sábado, 30 de junho de 2012

Biodiversidade, Sociodiversidade e Democracia: pontes de uma mesma luta

* Como não poderia deixar de ser, em minha infância nos anos 70 e 80 era praticamente inadmissível meninos brincar com meninas - ainda é, mas antes, mais rigorosamente. Mas observei sempre as opções das meninas por bonecas brancas, loiras, ruivas, etc. A negritude sempre foi rejeitada pela indústria dos brinquedos. Hoje, mais por um certo modismo do que por uma proposta de igualdade, começa a surgir algumas coisas diferentes. Sempre salutar, porque a infância pode definir muitas coisas.


Do álbum "Quer brincar comigo". Facebook.




* Passei o final da tarde de ontem com minha colega Mariana, também jornalista. O motivo do encontro envolveu a perspectiva de organização de um coletivo de trabalho, como modo de criar e difundir ideias e projetos na área de cultura. Em nosso bate-papo, atentamos para desviar dos padrões tradicionais que aprisionam a experiência profissional em caixinhas, e limitam a criatividade e o prazer no exercício de um ofício. Avançamos, mas foi só um começo.


* Salutar a manifestação dos estudantes da Unila contra o golpe parlamentar no Paraguai. A ação demonstra que aquela universidade está atenta ao que ocorre na Região, não apenas em sala de aula, mas na perspectiva de inserir a vida acadêmica nos acontecimentos vitais da vida democrática local. É um exemplo anos luz a frente de muitas instituições de ensino superior, que ainda se fecham miseravelmente na arrogância e mercantilização de um pseudo-saber, cada vez mais desmascarado como mera fábrica de mentes instrumentalizadas convenientemente para o mercado. 

28.06.2012
Integração em prática
Foto: site Unila
O processo político que destituiu do cargo o presidente do Paraguai, Fernando Lugo, na última sexta-feira (22), transformou em sólido o que antes fluía no campo das ideias quando da criação da Universidade Federal da Integração Latino-Americana (UNILA). O princípio de integração, que norteia os rumos da Universidade e está presente em todos os documentos fundantes, tem sido materializado sob a forma de manifestações pacíficas via redes sociais e nas ruas de Foz do Iguaçu, no Brasil, e Ciudad del Este e Asunción, no Paraguai. A expressão destas manifestações nos últimos dias, ainda, tem atingido os meios de comunicação e periódicos científicos por meio de análises críticas, entrevistas e relatos por parte dos envolvidos.

Origem do material e textona íntegra: Unila.


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Cartilha da Agrobiodiversidade
Praticada há séculos pelas famílias agricultoras e populações tradicionais de todo o mundo, a agricultura tradicional foi e continua sendo responsável pela domesticação e preservação das variedades crioulas, cada vez mais ameaçadas pelas técnicas utilizadas na produção monocultural.  Na Cartilha da Biodiversidade estão reunidas as informações que resultam de mais de duas décadas de diálogo entre a equipe do Centro Ecológico, agricultoras e agricultores da Serra e do Litoral Norte do Rio Grande do Sul, entidades e movimentos que se dedicam ao resgate e conservação deste patrimônio genético que representa o passado e o futuro da humanidade. Como selecionar, plantar, armazenar, trocar e peletizar sementes, são alguns conhecimentos partilhados através deste material. Baixe, gratuitamente, a Cartilha da Agrobiodiversidade.
Texto e Foto: Biodiverisdadla.



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Quênia, um País que adotou o celular como instrumento de circulação econômica, integração e turismo.

sexta-feira, 29 de junho de 2012

Contradições sociais entre o moderno e os diferentes






As sociedades, todas elas, vivem mesmo sob contradições. Em pleno século XXI, que aparentemente se parece viver com extremas liberdades, é exatamente onde enxergamos as idéias e atos mais bárbaros contra o livre pensamento e expressão. É sintomático sobre isso o movimento liderado pelo pastor Silas Malafaia, com a participação de segmentos católicos e evangélicos, que no início desse mês levou a Brasília 1 milhão de assinaturas contra o Projeto de Lei 122/2006, que aumenta a pena para quem discrimina homossexuais. Estamos mesmo em tempos de contradição. O argumento da Paz serve para promover a Guerra. E Cristo se torna base para tudo, tudo mesmo.

* Jornalistas debatem no Seminário Internacional Operação Condor
Evento pretende aprofundar avaliação da ação repressiva dos governos militares
Os jornalistas gaúchos Luiz Cláudio Cunha e Nilson Mariano, junto com Monica Gonzalez, do Chile, e Roger Rodriguez e Samuel Blixen, do Uruguai, estão entre os profissionais que palestrarão no Seminário Internacional sobre a Operação Condor, programado para os dias 4 e 5 de julho, no Auditório Nereu Ramos, da Câmara dos Deputados. Programação, que pode ser conferida em http://migre.me/9EBRL. Interessados em participar da coletiva devem confirmar presença até esta quinta-feira, 28, pelo fone 61-3216-6570.
Reproduzido do Coletiva Net

* Prefeitura de São Paulo quer proibir ‘sopão’ no centro, diz jornal
Da Redação
“A Prefeitura de São Paulo estuda acabar, dentro de 30 dias, com a distribuição gratuita do sopão oferecido por 48 instituições de serviço voluntário à moradores de rua, conforme noticiou o Jornal da Tarde. Segundo a Secretaria Municipal de Segurança Urbana, as entidades sociais terão que distribuir o alimento apenas nas nove tendas da prefeitura, como são conhecidos os espaços que atendem os moradores de rua durante o dia. O descumprimento da decisão da prefeitura pode acarretar em multas para as entidades.”. Do Sul 21

quinta-feira, 28 de junho de 2012

Riquezas do Norte


As riquezas do Norte, em reportagem especial na Record, por Luiz Carlos Azenha.

O Paraguai: de tropéis e tropelias


O Paraguai: de tropéis e tropelias

No dia em que Fernando Lugo foi deposto da presidência, ninguém ouviu, pelas ruas de Assunção, os tropéis da cavalaria. Mas todos, em Assunção e no resto do mundo, constataram as tropelias do Congresso, que, em exatas 30 horas, fulminou o sonho fugaz de resgatar um país. No lugar de taques e canhões, sabidos e vendilhões. Nada mudou: quem de novo leva a melhor é a mesma súcia de sempre. Tentou governar com um Congresso hostil, que impediu que seu governo avançasse um passo sequer rumo à prometida ruptura com o passado. O artigo é de Eric Nepomuceno.

E como o que aconteceu de novo em uma das nossas comarcas, apesar de todos os esforços e esperanças, acontecido está, me resta roubar o título de um livro de meu bom amigo, o escritor nicaragüense Sergio Ramírez, para falar do Paraguai: De tropéis e tropelias.

No dia em que Fernando Lugo foi deposto da presidência, ninguém ouviu, pelas ruas de Assunção, os tropéis da cavalaria. Mas todos, em Assunção e no resto do mundo, constataram as tropelias do Congresso, que, em exatas 30 horas, fulminou o sonho fugaz de resgatar um país. No lugar de taques e canhões, sabidos e vendilhões. Nada mudou: quem de novo leva a melhor é a mesma súcia de sempre. 

Quando foi eleito, Fernando Lugo, bispo militante da Teoria da Libertação, tinha 57 anos. Sim: era e é mais um dos milhões de paraguaios nascidos debaixo de seis décadas do jugo cruel do Partido Colorado, da ditadura sanguinária e corrupta de Alfredo Stroessner e seus herdeiros. E que agora vê como tudo pode voltar ao que era.

O que aconteceu, acontecido está, porque a queda de Fernando Lugo, mais do que irreversível, foi calculada com a meticulosidade de um cirurgião hábil, que sabe o momento exato da amputação. 

Pois esse cirurgião atende por um nome tão amplo como dúbio: sistema. 
E, em se tratando do Paraguai, o sistema é complicado. Significa interesses que vão do uso descontrolado de agrotóxicos ao tráfico de armas e drogas, da ocupação de terras públicas à corrupção mais desavergonhada, do controle do poder pelas Forças Armadas ao poder de controlar as próprias Forças Armadas. 

