Uma sumida minha por duas semanas para participar de um festival de teatro interferiu na alimentação regular do blog. Foi uma experiência rica, tanto em termos de aprendizado de teatro, quanto aprendizado humano. Cerca de 40 grupos de três Regiões estiveram nessa cidade mineira durante duas semanas. Oficinas, intercâmbios e espetáculos dos mais diferentes tipos mobilizaram a cidade. De quebra, passamos também por São Paulo, Ouro Preto e Belo Horizonte, onde encantos culturais não faltam para visitar. Mas aqui estamos novamente, colocando nossas ideias, dicas e problematizações a respeito dos desafios e alternativas para uma vida mais saudável e feliz. Para quem quiser saber como foi o XIII Festival de Artes Cênicas de Conselheiro Lafaiete, basta olhar no perfil do evento. E sobre o Grupo de Teatro Gatos Pingados, pode clicar no perfil do Odair Fonseca, um dos atores que registrou as atividades. Em breve, postaremos outras fotos aqui.
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"O HAMAS, que é um grupo palestino muçulmano sunita, tem como intenção, através de ataques, serem ouvidos sobre a situação caótica de seu povo árabe, pois através do diálogo não houve uma resposta satisfatória."
terça-feira, 30 de julho de 2013
domingo, 21 de julho de 2013
Sobre a vinda de Francisco e o seu poder
É Papa no Brasil o assunto do momento. Impressionante considero como o a vinda desse líder católico se tornou oficial, ainda que não seja, tanto pelo Estado como na mídia. Todos os passos são acompanhados com detalhes na cobertura realizada. Investimentos pesados são realizados na segurança, na hospitalidade e nas festas. É, sim, um espetáculo. O Governo do Rio promete não tolerar qualquer tipo de manifestação hostil ao evento, mas, ao que se interpreta pelo clima recente de turbulência social do RJ, é muito improvável que não ocorram conflitos. Seria muito salutar se o Papa utilizasse toda essa sua representação para orientar sobre necessidades e questões vitais para os povos brasileiros e terceiro-mundistas, como Reforma Agrária, Democratização da Comunicação e Reforma Política - em profundidade. Cinismo esse discurso de que religião e política não se misturam. Andam junto faz tempo, são gêmeas sianesas. Assumir isso faria bem para todos.
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sexta-feira, 19 de julho de 2013
O centro do que nos impulsiona
Estava pensando hoje pela manhã sobre essa força que nos mantém vivos e acesos em torno de um projeto de vida, que na minha opinião é o que de fato dá sentido a existência. Certamente, isso tá para além de um conforto diário próximo de entes queridos ou fazendo coisas que gostamos. Há, entendo, uma espécie de instinto entre os seres vivos de todas as espécies, que energiza nosso cotidiano, e do qual dependemos para viver de uma forma entusiástica pelos nossos sonhos. Ele está no processo de construir e se constitui a nossa energia vital.
quinta-feira, 18 de julho de 2013
A democratização da turbulência social
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Reprodução Facebook |
Li certa ocasião algo de Freud sobre o poder da sexualidade sobre as sociedades, que iria além de qualquer outra forma de poder. Com essa polêmica, aglutinada com uma pilha de insultos aos jovens que posaram nus em uma foto na Câmara de Vereadores de Porto Alegre durante a ocupação, me convenço que esse poder do tabu que o sexo impõe é realmente impressionante. Parece que há mesmo uma força silenciosa em torno da ordem sobre a normalidade, no que se refere a visibilidade individual em pública que atravessa qualquer critério de liberdade. O irônico disso tudo é que justamente quem quer fazer críticas moralizadoras acaba por enquadrar da forma erotizada ou pornográfica o referido ato que tem, de fundo, um sentido político e simbólico. Este se expressa nas circunstâncias, no local e na forma que foi registrada. Quem não compreendeu é porque não quis ou não pode.
