexões entre modernidade e tradicionalidade e a inserção da segunda na primeira, superando as simploriedades teóricas que insistem em expô-las com excludentes, ou a segunda como reformadora da primeira. Foi no ventre do fordismo e da indústria cultural que o tradicionalismo foi gerado. Cavalgando imaginariamente, eis que apeia confortavelmente na globalização, como existência lúdica ou como produto da indústria cultural e mercadoria simbólica.
Não são poucos os autores que observam que a pós-modernidade potencializou um dos aspectos da sociedade capitalista contemporânea, convertendo as mercadorias em expressões imagéticas. Desse modo, como parte do todo, o tradicionalismo, em seu estilo neobarroco, adapta-se ainda em melhores condições no modo de produção vigente. Na vanguarda das reflexões, Fredric Jameson lembra que “o que caracteriza a pós-modernidade na área cultural é a supressão de tudo que esteja de fora da cultura comercial, a absorção de todas as formas de arte, alta e baixa, pelo processo de produção de imagens. Hoje, a imagem é a mercadoria e é por isso que é inútil esperar dela uma negação da lógica da produção de mercadorias; [...] todo apelo a ela no pseudo-esteticismo contemporâneo é uma manobra ideológica, e não um recurso criativo”. A tensão e a dificuldade de reconhecimento estético dos segmentos artísticos mais criativos e complexos no interior do próprio tradicionalismo somente serão compreendidos pela percepção da existência vigorosa de cânones mantidos por instrumentos de vigilância normatizantes, os quais reproduziram e mantêm comportamentos de controle espontâneo e gosto estético.
Essa força cultural do tradicionalismo advém de sua gênese modernista, o que vale dizer capitalista, e não de um pretenso mundo tradicional, cujos ícones não teriam sinergia emulante de comportamento de massa. É essa gênese que o converte em potencialidade mercadológica perfeitamente integrada ao mundo contemporâneo e impotente para se transformar em força cultural e política reformista (a mais recente ilusão de segmentos publicitários e partidários de diversos matizes ideológicos). Como singularidade da vida carrega a maldição que lhe impossibilita a universalidade, exceto como deturpação grosseira. De certa forma, a gauchidade possui o mesmo aspecto militante do totalitarismo do século XX. O totalitarismo gauchesco também possui a sua militância nos funcionários públicos, militares e civis, cujo ideário se involucra nas esferas do Estado, influenciam e determinam as questões estratégicas e da cotidianidade. De algum modo, urgem estudos que relacionem o gauchismo com a crise da sociedade rio-grandense. Certamente, muitos de seus elementos serão encontrados nas esferas políticas e estatais, e em um corpo técnico-burocrático, cujo imaginário, cultural e sentimento de pertencimento está voltado para o passado. Nesse processo, o que deveria ser o “devir” é um “revir”, com os agentes públicos e midiáticos voltados para um passado inventivo, um civismo de patriotada, de muito barulho e ostentação, mas de baixo impacto operativo na sociedade real.

O dilema político e social, do ponto de vista das políticas públicas, é como potencializar o ufanismo de orgulho pelo Rio Grande em sinergia modernizadora. Depois de meio século de organicidade tradicionalista, o movimento, como expressão hegemônica, já inoculou, irremediavelmente, na identidade sulina um ethos imaginário estancieiro e conservador, que estabeleceu cercas insuperáveis para assumir estéticas e plataformas democráticas de inclusão cidadã. A identidade é uma vivência da imaginação e, segundo o modelo tradicionalista, está povoada pela dignificação hierárquica do latifúndio como hipotético lugar da felicidade. Como resolver o problema de grande parte dos heróis regionais – senhores de escravos - estabelecidos como ícones simbólicos de modelos humanos a serem cultuados pelas novas gerações? Nesse particular, existe a necessidade teórica de fazer a distinção entre ícone/dogma/herói e objeto estético. No primeiro caso, apanha-se o ícone já elaborado como valor intrínseco à tradicionalidade, como um axioma a não ser mais alterado em seu sentido, ao passo que, no segundo enfoque, o ícone tomado como objeto estético, sobre ele incidirá a busca de seu conteúdo e as implicações complexas de seu sentido humano e social.