Enfim, tudo que pode dominar, e domina, um país que vem de uma tenebrosa trajetória de barbáries e espoliações. 

A nove meses da eleição que definiria o sucessor de Fernando Lugo, os limites de tolerância do sistema de sempre se esgotaram. 

As forças de domínio desse país sacrificado e sufocado – o Partido Colorado e suas ramificações de um lado, e de outro seus adversários reunidos debaixo de um nome pomposo e mais extenso que seu caráter, o Partido dos Liberais Radicais Autênticos – se uniram para extirpar a figura incômoda de um presidente eleito por 41% dos paraguaios, e que reuniu punhados de sonhos e esperanças. E que em boa medida não cumpriu porque, como dizia em uma canção outro bom amigo, o uruguaio Alfredo Zitarroza, ‘quis querer, mas não pôde poder.’ 

Não se trata – esse desfiladeiro entre querer e poder – de algo novo na história da América Latina. Ainda assim, o processo que se iniciou com a candidatura de Fernando Lugo, sua eleição, seu governo, e sua deposição, surge como alerta exemplar para todos – todos – os países da região. 
Por exemplo: por que fulminá-lo agora, quando faltavam nove meses para o fim de seu mandato? E por que de maneira tão precipitada? 

Houve quem dissesse que a rapidez era necessária para impedir que colunas de camponeses sem terra se mobilizassem, no interior, rumo a Assunção. Pode ser que tivessem razão. Pode ser.

Outro exemplo: por que agora, faltando nove meses para o processo eleitoral que definiria o sucessor de Lugo? 

Há quem diga que para que as forças de sempre, os colorados e os liberais, se reorganizem para repartir o butim. Pode ser.

Existem questões, porém, que pairam sobre esses aspectos, e que dizem respeito direto ao Brasil.

O Paraguai é hoje o quarto ou quinto maior exportador de soja do planeta. E cerca de 70% dessa soja é plantada por brasileiros que, ao longo de trinta ou quarenta anos, se afincaram no país. A imensa maioria desses brasileiros comprou títulos altamente duvidosos, sabendo que eram duvidosos. Durante décadas a ditadura de Stroessner vendeu e revendeu terras públicas de maneira ilegal. Afastado o verdugo, fatiada sua herança, essas terras continuaram sendo negociadas de maneira ilegal. 

E quem julgava a legalidade ou ilegalidade? Um poder judiciário imposto por Stroessner ou seus herdeiros. E julgava com base numa legislação, feita por um poder legislativo criado e cevado pelo mesmo sistema. 

Para entender a queda de Lugo, é importante recordar que ele se elegeu pelo voto de quem nunca teve voz, e jamais teve a própria existência reconhecida. Foi eleito, além do mais, com o apoio de uma rede de partidos e interesses que correspondia a qualquer coisa – menos ao que ele se propunha a fazer. 

Tentou governar com um Congresso hostil, que impediu que seu governo avançasse um passo sequer rumo à prometida ruptura com o passado. 
Um governo erguido sobre raízes tão frágeis poderia reagir à tentação de permanecer nas mãos dos mesmos de sempre?

E daí vem outra pergunta: um Estado tão frágil poderá sobreviver sem o apoio decidido de seus vizinhos? Acho que não. 

Ontem, sem querer, ao escrever sobre o Paraguai, mencionei o novo presidente Francisco Franco. Erro evidente: o Franco em questão é Federico, não Francisco. 

Francisco Franco foi aquele espanhol baixinho e barrigudo que imperou sobre a Espanha, a sangue e fogo, durante quase quatro décadas, e, alucinado pelo próprio poder, isolou a Espanha do mundo.

Agora, depois de anos de isolamento e asfixia, o Paraguai merece ao menos a chance de tentar mudar. E nos resta ver até que ponto existem diferenças entre Federico Franco e Francisco Franco, entre a Espanha das trevas e o Paraguai entrevado. 

Diante da Espanha de Francisco Franco, a Europa se calou. 

Diante do Paraguai de Federico Franco, a América Latina seguirá o exemplo?

É de se esperar que não.

Sobre os riscadores que estragam a estética da ordem


Foto: http://lisandronogueira.blogspot.com.br/
Tenho afinidade com a proteção ao patrimônio público. O que a todos pertencem, deve ser preservado, não há dúvidas. Mas também considero que a pichação e os pichadores ainda são insuficiente ou equivocadamente interpretados e abordados, tanto pelos governos, quanto pelo meio artístico tradicional, e demais segmentos da intelectualidade. A tendência é a pura e simples criminalização, um enfoque bem comprado e difundido pela mídia comportada moralmente, mas que serve muito mais para fortalecer a segregação entre os identificados com o que é "bonito" e "feio". Se é fato que é necessário inibir e superar a prática da depredação ao patrimônio público, não é menos verdade que um caminho construtivo e humanitário para isso envole uma análise mais complexa do que está por trás desses grupos. Não no sentido de criminalizá-los, simplesmente, como quer uma elite odiosa contra o que não agrada-lhe aos olhos; mas no sentido de determinar o que está por trás do ato da pichação e como essas cultura e essas relações podem ser revertidas para relações sociais mais saudáveis e emancipadoras.

*Rede de relacionamentos e trocas é a principal motivação dos jovens pichadores
Pesquisa apresentada na FFLCH destaca a importância da sociabilidade para os pichadores de São Paulo. Durante quatro anos, antropólogo visitou "points" freqüentados por esses jovens na cidade de São Paulo
“O pesquisador enfatiza que a transgressão também é um elemento que ajuda a explicar os motivos da pichação. Mas ele não é tão forte como a rede de sociabilidade. "Eles picham, sobretudo, para seus pares. O protesto existe, mas não é central, não tem um alvo muito definido." A transgressão está, por exemplo, nos nomes dos grupos, como Delinqüentes, Arteiros, Acusados, Os mais imundos e Lixomania. "A referência constante à sujeira surge da marginalização da pichação na sociedade. Aquilo que não se entende é considerado lixo", explica o antropólogo”. Matéria completa aqui.

quarta-feira, 27 de junho de 2012

A disssimulação e a super-exploração, faces de um mesmo modelo social

Às vezes me volto a pensar sobre esse papo de sociedade liberal, de que vivemos em um tempo de mais liberdades do que em outros tempos, e me dou conta do quanto isso é um mito, considerando que o que realmente reina como poder, não são os governos mais a moral. Não há dúvidas que a questão da orientação dos costumes e do comportamento é o grande centro do poder sobre sobre tudo e sobre todos. A Igreja já sabia disso há séculos; a Globo está se especializando e apostando cada vez mais nisso nessas últimas décadas. Talvez fosse o caso de se acrescentar que conviver em meio a esse poder gerou no Brasil, a partir de nossa raiz “cordial”, um outro elemento típico de ser: a dissimulação. E no sentido contrário a isso, cada vez mais raro - e por isso mesmo valioso - a sinceridade se valoriza progressivamente.
* A  postura da jornalista Elaine Tavares sobre a situação de maus-tratos pela Eucatur a um motorista é exemplar. A modernidade, de fato, significa conforto apenas para certos segmentos e super-exploração para outros. Passei situação parecida em várias vezes, em empresas de SC, SP e RS. Confira trecho:
 “Ao chegar fui fazer a reclamação na empresa. Nem bem entrei os funcionários me cercaram. “É sobre o atraso. Aqui o formulário”. Eu disse: “não é o atraso. Quero reclamar do terrorismo psicológico que foi feito contra um trabalhador”. Eles se entreolharam. Uma mulher saiu, acusando: “O Geraldo demorou a chamar ajuda”. Ou seja, o motorista já tinha sido julgado pelos colegas. Fora o culpado, exatamente como ele mesmo já se sentira lá na estrada. Aí alucinei e me parei a dar discurso. “Vocês são todos trabalhadores, iguais a ele. Deviam se proteger, se ajudar. Mas não, ficam aí a defender patrão. Ele cumpriu as regras impostas pela empresa. Fez o que pode e o que não pode. Que ninguém agora vá culpar o cara por isso. Era o que faltava”. E tudo isso aos gritos, enquanto as pessoas paravam para ver. Fui à agência que fiscaliza o transporte: nada podem fazer. Saí dali desolada e impotente”. Veja a história toda no Palavras Insurgentes
*O bispo é um pecador, é verdade, mas menos pecador do que muitos outros prelados da Igreja. Ele, ao gerar filhos, agiu como um homem comum. Outros foram muito mais adiante nos pecados da carne — sem falar em outros deslizes, da mesma gravidade — e têm sido “compreendidos” e protegidos pela alta hierarquia da Igreja. O maior pecado de Lugo é o de defender os pobres, de retornar aos postulados da Teologia da Libertação. Em - Santayana: O golpe no Paraguai e a Tríplice Fronteira, no Viomundo.