Ao observar os protestos pelas ruas do Leblon (RJ) ontem, em momentos com repressão policial, percebi algo que se confirma sobre o que se fala ultimamente das manifestações pelas ruas daquele Estado, e que serve para o resto do País: os conflitos policiais abertos em locais indiscriminados, de fato, leva para classe média alta o que as comunidades mais marginalizadas convivem permanentemente há décadas. É claro que, no caso dos conflitos urbanos nas chamadas Favelas, o que determina normalmente são operações de combate ao tráfico. Mas os abusos policiais se igualam, e no caso das ruas do Leblon, os filhos desse Brasil de cima se misturam com segmentos dos debaixo. Isso, talvez, seja o que mais assuste os que pretendem manter a ordem desigual das coisas.
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MAPA DA VIOLÊNCIA 2013
2013 | Homicídios e Juventude no Brasil
Panorama da evolução da violência dirigida contra os jovens
no período compreendido entre 1980 e 2011, analisando os dados de Estados,
Capitais e Municípios, aprofundando nas questões de gênero e de raça/cor das
vítimas.
Diponível para Download: aqui.
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quarta-feira, 17 de julho de 2013
São Paulo e Porto Alegre, diferenças ocupações com distinções de ambientes e estratégias
Um roteiro abrangente, que incluiu questões de saúde de meu pai, impediu-me de alimentar o blog nas primeiras horas do dia. Acompanhei pela manhã, via Mídia Ninja (aliás, de altíssima qualidade a cobertura), o caso da ocupação do prédio da reitoria da Unesp (SP) por cerca de 100 estudantes, que durou cerca de 24h, já que a polícia de choque retirou-lhes pelo início do dia seguinte, levando todos a fichamento policial (Foto).
No caso de SP, diferente da ocupação da Câmara de Porto Alegre, que o próprio oficial de justiça fez a constatação de ter sido preservado o patrimônio público, parece que na reitoria da Unesp houve alguma danificação deste, como pichações e outros danos. É claro que a própria polícia contribuiu para agravar isso, como por exemplo, com a quebra de vidros durante a desocupação. Mas as câmeras hoje são aliadas para registrar isso. Mas uma diferença que me parece substancial com relação às duas ocupações é a natureza dos dois movimentos. Em São Paulo se tratam de universitários de moradias estudantis, que ingressaram a maioria por cotas, como alegam os estudantes. O que torna a mobilização altamente justa, no entanto, alcança um número limitado de adesões, no que se compara à totalidade da comunidade universitária e à própria sociedade paulistana como um todo, que como no resto do País, ainda parece não se identificar com as demandas por uma universidade pública mais inclusiva. No caso de Porto Alegre, diferentemente, além da causa em questão ser mais abrangente - o passe livre - há aqui uma confluência de vários movimentos civis, incluindo os estudantes.
Essa articulação plural, creio, deu mais consistência ao processo. Acrescente-se a isso a participação de grupos familiares - incluindo crianças - o que até foi questionado por jornalistas locais, mas é bem certo que isso foi um fator que colaborou na decisão da juíza pela suspensão da reintegração de posse. E, claro, não dá para desconsiderar a orientação política dos governos de SP (PSDB) e RS (PT), que, independente de controvérsias ideológicas, nota-se distinções no que se refere ao trato com os movimentos sociais. Outro fator a não se desprezar, em distinção nos dois casos, é a articulação realizada com bancadas de vereadores da Câmara, no caso de Porto Alegre, que deram uma consistência legal, política e midiática ao processo daqui, diferente de lá, que nada disso se notou - embora há setores expressivos da politica nacional e regional identificados com a causa da universidade pública. Assim, o que se tira como aprendizado da incidência desse fenômeno político das ocupações de prédios públicos por grupos civis como estratégia de pressão, que não é tão nova estratégia assim, é que qualquer ação envolve fatores múltiplos, externos e internos ao grupo, que precisam ser considerados; que a ocupação nunca se resume no ato em sí, mas envolve considerar o seu processo do durante e a posteriori. Isso se o objetivo é mesmo dar uma amplitude de referência com a manifestação, para além de uma mobilização episódica, transformando-lhe em uma forma de organização e um grito cidadão a ser ouvido por contemplar a maioria da sociedade.