Ao contrário do que prega o movimento “tradicional”-folclórico, a construção da identidade como expressão espontânea é uma ilusão. A cultura singularizada também emana da organização social, não sendo necessariamente reflexo direto de seus padrões de produção. Somente prevalece como expressão cívica quando se expressa coerentemente e sem fraturas com a sociedade dominante. Obviedade? Vejamos uma síntese. Historicamente, o Rio Grande consolidou a sua expressão de forte identidade regional, todavia até recentemente não possuía perfil gauchesco, o que começou a ser inventado, de forma gradual, a partir de 1947, por um pequeno grupo de estudantes secundaristas. A sua primeira conversão foi em direção ao poder estatal e a segunda, à sociedade civil, criando uma corporação associativa. Imediatamente, seus intelectuais (menores, no âmbito estadual) criaram sistemas de visão regional e comportamental para serem cultuados. Estabeleceram os dogmas. E, a partir de um epicentro imaginado em Porto Alegre, foram se expandindo e se reproduzindo. E, permanentemente, desde o centro pensante do MTG, progrediram inventando as regras a serem repetidas.

Essas “tradições”, adotadas como “cultuação”, não passavam de recriações a partir de fragmentos colhidos pelos seus pesquisadores e ressignificados conforme seus interesses. E o sulino, que já existia historicamente há mais de dois séculos, que tomava chimarrão (herança guarani), vestia bombacha para o trabalho, tocava milonga, etc. antes do movimento tradicionalista, teve, surpreendentemente, subvertidos os seus sentidos, os quais foram redimensionados em um movimento cívico-cultural altamente ideologizado.
Em 1954, o tradicionalismo alojou-se (e impôs-se) como um dos tentáculos culturais do poder com a criação do Instituto Gaúcho de Tradição e Folclore, profissionalizando muitos dos seus mentores; em 1961, elaborou uma Carta de Princípios; e, em 1968, na contramão das inquietações libertárias e embevecido nas tertúlias do Palácio Piratini, baixou como norma o Manual do tradicionalista, para onde foi transferido todo o espírito de caserna da ditadura militar. Ao Rio Grande multicultural e rebelde foi “imposto” um dogma saneador. A partir de um centro tradicionalista legitimador, construíram-se sistemas de controle e de seleção, o aparte na boca do brete cultural do que poderia ser incluído no mangueirão do gauchesco ou refugado excludentemente do mundo da estância simbólica a que foi transformado o estado. Conseqüentemente, o tradicionalismo inventou também “o outro” excluído, dividindo a população rio-grandense em dois tipos. Para afirmar a sua individuação pilchada, necessitou também de uma alteridade interna, associada à alteridade nacional e à alteridade castelhana.
Entretanto, no âmbito regional, a missão tradicionalista não era/é ser diferente, inserir-se na multiplicidade social e afirmar-se como parte do todo. Nele não se encontra a defesa do princípio da diversidade. Ainda em seus primeiros anos, a diferença implicou a existência de elementos contraditórios para afirmar uma militância que “apregoava-se como legítimo representante do estado”. E o diferente, nessa lógica, deveria ser “aculturado”.

Historicamente, é possível comprovar esse movimento tradicionalista em uma cronologia. A tendência de anulação da diversidade originou-se em uma cruzada depuradora funcionalista. A sua lei maior é a Carta de Princípios, na qual consta que um dos objetivos sublimes da corporação é “estimular e incentivar o processo aculturativo do elemento imigrante e seus descendentes”. Não se necessita realizar nenhum vôo teórico mais complexo para perceber que, como norma sociocultural, essa Carta de Princípios expressa foros de intervenção normativa fascistizante no cotidiano. Esse documento-gênese está associado ao Manual do Tradicionalista, que funciona como encíclica militante, emulando a crença de que se deve “criar em nossos grupos sociais uma unidade psicológica, com modos de agir e pensar coletivamente”.

Além disso, pelas suas teses, poesias e músicas, o tradicionalismo converteu o pampa em “espaço” imanente da identidade, o lugar legitimador do rio-grandense. O “entre-lugar” plano. A aparente crise de não pertencer ao lugar pampeano é solucionada pela adoção comportamental de “parecer ser”, adotando-se um visual e um vocabulário típico. Esse aparente desconforto de origem não pampeana encontra parte de sua “solução” no comportamento tipicamente pós-moderno, palanqueado na imagem do “parecer ter” pertencido. A desterritorialização também é um elemento da pós-modernidade.