* Escuta, Zé Ninguém não foi necessariamente o trabalho mais importante de Wilhelm Reich, mas é uma obra preciosa a ser lida para quem quer compreender melhor como funciona as relações de poder na sociedade capitalista. Sobre a obra e esse autor leia um pouco aqui.

terça-feira, 26 de junho de 2012

Reverter a redução dos espaços que a Todos passaram a pertencer

Foto: Sul 21
A cidade, de alguma forma, se confunde com a gente. Com o tempo de vivência em um lugar, estamos a ele vinculados afetivamente. Mas se fosse só essa dimensão individual da identificação das pessoas com os espaços sociais, o problema do fechamento de ambientes tradicionais não seria tão dramático - embora, em si, justificasse a perturbação coletiva. Mas se soma a isso o valor histórico e cultural. Não é a História apenas um museu, e não é cultura apenas um teatro. As interações e laços que se estabelecem a partir do cotidiano também compõe um mosaico riquíssimo, insubstituível - ainda que dispensável a uma certa modernidade. É disso que me parece falar o sintético, mas consistente artigo de Rafaela Barboza no Sul 21, sobre a necessidade de se resisitir ao fechamento do bar Tutti, das escadarias das Borges. Essa idéia de pertencimento também está, em um outro nível, nos eleitores que votaram em Lugo, no Paraguai, e que agora precisam engolir outra coisa.

* “Sei que a inadimplência é indefensável e não podemos abrir precedentes, só que o Tutti faz parte de mim e de muita gente. Com o fechamento do bar, perderemos muito. Porto Alegre perderá. Não podemos deixar que a nossa história se perca. Nós, porto-alegrenses, temos que manter vivo o bar. Queremos poder passar pela escadaria da Borges à noite e sabermos que estamos seguros. E queremos desfrutar de um dos pontos mais belos que temos na cidade. Vamos tornar o Tutti Patrimônio Cultural de Porto Alegre.” (Por Rafaela Barboza, no Sul 21)

* Movimentos sociais e simpatizantes do ex-presidente Lugo estão se articulando para realizar um megaprotesto para reverter sua destituição ou, ao menos, antecipar a realização das próximas eleições no Paraguai. (Agestado).

Foto: Agência Brasil
* Uma série de pesquisas realizadas no Brasil mostra que as desigualdades social e racial típicas do país desde a época colonial marcam também a prática do aborto. “As características mais comuns das mulheres que fazem o primeiro aborto é a idade até 19 anos, a cor negra e com filhos", descreve em artigo científico inédito a antropóloga Débora Diniz, da Universidade de Brasília (UnB) e do Instituto de Bioética, Direitos Humanos e Gênero (Anis), e o sociólogo Marcelo Medeiros, também da UnB e do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). (...) Diniz e Medeiros coordenaram, entre agosto de 2010 e fevereiro de 2011, levantamento com 122 mulheres entre 19 e 39 anos residentes em Belém, Brasília, Porto Alegre, no Rio de Janeiro e em Salvador. Segundo os autores, a diferenciação sociorracial é percebida até no acompanhamento durante o procedimento médico. “As mulheres negras relatam menos a presença dos companheiros do que as mulheres brancas”, registram os pesquisadores. “Dez mulheres informaram ter abortado sozinhas e sem auxílio, quase todas eram negras, com baixa escolaridade [ensino fundamental] e quatro delas mais jovens que 21 anos”. Compilação: Agência Brasil - 24/06/2012 - 11h37, Nacional Saúde

* “É que a voz do homem a ouvimos todos os dias, em nossa cultura legalizamos a expressão masculina mesmo através da palavra da mulher, comentou à Prensa Latina Jorgelina Cerritos, dramaturga salvadorenha, prêmio Casa das Américas 2010 e “mulher que escreve a partir da voz da mulher”. (Prensa Latina)

* Prefeitura prepara criação da Coordenadoria Especial de Animais - A Coordenadoria deverá atuar juntamente com outras secretarias municipais como Saúde (SMS), Serviços Urbanos (Smsu), Segurança Pública (Smasp), através do Grupamento com Cães da Guarda Municipal e Fundação do Meio Ambiente (FMMA). Questões pontuais como o cuidado com todo tipo de animais da cidade, campanhas de adoção dos cães do Canil Municipal, além da posse responsável serão realizadas pelo órgão (...). (Prefeitura de Gravataí, 25/6)
Foto: Prefeitura de Canoas / Secom
* 175 jovens, moradores do bairro Guajuviras, se formaram ontem no Protejo, durante solenidade no Salão Bordô, do Unilasalle em Canoas. Protejo - O Protejo consiste na implementação de um centro de formação e espaço de convivência para jovens chamado: Casa das Juventudes. Foi realizado a sensibilização de jovens em direitos humanos, formando-os(as) para a cidadania, através do Núcleo de Direitos Humanos. A parceria do Governo Federal com o municipio, desenvolvido na Casa das Juventudes, realiza por meio de programas de formação e inclusão social de jovens de 15 a 24 anos. (...) (Priscila de Freitas, Prefeitura de Canoas).





segunda-feira, 25 de junho de 2012

Outras faces revelam atores tradicionais nos bastidores do Golpe no Paraguay

Manifestação contrao Golpe em Assunción
Foto: Diario LibreRed.Net (Facebook)

Dr. Rosinha: Paraguai, golpe parlamentar orquestrado

publicado em 24 de junho de 2012 às 19:33 no blog Viomundo
por Dr. Rosinha, especial para o Viomundo

Uns dizem que a terra é pública, do Estado. Um fazendeiro diz que a terra é dele, mas não apresenta prova convincente. Esta mesma área é ocupada por alguns trabalhadores rurais, menos de uma centena de famílias.

Um juiz dá uma ordem de despejo. Acusa-se o fazendeiro de ter infiltrado, entre os trabalhadores, homens fortemente armados. Policiais, também armados, chegam para cumprir a ordem de despejo dada pelo juiz, ligado ao partido de oposição ao governo e sobre quem há suspeita de que tenha sido corrompido.

Durante a execução da ordem, ocorre um conflito. Nele, morrem 17 pessoas, sete ou oito policiais e nove ou dez campesinos. Pelo menos outras 50 pessoas saem feridas. Os números não são precisos, dependem da fonte. Este é um breve relato do sangrento conflito agrário ocorrido no último dia 15 em Canindeyú, região Noroeste do Paraguai, fronteira com o Brasil.
Dirigente do Movimento dos Campesinos, José Rodríguez afirma o seguinte: “As famílias estabelecidas na fazenda só resistiram ao despejo e não foram as culpadas dos disparos contra a polícia”. Chega a afirmar também que “pudo haber sido un autoatentado de la policía” [“Desalojo, sangre y fuego en Paraguay”, Página 12, 16/06/2012], para justificar as mortes dos sem-terra. Se isto for verdade, mostra do que são capazes a polícia corrupta e os que se dizem donos de grandes extensões de terra no Paraguai, inclusive alguns brasileiros.
Quem afirma que a terra lhe pertence é o empresário e fazendeiro Blas Riquelme, ex-senador do Partido Colorado, de oposição ao governo Lugo. Riquelme afirma que comprou a terra do Estado durante a ditadura do general Alfredo Stroessner (1954-1989). Militantes pela reforma agrária afirmam que a terra é pública, e que o ex-senador foi favorecido pelo ditador que lhe concedeu a área.

A partir destes fatos, a oposição, entre os quais o Partido Colorado (partido do fazendeiro e do juiz) e a Unión Nacional de Ciudadanos Éticos (ironia no próprio nome), partido dos oviedistas (seguidores de Lino Oviedo), com apoio do Partido Liberal Radical Autêntico, a que pertence o vice-presidente, passam a responsabilizar o presidente Fernando Lugo pelas mortes.

Quarta feira, 20 de junho: Lugo anuncia a criação de uma comissão especial para investigar a razão da violência e as causas das mortes. Antes, porém, no dia 16, o presidente já havia aceitado, como exigia a oposição, a renúncia do seu ministro do Interior, Carlos Filizzola, e de seu chefe de Polícia. Não foi suficiente, pois a oposição quer o golpe. Um golpe com cara de legalidade, semelhante àquele que ocorreu em Honduras, há exatos três anos, em junho de 2009.

A comissão especial não começou a trabalhar. Mas seu trabalho não interessava a oposição, pois esta trabalha com versões e não com fatos. E as versões continuam: alguns afirmam que os campesinos emboscaram os policiais. Outros culpam a polícia. O que menos importa para a oposição é apurar como tudo ocorreu. Apurar a verdade.

A ela importa a versão do fato e, a partir daí, punir o ‘culpado’ (Fernando Lugo). Culpado não pelo trágico fato, mas o culpado identificado pela versão que a oposição criou.
O conflito ocorreu no dia 15, e já no dia seguinte começou a ser veiculado publicamente que a oposição tentaria um impeachment, batizado pela própria oposição de “juicio político” de Lugo. A oposição utilizou o conflito com o objetivo de criar a condição para o “juicio político” do presidente.

Sobre este “juicio”, o ministro do Interior (agora ex), Carlos Filizzola, afirmou que “no existen ni pies ni cabezas, ni argumento alguno” [“Desalojo, sangre y fuego en Paraguay”, Página 12, 16/06/2012] para solicitar o “juicio” político de Lugo como pediu o presidente da Unión de Gremios de la Producción (a UDR do Paraguai, onde se aglutinam os “ruralistas”, brasileiros ou não, daquele país), Héctor Cristaldo. Já no dia seguinte ao conflito, foi pedido o impeachment.

A questão da terra no Paraguai é um dos mais complexos problemas. Os grandes proprietários são acusados, com algumas exceções, de apoderarem-se da terra através de métodos ilegais, como, por exemplo, favorecimento do ditador Stroessner. O ditador expropriava a terra de seus adversários e dava a seus correligionários do Partido Colorado. E nesta questionada situação está a terra de Blas Riquelme.

O empresário, fazendeiro e ex-senador do Partido Colorado é conhecido pela riqueza e por várias frases célebres, tais como: “o sujeito lavou as mãos como Pitágoras”, ou “a la oposición nada le gusta, nada le conforma, son como el perro de Don Ortellado, no comen ni dejan comer” [‘Político, empresário e dirigente’, Pagina12, 16/6/2012). Porém, agora, a oposição, da qual faz parte Riquelme, soltou todos seus ferozes cães contra Lugo e, mais uma vez, contra o povo paraguaio.

Riquelme também foi denunciado por suposta fraude eleitoral nas eleições internas do Partido Colorado, realizadas em 27 de dezembro de 1992 (repare a data: 27 de dezembro, entre natal e ano novo). Também foi presidente do Cerro Porteño entre 1972 e 1974 e é hoje um dos homens mais ricos do Paraguai.

No final da tarde do dia 21 (quinta-feira), depois de o impeachment ter sido já aprovado (73 votos a favor e um contra) pelos deputados, sem sequer direito de defesa, fiquei ouvindo uma rádio (não me recordo o nome), via internet, de Assunção.
Ouvi de alguns parlamentares paraguaios algumas pérolas, se não da qualidade das de Blas Riquelme, muito próximas. Como a audição não estava perfeita, não consegui anotar os nomes, mas parte do que afirmavam.

Um parlamentar justificava que não era um golpe de Estado, que não é a ruptura de um processo democrático, pois há “um vice democraticamente eleito”. Outro, na eminência da cassação, dizia que Lugo não quer “renunciar porque não quer soltar a mamadeira”.
Um terceiro argumentava que a renúncia seria importante para “descomprimir a situação”. Já um quarto, abusando da condição de o presidente ser um ex-bispo, pedia a Deus para que iluminasse a “Lugo pela primeira vez”.

Estes parlamentares não apresentaram, enquanto ouvi, nenhum argumento sério que justificasse o impeachment de Lugo. Era quase que o pedido de “pelo amor de Deus”, renuncie. Tive a impressão de que eles queriam lavar as mãos (Riquelme deve responder se como Pilatos ou como Pitágoras) para não cometer uma injustiça, mais um ato contra a democracia, contra o Estado de Direito.

Quando o pedido de “juicio” político chegou ao Senado, as cartas já estavam dadas e marcadas, tanto que o senador e presidente do Congresso Nacional paraguaio, Jorge Oviedo Matto, eleito pelo Unase, partido fundado pelo General golpista Lino Oviedo, acusou o presidente Lugo de ser cúmplice das mortes no conflito de Camendiyú:

“Acá no hay que hablar de jefe de policía ni de ministro, acá el presidente Lugo es el responsable de la seguridad interna, las fuerzas del orden están a su cargo. Esto no puede seguir así”, enfatizó. Ante la posibilidad de que los autores del asesinato de los policías fueran miembros del grupo denominado Ejército del Pueblo Paraguayo (EPP), indicó que el mismo hace tiempo debía haber sido eliminado por las fuerzas de seguridad, de existir voluntad para ello (“El congreso amenaza a Lugo”, Página 12, 16/06/2012).

Sabem os paraguaios que o EPP é mais ficção e versão que fato.
As declarações do senador Oviedo, horas depois do conflito, mostra a predisposição da oposição: não apurar os fatos, mas trabalhar com uma versão.
Em declaração a Dario Pignotto (“Paraguai: fazendeiros estariam por trás da morte de camponeses”, Agência Carta Maior, 17/6/2012), Damasio Quiroga, secretário geral do Movimento Campesino Paraguaio, declarou:

“O que aconteceu foi uma matança contra nossos companheiros, muitas mentiras estão sendo ditas para prejudicar o que a gente disse dos camponeses que estão lutando por terra para trabalhar, que estão lutando pelo direito à reforma agrária. Confirmo que, até esse momento, são 12 os companheiros que foram assassinados [...] Também ficamos sabendo que alguns foram executados depois de terem sido presos”.

Versões continuaram desde o conflito até o dia do impeachment. A oposição canta vitória, no entanto, não se sabe como exatamente ocorreram os fatos. Não se conhece a verdade. Foi conflito ou enfrentamento? Quantas pessoas participaram? Quantas eram? Quantos foram os feridos? Havia capangas infiltrados? Houve execução? Houve autoatentado? Nada disso interessa para a oposição. A ela não importa o fato, mas sim a versão. Usando a versão, cassaram um presidente. Deram um golpe (branco) de Estado.

Fernando Lugo foi eleito presidente do Paraguai em 2008 quebrando uma hegemonia de 35 anos do Partido Colorado. Tomou posse em 15 de agosto de 2008 para um mandato de cinco anos, até agosto de 2013. Foi o primeiro governo, desde o fim da ditadura, sem vínculos com o ditador Stroessner.

Nunca foi tolerado pelo Partido Colorado, pelo Unase e tampouco pelo PLRA (Partido Liberal Radical Autentico), este último, seu “aliado”.

Todos no Paraguai sabem que a polícia, o exército e todo o aparato estatal do Paraguai sempre foi instrumento dos ricos empresários, fazendeiros e da elite política.
Lugo não teve apoio do Congresso paraguaio para desbaratar este aparato estatal. Consequência: mais uma vez, não apenas Lugo, mas o povo paraguaio é vítima deste Estado.