Nesse momento histórico, a noção de pertencimento rio-grandense quanto ao “homem médio”, ou seja, ao estado mental e cultural reciprocamente reconhecido no interior dessa abstração denominada “povo”, está marcada por uma visualidade que se coloca em tempos diferentes, porém encontra a sua identidade em um “espaço” simbólico, em um “vocabulário” e, vigorosamente, em uma imagem. Um fenômeno que se sustenta em tais elementos convoca, necessariamente, as reflexões de Gaston Bachelard, ao lembrar que “uma imagem singular – vale dizer, gauchesca – é um fato de grande significação ontológica”.

As gerações contemporâneas, por conta de diversos espaços “educativos”, “culturais” e, predominantemente, da mídia, ingressam e se desenvolvem em uma sociedade visualmente representada e dicotômica entre a tradicionalidade e a universalidade, porém flexionada para uma predominância da primeira na subjetividade individual. A imanência dessa realidade está diretamente relacionada à condição humana de que “a imagem vem antes do pensamento”, e seus elementos influenciarão na formação identitária. Não precisamos chancelar completamente as formulações de Bachelard, entretanto, tomando-o para uma reflexão entre a imagem e o ser, devemos considerar que a imagem “expressa-nos tornando-nos aquilo que ela expressa – noutras palavras, ela é ao mesmo tempo um devir de expressão e um devir do nosso ser. Aqui, a expressão cria o ser”. Bachelard tinha como preocupação a imagem poética. Ampliamos a sua reflexão para uma dimensão mais fenomênica da imagem estética e sua relação entre a representação e o ser social.

Mas retomemos os tempos históricos de construção do tradicionalismo. Percebe-se que as suas metas tiveram campo fértil na ditadura militar, que, instrumentalmente, promoveu o folclore e a “tradição”. Ao mesmo tempo, ganhava as massas e fazia frente às conturbações reivindicativas do nacional-popular e de outros movimentos de vanguarda. Para o golpe, a cultura deveria ser um espaço mental localizado no passado idealizado, preferencialmente de louvação à pátria e, vá lá, caso não complicasse a realidade, à região.

Então, os tradicionalistas, em piquetes subsidiários, assumiram seus postos. Ocuparam instâncias que iam desde mestres-de-cerimônia a secretários de Estado. Criaram departamentos na estrutura do poder, influenciaram os currículos escolares, canalizaram patrocínios aos seus eventos (a grande tropeada das verbas públicas para entidades gauchescas particulares), ocuparam a mídia, organizaram sistemas de culto cívico, multiplicaram os galpões de vivência pilchada nos quartéis da Brigada Militar e das Forças Armadas etc. Reordenaram, inclusive, uma versão litúrgica do catolicismo em uma Missa Crioula, dando potência bíblica ao poder oligárquico e à ordem. Deus, assim, foi ungido à figura de Patrão do Céu e Jesus Cristo, convertido em seu tropeiro para tanger o rebanho de almas rio-grandenses no latifúndio celeste. Mais uma vez, um instrumento da “civilização ocidental cristã” excluía as culturas sincréticas africanas e indígenas do imaginário de uma sociedade verdadeiramente mestiça e multicultural. Nessa liturgia, a união do Rio Grande está no passado, com os lenços encarnado e branco irmanados transversalmente na cruz.

Em um processo totalizador, os sentimentos telúricos de hábitos e costumes autenticamente rurais ou de inspiração latino-americana passaram a ser pressionados ao alinhamento cetegista.

Estruturando-se habilmente dessa forma, estribando-se na ditadura e sendo uma das suas expressões, o tradicionalismo se impôs como cultura normatizadora. E atingiu o “poder de disciplinar”, para lembrar, de passagem, Foucault. 

Transformou-se em um dos aparatos do que se convencionou chamar de “policiamento das populações modernas”, com mecanismos de “vigilância” e “regulação”. Ao mesmo tempo que organizou um sistema de reconhecimento e premiação em todos os níveis, do piá, do peão, da prenda, dos artistas, dos políticos, das figuras carismáticas, etc.