Dr. Rosinha, deputado-federal (PT-PR), é o vice-presidente brasileiro do Parlamento do Mercosul. No twitter: @DrRosinha

PS do Viomundo: Acrescento ao pertinente artigo do Dr. Rosinha que, na Venezuela, também foi assim, em 2002. A versão de que Hugo Chávez havia mandado atirar em manifestantes desarmados, propagada pela mídia, foi determinante para ‘legitimar’ o golpe perante a opinião pública mundial.  Quem quiser refrescar a memória, veja aqui no documentário A Revolução Não Será Televisionada e aqui no documentário Puente Llaguno. Os documentários desmontam as mentiras dos golpistas e da mídia que os assessorou.

sábado, 23 de junho de 2012

O Paraguay, o Agronegócio, a Mídia e a trama do poder no cenário latino-americano

As relações entre a transnacional Monsanto com lobbys sobre os poderes instituídos na América Latina tem sido denunciadas há anos. No Brasil, ao longo da década de 1990 esse poder se expresso nas articulações para a desregulamentação das soja transgênica Rondup Ready. E a Mídia, como sempre foi vital e de lado sempre determinado com os poderesos nesse processo. O artigo artigo abaixo, de um jornalista latino-americano, foi pescado do blog do cientista político argentino Atílio Borón, autor de  "A Coruja de Minerva – mercado contra democracia no capitalismo". Ele explica essa teia de relações e sua influência no recente golpe no Paraguay. MEsm para quem não está acostumado ao espanhol, vale um esforço. É esclarecedor.

¿Por qué derrocaron a Lugo?

22.6.2012

Hace unos minutos se acaba de consumar la farsa: el presidente del Paraguay Fernando Lugo fue destituído de su cargo en un juicio sumarísimo en donde el Senado más corrupto de las Américas -¡y eso es mucho decir!- lo halló culpable de "mal desempeño" de sus funciones debido a las muertes ocurridas en el desalojo de una finca en Curuguaty. Es difícil saber lo que puede ocurrir de aquí en más. Lo cierto es que, como lo dice el artículo de Idilio Méndez que acompaña esta nota, la matanza de Curuguaty fue una trampa montada por una derecha que desde que Lugo asumiera el poder estaba esperando el momento propicio para acabar con un régimen que pese a no haber afectado a sus intereses abría un espacio para la protesta social y la organización popular incompatible con su dominación de clase. Pese a las múltiples advertencias de numerosos aliados dentro y fuera de Paraguay Lugo no se abocó a la tarea de consolidar la multitudinaria pero heterogénea fuerza social que con gran entusiasmo lo elevó a la presidencia en Agosto del 2008. Su gravitación en el Congreso era absolutamente mínima, uno o dos senadores a lo máximo, y sólo la capacidad de movilización que pudiera demostrar en las calles era lo único que podía conferirle gobernabilidad a su gestión. Pero no lo entendió así y a lo largo de su mandato se sucedieron múltiples concesiones a una derecha ignorando que por más que se la favoreciera ésta jamás iría a aceptar su presidencia como legítima. Gestos concesivos hacia la derecha lo único que hacen es envalentonarla, no apaciguarla. Pese a estas concesiones Lugo siempre fue considerado como un intruso molesto, por más que promulgara en vez de vetarlas las leyes antiterroristas que, a pedido de "la Embajada", aprobaba el Congreso, el más corrupto de las Américas. Una derecha que, por supuesto, siempre actuó hermanada con Washington para impedir, entre otras cosas, el ingreso de Venezuela al Mercosur. Tarde se dio cuenta Lugo de lo "democrática" que era la institucionalidad del estado capitalista, que lo destituye en un tragicómico simulacro de juicio político violando todas las normas del debido proceso. Una lección para el pueblo paraguayo y para todos los pueblos de América Latina y el Caribe: sólo la MOVILIZACIÓN y ORGANIZACIÓN POPULAR sostiene gobiernos que quieran impulsar un proyecto de transformación social, por más moderado que sea, como ha sido el caso de Lugo. La oligarquía y el imperialismo jamás cesan de conspirar y actuar, y si parece que están resignados esta apariencia es enteramente engañosa, como lo acabamos de comprobar hace unos minutos en Asunción.


 




Monsanto golpea en Paraguay: Los muertos de Curuguaty y el juicio político a Lugo.
por Idilio Méndez Grimaldi (*)

Quienes están detrás de esta trama tan siniestra? Los propulsores de una ideología que promueven el máximo beneficio económico a cualquier precio y cuanto más, mejor, ahora y en el futuro.

El viernes 15 de junio de 2012, un grupo de policías que iba a cumplir una orden de desalojo en el departamento de Canindeyú en la frontera con Brasil, fue emboscado por francotiradores, mezclados con campesinos que reclamaban tierras para sobrevivir. La orden fue dada por un juez y una fiscala para proteger a un latifundista. Como resultado se tuvo 17 muertos; 6 policías y 11 campesinos y decenas de heridos graves. Las consecuencias: El laxo y timorato gobierno de Fernando Lugo quedó con debilidad ascendente y extrema, cada vez más derechizado, a punto de ser llevado a juicio político por un Congreso dominado por la derecha; duro revés a la izquierda, a las organizaciones sociales y campesinas, acusadas por la oligarquía terrateniente de instigar a los campesinos; avance del agronegocio extractivista de manos de las transnacionales como Monsanto, mediante la persecución a los campesinos y el arrebato de sus tierras y, finalmente, la instalación de una cómoda platea para la los oligarcas y los partidos de derecha para su retorno triunfal en las elecciones de 2013 al Poder Ejecutivo.

El 21 de octubre de 2011, el Ministerio de Agricultura y Ganadería, dirigido por el liberal Enzo Cardozo, liberó ilegalmente la semilla de algodón transgénico Bollgard BT de la compañía norteamericana de biotecnología Monsanto, para su siembra comercial en Paraguay. Las protestas campesinas y de organizaciones ambientalistas no se dejaron esperar. El gen de este algodón está mezclado con el gen del Bacillus Thurigensis, una bacteria tóxica que mata a algunas plagas del algodón, como las larvas del picudo, un coleóptero que oviposita en el capullo del textil.

El Servicio de Nacional de Calidad y Sanidad Vegetal y de Semillas, SENAVE, otra institución del Estado paraguayo, dirigido por Miguel Lovera, no inscribió dicha semilla transgénica en los registros de cultivares, por carecer de los dictámenes del Ministerio de Salud y de la Secretaría del Ambiente, tal como exige la legislación.

Campaña mediática

Durante los meses posteriores, Monsanto, a través de la Unión de Gremios de Producción, UGP, estrechamente ligada al Grupo Zuccolillo, que publica el diario ABC Color, arremetió contra SENAVE y su presidente por no inscribir la semilla transgénica de Monsanto para su uso comercial en todo el país.

La cuenta regresiva decisiva pareció haberse dado con una nueva denuncia por parte de una seudosindicalista del SENAVE, de nombre Silvia Martínez, quien acusó el 7 de junio pasado a Lovera de corrupción y nepotismo en la institución que dirige, a través de ABC Color. Martínez es esposa de Roberto Cáceres, representante técnico de varias empresas agrícolas, entre ellas Agrosán, recientemente adquirida por 120 millones de dólares por Syngenta, otra transnacional, todas socias de la UGP.

Al día siguiente, viernes 8 de junio, la UGP publica en ABC a seis columnas: “Los 12 argumentos para destituir a Lovera” (1). Estos presuntos argumentos fueron presentados al vicepresidente de la República, correligionario del ministro de Agricultura, el liberal Federico Franco, quien en ese momento se desempeñaba como presidente de Paraguay en ausencia de Lugo, de viaje por Asia.

El viernes 15 del corriente mes, en ocasión a una exposición anual organizada por el Ministerio de Agricultura y Ganadería, el ministro Enzo Cardozo dejo escapar un comentario ante la prensa que un supuesto grupo de inversores de la India, del sector de los agroquímicos, canceló un proyecto de inversión en Paraguay por la presunta corrupción en SENAVE. Nunca aclaro de qué grupo se trataba. En esas horas de aquel día se registraban los trágicos sucesos de Curuguaty.

En el marco de esta exposición preparada por el citado ministerio, la transnacional Monsanto presentó otra variedad de algodón, doblemente transgénico: BT y RR o Resistente al Roundup, un herbicida fabricado y patentado por Monsanto. La pretensión de la transnacional norteamericana es la inscripción en Paraguay de esta semilla transgénica, tal como ya ocurrió en la Argentina y otros países del mundo.

Previamente a estos hechos, el diario ABC Color denunció sistemáticamente por presuntos hechos de corrupción a la ministra de Salud, Esperanza Martínez y al ministro del Ambiente, Oscar Rivas, dos funcionarios que no dieron su dictamen favorable a Monsanto.
Monsanto facturó el año pasado 30 millones de dólares, libre de impuestos, (porque no declara esta parte de su renta) solamente en concepto de royalties por el uso de semillas transgénicas de soja en Paraguay. Independiente, Monsanto factura por la venta de las semillas transgénicas. Toda la soja cultivada es transgénica en una extensión cercana a los tres millones de hectáreas, con una producción en torno a los 7 millones de toneladas en el 2010.

Por otro lado, en la Cámara de Diputados ya se aprobó en general el proyecto de Ley de Bioseguridad, que contempla crear una dirección de bioseguridad a cargo del Ministerio de Agricultura, con amplia potestad para la aprobación para su cultivo comercial de todas las semillas transgénicas, ya sean de soja, maíz, arroz, algodón y algunas hortalizas. Este proyecto de ley contempla la eliminación de la Comisión de Bioseguridad actual, que es un ente colegiado de funcionarios técnicos del Estado paraguayo.

En tanto transcurrían todos estos acontecimientos, la UGP viene preparando un acto de protesta nacional contra el gobierno de Fernando Lugo para el 25 de junio próximo. Se trata de una manifestación con maquinarias agrícolas, cerrando medias calzadas de las rutas en distintos puntos del país. Una de las reivindicaciones del denominado “tractorazo” es la destitución de Miguel Lovera del SENAVE, así como la liberalización de todas las semillas transgénicas para su cultivo comercial.

Las conexiones

La UGP está dirigida por Héctor Cristaldo, apoyado por otros apóstoles como Ramón Sánchez - quien tiene negocios con el sector de los agroquímicos - entre otros agentes de las transnacionales del agronegocio. Cristaldo integra el staff de varias empresas del Grupo Zuccolillo, cuyo principal accionista es Aldo Zuccolillo, director propietario del diario ABC Color desde su fundación bajo el régimen de Stroessner, en 1967. Zuccolillo es dirigente de la Sociedad Interamericana de Prensa, SIP.

El Grupo Zuccolillo es socio principal en Paraguay de Cargill, una de las transnacionales más grandes del agronegocio en el mundo. La sociedad construyó uno de los puertos graneleros más importante del Paraguay, denominado Puerto Unión, a 500 metros de la toma de agua de la empresa aguatera del Estado paraguayo, sobre el Río Paraguay, sin ninguna restricción.
Las transnacionales del agronegocio en Paraguay prácticamente no pagan impuestos, mediante la férrea protección que tienen en el Congreso, dominado por la derecha. La presión tributaria en Paraguay es apenas del 13% sobre el PIB. El 60 % del impuesto recaudado por el Estado paraguayo es el Impuesto al Valor Agregado, IVA. Los latifundistas no pagan impuestos. El impuesto Inmobiliario representa apenas el 0,04% de la presión tributaria, unos 5 millones de dólares, según un estudio del Banco Mundial (2) aún cuando el agronegocio produce rentas en torno al 30 % del PIB, que representan unos 6.000 millones de dólares anuales.

Paraguay es uno de los países más desiguales del mundo. El 85 por ciento de las tierras, unas 30 millones de hectáreas, está en manos del 2 por ciento de propietarios (3) que se dedican a la producción meramente extractivista o en el peor de los casos a la especulación sobre la tierra.

La mayoría de estos oligarcas poseen mansiones en Punta del Este o Miami y tienen estrechas relaciones con las transnacionales del sector financiero, que guardan sus bienes mal habidos en los paraísos fiscales o le facilitan inversiones en el extranjero. Todos ellos, de alguna u otra manera, están ligados al agronegocio y dominan el espectro político nacional, con amplias influencias en los tres poderes del Estado. Allí reina la UGP, apoyada por las transnacionales del sector financiero y del agronegocio.

Los hechos de Curuguaty

Curuguaty es una ciudad ubicada al este de la Región Oriental del Paraguay, a unos 200 km de Asunción, capital del Paraguay. A unos kilómetros de Curuguaty se halla la estancia Morombí, propiedad del terrateniente Blas Riquelme, con más de 70 mil hectáreas en ese lugar. Riquelme proviene de la entraña de la dictadura de Stroessner (1954-1989) bajo cuyo régimen amasó una inmensa fortuna, aliado al general Andrés Rodríguez, quien ejecutó el golpe de Estado que derrocó al dictador Stroessner. Riquelme, que fue presidente del Partido Colorado por muchos años y senador de la República, dueño de varios supermercados y establecimientos ganaderos, se apropió mediante subterfugios legales de unas 2.000 hectáreas, aproximadamente, que pertenecen al Estado paraguayo.

Esta parcela fue ocupada por los campesinos sin tierras que venían solicitando al gobierno de Fernando Lugo su distribución. Un juez y una fiscala ordenaron el desalojo de los campesinos, a través del Grupo Especial de Operaciones, GEO, de la Policía Nacional, cuyos miembros de élite en su mayoría fueron entrenados en Colombia, bajo el gobierno de Uribe, para la lucha contrainsurgente.

Sólo un sabotaje interno dentro de los cuadros de inteligencia de la Policía, con la complicidad de la Fiscalía, explica la emboscada, en la cual murieron 6 policías. No se comprende cómo policías altamente entrenados, en el marco del Plan Colombia, pudieron caer fácilmente en una supuesta trampa tendida por campesinos, como quiere hacer creer la prensa dominada por los oligarcas. Sus camaradas reaccionaron y acribillaron a los campesinos, matando a 11, quedando unos 50 heridos. Entre los policías muertos estaba el jefe del GEO, comisario Erven Lovera, hermano del teniente coronel Alcides Lovera, jefe de seguridad del presidente Lugo.

El plan consiste en criminalizar, llevar hasta el odio extremo, a todas las organizaciones campesinas, para empujar a los campesinos a abandonar el campo para el uso exclusivo del agronegocio. Es un proceso lento, doloroso, de descampesinización del campo paraguayo, que atenta directamente contra la soberanía alimentaria, la cultura alimentaria del pueblo paraguayo, por ser los campesinos productores y recreadores ancestrales de toda la cultura guaraní.

Tanto la Fiscalía o Ministerio Público, como el Poder Judicial y la Policía Nacional, así como diversos organismos del Estado paraguayo, están controlados mediante convenios de cooperación por USAID, la agencia de cooperación de los Estados Unidos.
El asesinato del hermano del jefe de seguridad del presidente de la República obviamente es un mensaje directo a Fernando Lugo, cuya cabeza sería el próximo objetivo, probablemente a través de un juicio político, quien derechizó más su gobierno tratando de calmar a los oligarcas. Lo ocurrido en Curuguaty tumbó a Carlos Filizzola del Ministerio del Interior y fue nombrado en su reemplazo a Rubén Candia Amarilla, proveniente del opositor Partido Colorado, al cual Lugo lo derrotó en las urnas en el 2008, luego de 60 años de dictadura colorada, incluyendo la tiranía de Alfredo Stroessner.

Candia fue ministro de Justicia del gobierno colorado de Nicanor Duarte (2003-2008) y se desempeñó como fiscal general del Estado por un periodo, hasta el año pasado, cuando fue reemplazado por otro colorado, Javier Díaz Verón, a instancia del propio Lugo. Candia es acusado de haber promovido la represión a dirigentes de organizaciones campesinas y de movimientos populares. Su nominación a Fiscal General del Estado en el 2005 fue aprobado por el entonces embajador de los Estados Unidos, Jhon F. Keen. Candia fue responsable de un mayor control por parte de USAID del Ministerio Público y fue acusado en los inicios de su gobierno por Fernando Lugo de conspirar en su contra para quitarlo del gobierno.
Tras asumir como el ministro político de Lugo, lo primero que anunció Candia fue la eliminación del protocolo de diálogo con los campesinos que invaden propiedades. El mensaje es que no habrá conversación, sino simplemente la aplicación de la ley, lo que significa emplear la fuerza policial represiva sin contemplación.