Com essa poderosa estrutura, organizou-se o “espelho” tradicionalista. Sem considerar a historicidade de sua constituição, nele, agora, se refletem os seres fragmentados como “integralidades”, conformados com o mundo em que vivem ou impotentes para modificá-lo (o termo mais correto seria “retrocedê-lo”). Nesse espelho está o sistema simbólico a que aderem e reinventam seus paradigmas fundantes, pois podem se agregar à imaginação e, inclusive, manterem-se exclusivamente como expressões abstratas da cultura, não tendo outra influência na sociedade que não a sinergia para um escapismo politicamente alienante e como agente reprodutor da indústria cultural e da pós-modernidade. Conseqüentemente, a identidade tradicionalista não difere da formação das outras identidades ao se elaborar como fase psicanaliticamente infantilizada, para aproveitarmos uma formulação de Lacan, ao se assumir por uma condição que se encontra fora do “eu”, na formatação realizada pelo olhar do “outro”, de maneira concreta, representado por toda a estrutura social e midiática de sustentação.

Atualmente, pelo trabalho do MTG associado à mídia, o Rio Grande do Sul se converteu no grande espelho lacaniano para os naturais ou descendentes dos rio-grandenses em outros estados ou países. Desterrados, fragmentados e “estrangeiros”, encontram a “integralidade” ilusória na imagem emanada pelo “espelho da origem”, migrando para o “entre-lugar” imaginário, onde todos se encontram no “revir”.

Por exemplo, quando os tradicionalistas impõem modelos curriculares, estão fazendo uma violação do estudante, que, inferior e dominado por forças simbólicas muito superiores a ele, encontra um espelho que já reflete a sua imagem pilchada. A sua identidade, mesmo que ele seja descendente de negros supliciados pelos estancieiros senhores de escravos no passado, assim como todas as demais identificações culturais formativas do Rio Grande, será, na verdade, uma conversão conformada à “imaginação dos outros”. Somente “será” enquanto projeção da representação do “outro”. Esse estudante não suportará a exclusão e, especialmente, na Semana Farroupilha, assumirá o uniforme da pilcha. A escola o vigiará e... o compensará.

Na periodicidade dessas comemorações, inclusive o seu vocabulário será adaptado e reduzido. Não para o saber (ou mesmo para ampliá-lo), mas para “viver” na esfera abstrata da identidade. Impotentes e sem força pedagógica, as observações de Saussure de que “a língua é um sistema social” serão relegadas. Derrida, com suas formulações de que as palavras são “multimoduladas”, carregando significados além do discurso pessoal, não passará de um cão sarnento escorraçado do ambiente escolar.

No Rio Grande do Sul, para auferir se uma escola está falida pedagogicamente, basta identificar a existência em sua estrutura de uma “invernada artística”, especialmente mirim. O educandário, o lugar ideal e constitucionalmente para “saber” e “compreender”, o espaço para aprender a “pensar”, quando se transforma em apêndice de CTG, manda a boa pedagogia (inclusive a conservadora erudita), que, para preservar a sanidade mental dos alunos, seja fechada. Essa escola deixou de ter função minimamente educativa, no sentido clássico do termo, e se converteu em instrumento ideológico, embretando o aluno de forma que veja difusamente o mundo a partir de uma estância simbólica.
O tradicionalismo abrange além do civismo pilchado, da formação de um estamento burocrático e das relações mercadológicas da indústria cultural. Ele está perfeitamente adequado também como “marca” aos bolsões internos das sociedades pós-industriais, definidas por alguns culturalmente como pós-modernas. É um movimento que se imagina como identidade e como “marca” através da criação de espaços imagéticos, nos aspectos simbólicos e mercadológicos. Não difere os métodos da Disneylândia (e a implantação das Disneyworld em diversos países), dos Jurassic Park, dos McEspaços, os nichos mais evidentes para uma vivência temporária de fantasia.

Assim como os demais fenômenos da pós-modernidade, o tradicionalismo também recria seus condomínios de “faz-de-conta”, os empreendimentos comerciais e turísticos, constituídos por cenários para temporadas de vivências de papéis futuristas ou correspondentes aos modos de vida a la antiga, mergulhadas no saudosismo. As corporações e a indústria turística exploram, por exemplo, cidades do velho oeste, mediante o pagamento de “ingresso”, o qual dá direito a uma passagem para o “tempo-caubói”, onde os consumidores “vivem” papéis antigos: montam a cavalo, conduzem gado, fazem duelos, vêem-se no meio de tiroteios, bebem em saloon, etc.