Dos días después de asumir Candia Amarilla, los miembros de la UGP, encabezado por Héctor Cristaldo, ya visitaron al flamante ministro del Interior, a quien solicitaron garantías para la realización del denominado tractorazo. Sin embargo, Cristaldo dijo que la medida de fuerza puede ser suspendida en caso de nuevas señales favorables para la UGP (léase liberación de las semillas transgénicas de Monsanto, destitución de Lovera y otros ministros, entre otras ventajas para el gran capital y los oligarcas) derechizando aun más el gobierno.
Cristaldo es precandidato a diputado para las elecciones de 2013 por un movimiento interno del Partido Colorado, liderado por Horacio Cartes, un empresario investigado en el pasado reciente por Estados Unidos por lavado de dinero y narcotráfico, según el propio diario ABC Color, que se hizo eco de varios cables del Departamento de Estado de USA, publicado por WikiLeaks, entre ellos uno que aludía directamente a Cartes, el 15 de noviembre de 2011.

Juicio político a Lugo

En las últimas horas, mientras se redactaba esta crónica, la UGP, (4) algunos integrantes del Partido Colorado y los propios integrantes del Partido Liberal Radical Auténtico, PLRA, dirigido por el senador Blas Llano y aliado del gobierno, amenazan con un juicio político Fernando Lugo para destituirlo como presidente de la República del Paraguay.
Lugo depende del humor de los colorados para seguir como presidente de la República, así como de sus aliados liberales, que ahora lo amenazan con juicio político, con seguridad buscando más espacios de poder (dinero) como prenda de paz. El Partido Colorado, aliado a otros partidos minoritarios de la oposición, tiene la mayoría necesaria como para destituir al presidente de sus funciones.

Quizás se esperan “las señales favorables” de Lugo que la UGP - en nombre de la Monsanto, la patria financiera y los oligarcas - está exigiendo al gobierno. Caso contrario, se estaría pasando a una siguiente fase de los planes de copamiento de este gobierno que nació como progresista y lentamente va terminando como conservador, controlado por los poderes fácticos.

Entre algunos de sus haberes, Lugo es responsable de la aprobación de la Ley Antiterrorista, propiciada por Estados Unidos en todo el mundo después del 11 S. Autorizó en 2010 la implementación de la Iniciativa Zona Norte, consistente en la instalación y despliegue de tropas y civiles norteamericanos en el norte de la Región Oriental - en las narices del Brasil - supuestamente para desarrollar actividades a favor de las comunidades campesinas.
El Frente Guazú, coalición de las izquierdas que apoya a Lugo, no logra unificar su discurso, y sus integrantes pierden la perspectiva en el análisis del poder real, cayendo en los juegos electoralistas inmediatistas. Infiltrados por USAID, muchos integrantes del Frente Guazú que participan en la administración del Estado, sucumben ante los cantos de sirena del consumismo galopante del neoliberalismo. Se corrompen hasta los tuétanos y en la práctica se convierten en émulos vanidosos de engreídos ricos que integraban los recientes gobiernos del derechista Partido Colorado.

Curuguaty también engloba un mensaje para la región, especialmente para Brasil, en cuya frontera se producen estos hechos sangrientos, claramente dirigidos por los amos de la guerra, cuyos teatros de operaciones se pueden observar en Irak, Libia, Afganistán y ahora Siria. Brasil está construyendo hegemonía mundial junto a Rusia, India y China, denominado BRIC. Sin embargo, Estados Unidos no ceja en su poder de persuasión al gigante de Sudamérica. Ya está en marcha el nuevo eje comercial integrado por México, Panamá, Colombia, Perú y Chile. Es un muro de contención a los deseos expansionistas del Brasil hacia el Pacífico.

Mientras, Washington sigue con su ofensiva diplomática en Brasilia, tratando de convencer al gobierno de Dilma Rousseff a estrechar vínculos comerciales, tecnológicos y militares. Entre tanto, la IV Flota de los Estados Unidos, reactivada hace unos años después de estar fuera de
servicio apenas culminó la Segunda Guerra Mundial, vigila todo el Atlántico Sur, en carácter de otro cerco al Brasil por si no comprendiese la persuasión diplomática.

Y Paraguay es un país en disputa entre ambos países hegemónicos, dominado aun ampliamente por USA. Por eso lo de Curuguaty es también una pequeña señal para Brasil, en el sentido que el Paraguay puede convertirse en un polvorín que quebrantará el desarrollo del suroeste del Brasil.

Pero por sobre todo, los muertos de Curuguaty es una señal del capital, del gran capital, del extractivismo expoliador, que asuela el Planeta y aplasta la vida en todos los rincones de la Tierra en nombre de la civilización y el desarrollo. Por fortuna, los pueblos del mundo también van dando respuestas a estas señales de la muerte, con señales de resistencia, con señales de dignidad y de respeto a todas formas de vida en el Planeta.

1- http://www.abc.com.py/edicion-impresa/economia/presentan-12-argumentos-para--destituir-a--lovera-411495.html
2- Documento del Banco Mundial. Paraguay. Impuesto Inmobiliario: Herramienta clave para la descentralización fiscal y el mejor uso de la tierra. Volumen I: Informe principal. 2007.
3- Censo Agropecuario Nacional 2008.
4- http://www.abc.com.py/edicion-impresa/politica/productores-se-ratifican-en-juicio-politico-416196.html

(*) Periodista, investigador y analista. Miembro de la Sociedad de Economía Política del Paraguay, SEPPY. Autor del libro Los Herederos de Stroessner.

sexta-feira, 22 de junho de 2012

Paraguay, atenção e apoio.





As Corporações, poder sem limites

Se é fato visível que a Mídia exerce hoje em diversos Países o 1.º Poder, é fato igualmente que as Corporações, de um modo geral, tem esse poder ao nível internacional. Não é atoa que nas empresas de comunicação em sí, são corporações. E quanto a responsabilidade social que supostamente teriam, é serve de mito e instrumento para defender seus interesses, no caso da Mídia. Aqui em nosso Estado sempre me surpreendi com o poder e a arrogância dos "Sistemas" Farsul e Fiergs sobre o poder local, regional e, principalmente, a Mídia corporativa. Disse certa vez um colega meu, observando essa influência, que a Fiergs seria a verdadeira secretaria Estadual de Desenvolvimento do Estado, enquanto a Farsul, a nossa efetiva Secretaria de Agricultura. Vale, então, analisar e perceber a dimensão desse poder também na América Latina e no Mundo. Abaixo, uma entrevista sobre o tema com Rafael Corrêa; em seguida, o trailler de um interessante documentário sobre o mesmo assunto, também disponível na internet.





Rafael Correa: "Estamos diante de uma guerra não convencional"
Em uma entrevista especial concedida à Carta Maior e aos jornais Página/12, da Argentina, e La Jornada, do México, o presidente do Equador, Rafael Correa analisa o que considera ser um dos principais problemas do mundo hoje: o poder das grandes corporações de mídia que agem como um verdadeiro partido político contra governos que não rezam pela sua cartilha. “Essa é a luta, não há luta maior. Estamos diante de uma guerra não convencional, mas guerra, de conspiração, desestabilização e desgaste”. A entrevista foi concedida no Rio de Janeiro, onde Correa participa da Rio+20.
A entrevista completa é de Carta maior.

quinta-feira, 21 de junho de 2012

Rápida nota sobre a Mídia.

Inútil e ingênuo mesmo pensar em uma direção, imaginando que convencemos alguém. Comuicação, decidiamente pressupõe interação. E o processo é uma construção. Cultura é central, muito mais do que se imagina. Mas os meios nunca vão deixar de ter seu papel influente. A questão é, quais meios.