Nas últimas décadas, os tradicionalistas insistem nos empreendimentos de “tempo-gauchesco”. Entretanto, sob a maldição estamental, pretendem que seus projetos geralmente sejam departamentos do Estado ou subsidiados pelas verbas públicas. Essa concepção levada à política governamental reduz o estado a uma estância, em cujo espaço ritualizam simulacros do mundo preferencialmente oligárquico. Em sua amplitude, a pós-modernidade tradicionalista projeta o “estado-marca” e todos os seus nichos subsidiários (galpão, invernada, pampa, mangueira etc.), nos quais a identidade se torna possível não pelo pertencimento histórico, mas pelo pagamento do ingresso para a “vivência” ideal.

Faz parte da disputa inter-tradicionalista pelo capital simbólico a certificação de quem “é mais gaúcho”: a cidade, o CTG; os desafios musicais e de danças; as gineteadas e tiro de laço; as cavalgadas dos piquetes urbanos. Essa considerável operação nas esferas da identidade gentílica exclusiva e nos projetos das “localidades marca” procura validar um “capital simbólico” e adquirir potencialidade de “rendimento monopólico”. No entanto, essa validação depende da historicidade e, invariavelmente, do selo de autenticidade. De qualquer forma, a união dos processos de reanimação da identidade com o planejamento dos “espaços marca” é o recurso mais contemporâneo usado pelo gauchismo para se reproduzir.

Da soma de tudo, o Rio Grande passou a ser representado como “espaço de idealidade”, com organizações e preferências culturais de massa. Não pertencendo mais aos movimentos de relativa espontaneidade, o tradicionalismo se converteu no jeito gaúcho do fenômeno mundial das “cidades marcas”, que são expressões de uma privatização absoluta. Seu habitante é, em essência, um consumidor elevado à quinta-essência. Ele é o comprador de uma mercadoria e de um sonho.

Propostas de cópias gauchescas de Celebration, na Flórida (USA), considerada a primeira “cidade-marca”, aparecem a todo momento no Rio Grande do Sul. A mídia estimula a disputa pelo título de “cidade mais gaúcha”. Passo Fundo, por exemplo, ostenta tal certificação por decreto. A “cidade-marca” (e seus outros aspectos subsidiários dos “espaços-marca”) representa a “construção do casulo” elevado a uma dimensão radical. Ou seja, aspectos dos fragmentos que operam no mundo globalizado através das marcas foram conduzidos à totalidade. As marcas, dessa forma, ultrapassaram o utilitarismo imediato das mercadorias. Converteram-se em significantes. Nesse novo complexo, as mercadorias entram como partes de seus “condutos”. No cotidiano alimentam o dilema entre o ser e o parecer-ser, oferecendo um refúgio envolvente para aqueles que podem, economicamente, transportar-se para um cenário constituído de espaço de convivência idealizada. Para os demais, resta cultuar esse imaginário periodicamente entre as tarefas maçantes de seus cotidianos através de um farto calendário de eventos e povoar a imaginação na aderência à mídia gauchesca.

Em estágios extremos, mercadoria e sonho investido do parecer-ser passam a ser a mesma coisa.
A sociabilidade-marca, desse modo, constrói um “estilo de vida [] suficientemente completo para que seus clientes façam as malas e mudem-se para a marca”. Não por acaso, Celebration é uma cidade-marca da Disney, planejada “em torno do consumo”. Essas localidades transcendem ao mero uso dos produtos, elas se encerram na radicalidade do estabelecimento de um ethos idealizante, como lembrou Naomi Klein no texto “Marcas globais e poder corporativo” e no livro Sem logo.