A imagem é do perfil Ditadura Digital (Facebook).

Rápida homenagem a Violeta Parra, pela Negrita.


quarta-feira, 20 de junho de 2012

A questão da utopia e o caminho institucional



A decisão da deputada e ex-prefeita de São Paulo, Luiza Erundina, em recuar na aliança com Haddad em SP (PT) pode ser uma perda significativa para esse coletivo, que via na figura do ex-prefeito Paulo Maluf uma forma de fortalecimento. Mas tudo tem um preço, e às vezes, muito caro. A pré-condição de que Lula posasse junto na foto em que Maluf declara o apoio foi simbólica sobre os novos tempos das esquerdas no País. Acredito ainda na utopia, na possibilidade de um país onde a liberdade e a justiça sejam, mais que um direito constitucional, uma condição assegurada igualmente a todos. Mas tenho cada vez mais sérias dúvidas sobre o caminho que prioriza o poder institucional para a concretização da revolução social que vai tornar isso possível.

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Pássaros do Parque Imperatriz, São Leopoldo (RS).




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Ruanda, uma poderosa energia cultural se ergue entre as marcas de um passado de dor.

terça-feira, 19 de junho de 2012

Biodiversidade: é bom lembrar, não estamos sozinhos

Semana começa intensa em trabalho, após uma feira do livro movimentada. Mas estou trabalhando em uma perspectiva interessante por esses próximos dias. Começo, lentamente, a organizar e pensar coletivamente em um grupo a materialização de alguns planos que tenho projetado há tempos. Realmente, a gente fica muito tempo imaginando coisas, mas elas só nos transforma de fato - e transforma a nossa volta - quando sai da planilha e vai para a vida real. Escrevi certa vez em meus devaneios que há várias maneiras de escrita. E enxergar e pensar é uma delas. Outra é agir na construção de nossos sonhos.

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Humanos, apenas mais uma espécie entre muitas outras milenares.

"A natureza criou o tapete sem fim que recobre a superfície da terra. Dentro da pelagem desse tapete vivem todos os animais, respeitosamente. Nenhum o estraga, nenhum o rói, exceto o homem." ( Monteiro Lobato )


E falando em biodiversidade....

 

segunda-feira, 18 de junho de 2012

Viagens, Perspectivas e olhares de um jornalista singular

Fim de semana revitalizante, posso dizer. Um breve passeio a minha cidade de origem me rendeu alguns ânimos interessantes. Tendo a crer mesmo que o movimento do corpo nos transforma; temos essa química. A partir de alguns contatos, estou paulatinaente vislumbrando e organizando a concretização de projetos pessoais/profissionais, que há muito carrego na mente e coração. Vamos ver até onde chego. Mas só pela disposição e o envolvimento no processo de mergulhar em novas experiências, é válido.

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Essa entrevista com o Mino está primorosa; somente um artista como Abujanra para explorar a dimensão de um artista do jornalismo como esse ítalo-brasileiro, que deixou sua marca transformadora na imprensa brasileira. Essa é só a primeira parte.

domingo, 17 de junho de 2012

O João de Renato e o País que esperava, desde então

Houve vários momentos em que os brasileiros esperaram um Cristo, um salvador que desse respostas a todos os seus problemas; singularmente no final dos anos 80, a esperança estava aguda em relação ao que viria depois de uma década e meia de ditadura e tantas decepções com os desmandos de Sarney; daí surgia João de Santo Cristo, em Faroeste Caboclo, uma espécie de ícone de todo esse sofrimento, expectativa e otimismo que fervilhava, particularmente entre a juventude. Mais uma vez, Renato acertava na mosca.

sábado, 16 de junho de 2012

O estupro como Arma de Guerra

Incêndios, estupros e medo aterroriza a vida em vilarejos da RDC, mas também releva a força da solidariedade.

Por um Brasil por todos, claro

Uma das melhores propagandas institucionais que já vi. Se somarmos o número de pessoas com deficiência do País com seus familiares, profissionais que dão assistência a esse público e amigos, teremos uma surpresa sobre o quanto nossa sociedade é deficiente por não permitir que enxerguemos e superemos nossas suas deficiências.

Violência, Justiça e Liberdade na Usp... e em outros rincões desse Continente

O caso da violência na Unifesp de Guarulhos me deixa realmente perplexo. Pelo que vi e li sobre o assunto, a partir de depoimentos de estudantes, professores e alunos, há equívocos de lados diferentes. Por um lado, já é notória a cultura dos governos tucanos (notoriamente o de SP) de tratar questões sociais por meio da repressão, diante da incompetência para o diálogo. E, no caso, como em outras vezes, levar a Polícia Militar ao Campus é uma ação, não somente equivocada na essência, como estúpida do ponto de vista institucional; demonstra a falência de autoridade de uma reitoria e sua impotência para ouvir e negociar. A universidade é um espaço da construção do conhecimento crítico, e não combina com a violência, seja de onde parta. Sou dos que crêem que uma polícia civil, adequadamente preparada para essa finalidade deveria ser pensada. Por outro lado, penso que essa prática repressiva policial se estende no País especialmente a segmentos sociais segregados ou excluídos - o caso do MST, dos residentes da Cracolândia, dos sem-teto, dos presidiários, e de outras minorias, ilustram isso. E a universidade não é, ou não pode ser, uma ilha, não está, ou não deveria estar, alienada ou privilegida com relaçao ao que ocorre no cenário político nacional, com outros segmentos. Não fico, portanto, à vontade em resumir o problema da repressão aos universitários. Uma outra questão é que também discordo em absoluto da danificação do patrimônio público. Acho imaturidade política esse tipo de ato, o que demonstra o quanto o movimento estudantil tem se distanciado de seu eixo responsavelmente transformador. Há, por último, um outro aspecto a considerar - frequentemente ignorado por um certo esquerdismo egoísta - que diz respeito a situação do trabalhador policial militar, que é preparado para situações de guerra, mas constantemente inserido em situações de conflito eminentemente social ou civil, no qual é provocado, humilhado e, também agredido fisicamente. Portanto a esfera política da questão precisa ser amadurecidamente focada, em todos os seus aspectos, e para muito além de imagens e emoções.

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E no Paraguay, nem se fala...

Repudiamos desalojos de campesinos en Curuguaty. Comunicado de ULTERA

Desde la Unión Latinoamericana de Técnicos Rurales y Agrarios (ULTERA Argentina) repudiamos el accionar del Gobierno de Paraguay desalojando a campesinos que ocupaban tierras en Curuguaty, que llevó a un enfrentamiento en el cual perdieron la vida 17 personas y hay casi un centenar de heridos, entre ellos una niña de 2 años.
Hacemos responsable de estas muertes al gobierno que encabeza Fernando Lugo y a la complicidad del poder judicial y poder legislativo de Paraguay con el empresariado de los agronegocios.

Desde ya nos solidarizamos con los familiares de las víctimas y con los campesinos que sufrieron brutal represión.

Hacemos nuestras las palabras del comunicado emitido por MCNOC, en el que mencionan que esta situación se da por no existir una política de Reforma Agraria Integral por mala distribución y la ofensiva del agronegocio en detrimento total sobre la realidad de la población del campo.

"Lamentablemente la violencia la impone el modelo del agronegocio. Los muertos, los heridos, son los pobres policías y campesinos en este caso. El Estado genera las condiciones favorables para que el poder del dinero imponga su lógica de destrucción y de muerte".

Por ultimo mencionamos que la situación del los campesinos y el acceso a la tierra, al igual que en Paraguay, se da a lo largo y a lo ancho de nuestro continente.

NO AL SAQUEO DE NUESTROS RECURSOS NATURALES.

BASTA DE DESALOJOS.
BASTA DE MUERTE.
Reproduzido de: Biodiversidadla

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Quando questões sociais são confundidas com questões de guerra, nenhum segmento escapa da miopia política; e frequentemente os profissionais que precisam revelar as origens de um cenário deteriorado pela incompetência ou alienação dos gestores públicos, são suas maiores vítimas. Especialmente onde o problema social se cruza com o narcotráfico. ..