O “estilo” das marcas na construção das identidades na pós-modernidade, invariavelmente, entra em tensão com a historicidade nas sociedades reais. Os “casulos”, ao se estabelecerem como dimensões fechadas de sentidos dogmáticos, estabelecem a perda do espaço público, terminam expropriando a comunidade também de seus lugares de manutenção e produção de sentidos, de reconhecimento gentílico. Em muitos casos, transformam-se em “significadores” do público, operando, na verdade, uma privatização. Inseridos na pós-modernidade, utilizando técnicas publicitárias, campanhas culturais, manuais de educação, calendários de celebração e artifícios cívico-ufanistas, os movimentos de disputa identitária militam sempre com a vontade de um absolutismo, o de impregnar o “público” com seu semblante e alma, convertendo-se no espelho da coletividade. Nessa circularidade, busca se apossar do sentido do público que, na verdade, tem uma origem criada na própria fração que procura impor a sua legitimação. Essa é a operação que acaba dando um poder aparentemente ilimitado para todos os tradicionalismos, os quais, em suas engrenagens imanentes, se transformam em movimentos fundamentalistas.

Na modernidade, as identidades gentílicas (com seus projetos de educação, cultura e, mesmo, turismo) estão diretamente vinculadas ao valor de seu “capital simbólico”, cujo dividendo deriva diretamente da história. O “capital simbólico” é, em-si, o veículo mais coerente entre o pertencimento identitário e o reconhecimento da contribuição de todos os segmentos formativos da sociabilidade. É da liquidez do capital simbólico que advém o “rendimento monopólico”. Ou seja, é a autenticidade, em primeiro lugar, que sustenta a identidade gentílica. Esse valor representado dimensiona a credibilidade dos projetos. Porém, como o saber depende da representação, a cultura se transformou em uma mercadoria especial, notadamente, como escreveu David Harvey, “em formas localizadas de vida, herança, memória coletiva e comunidades afetivas”. Em sua esfera estão os artífices do espelho identitário, os quais postulam que o grupo se reconheça neles, além de se elegerem como foco projetivo de um desejo manifestado na preferência de ser percebido externamente.

Por mais inventivas, a credibilidade e a possibilidade de reconhecimento, no aspecto simbólico, cultural e, mesmo, econômico, as identidades dependem de uma dialética entre a história e as formas de representação.

Portanto, os projetos pós-modernos de construção das identidades gentílicas, memorialistas, ou culturais, têm as suas consistências testadas pelos elementos constitutivos de suas histórias, ao certificar a coerência da autenticidade. Dessa forma, a densidade depende da seleção do capital simbólico, a ser operado nas instâncias públicas (formação interna da consciência) e na projeção externa, as formas de visualização para fora, a espera do reconhecimento.
O Rio Grande do Sul, por processos compreensíveis, acabou consagrando um “capital simbólico” de conteúdo conservador inspirado no mundo oligárquico. Ao operar pela “oficialização” gentílica, reinventa-se e recria-se através dos espaços da sociedade civil e do Estado. Os ideólogos e militantes tradicionalistas, através da luta política, conseguiram estabelecer um estamento burocrático de Estado, provendo suas existências e a organização que representam. A estabelecerem e oficializarem o modelo, diversos mecanismos desencadearam as “reproduções espontâneas”. A mídia, invariavelmente sustentada pelas verbas públicas, se converteu no sistema capacitador de sustentação de impressionante conteúdo imagético conservador.

Colocando-se como sucedâneo do mundo estancieiro, escolhendo seus heróis entre a oligarquia escravocrata, especulando com a emotividade da sacralização da espacialidade, implantando “espaços-marca”, o tradicionalismo opera como um totalitarismo político e socialmente conservador, imaginando-se como identidade gentílica e estamento no interior do Estado, revelando-se como uma força anti-republicana. Sustentado no Estado, na sociedade civil e na mídia, o “tautismo” gauchesco, como vício discursivo e comportamental fechado e alimentado exclusivamente no “revir”, supera hegemonicamente os demais segmentos identificativos do Rio Grande. O Brasil sulino, multicultural e multi-étnico, ainda não depurou seus entulhos retrógrados, não absorveu as outras visibilidades culturais, ou sequer estabeleceu conversações legitimadas e equalizantes entre elas. Da especulação da emotividade à expressão da indústria cultural na forma pilchada, o tradicionalismo impera sobre todos com o espectro da identidade regional. Esta é a projeção vencedora dos indivíduos que a inventaram e que a sustentam. Em sua origem, se fossem personagens com outro universo mental, a identidade, como criação dos homens, seria diferente e poderia ter, inclusive a mesma ou superior força telúrica.

Entretanto, as combinações de todas as forças emanadas no tradicionalismo produzem o “revir”: uma sociedade voltada para o passado.