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Foto: Mídia Ninja |
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Foto: Bloco de Lutas (Perfil Face) |
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Como os Estados Unidos espionaram o Brasil
"As fitas grampeadas, 38 fitas, ainda que explosivas,
são apenas parte dessa história. O grampo é motivo e consequência. O grampo é,
a um só tempo, gerador e espelho da degradação e da absoluta desproteção a que
estão entregue os cidadãos. Os enredos que antecedem e se completam com a
fitalhada grampeada, as conexões e personagens remetem aos porões do
Brasil".
Arte do blog de Bob Fernandes, confira também textos das reportagens aqui.
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terça-feira, 16 de julho de 2013
A comunicação dos Ninjas, e as problematizações a mídia tradicional
A manhã é um tempo que tende a render mais, dizem, mas eu acho que o tempo que rende mais mesmo é o que assumimos a consciência e responsabilidade de tê-lo utilizado da melhor forma. Como diz o filósofo, não tenhamos pressa, mas não percamos tempo.
Tempo escasso para escrever, como sempre, diz minha amiga que a vida estraga a arte, já refleti sobre isso antes. Acho mesmo que a missão maior da vida é tornar a vida uma arte.
Segundo dia de férias em casa. Para a segunda semana, tenho programa de viagem, não para essa. Mas ficar em casa, para quem cumpre rotina diária de trabalho, equivale a uma quebra bem interessante. Descontando ainda o fato de uma atividade doméstica programada, é um outro ritmo. Acompanho pelos meios, impressionado a dimensão que assumiu esse movimento da ocupação da Câmara de Vereadores de Porto Alegre e o modo como o grupo tem lidado com a imprensa - radical, mas perturbante. É uma espécie de ruptura com a possibilidade de falarem as mídias convencionais, sob a explicação de que tais sempre apresentaram os movimentos de forma distorcida e criminalizante, salvo raras exceções - que, em geral em emissoras públicas. É, é de fato, uma postura forte. Mas, como se diz, as fontes tem a posição de quererem ser ouvidas ou não. Há meios, de fato, fechados também no Estado formal. E os jornalistas se habituaram a conviver com isso. Reuniões de governo e assembleias militares, por exemplo. Os manifestantes, nesse caso, estão linkando em tempo real os acontecimentos por mídias alternativas. De ocultamente não se pode, em nenhuma hipótese, reclamar. Então, é uma problematização que fazem mesmo ao modelo corporativo das coberturas. De qualquer modo, independente do alcance disso, é notório que esse movimento já marca um diferencial histórico no formato e nas estratégias de mobilizações civis na história do RS, e quiçá, do País.
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Tempo escasso para escrever, como sempre, diz minha amiga que a vida estraga a arte, já refleti sobre isso antes. Acho mesmo que a missão maior da vida é tornar a vida uma arte.
Segundo dia de férias em casa. Para a segunda semana, tenho programa de viagem, não para essa. Mas ficar em casa, para quem cumpre rotina diária de trabalho, equivale a uma quebra bem interessante. Descontando ainda o fato de uma atividade doméstica programada, é um outro ritmo. Acompanho pelos meios, impressionado a dimensão que assumiu esse movimento da ocupação da Câmara de Vereadores de Porto Alegre e o modo como o grupo tem lidado com a imprensa - radical, mas perturbante. É uma espécie de ruptura com a possibilidade de falarem as mídias convencionais, sob a explicação de que tais sempre apresentaram os movimentos de forma distorcida e criminalizante, salvo raras exceções - que, em geral em emissoras públicas. É, é de fato, uma postura forte. Mas, como se diz, as fontes tem a posição de quererem ser ouvidas ou não. Há meios, de fato, fechados também no Estado formal. E os jornalistas se habituaram a conviver com isso. Reuniões de governo e assembleias militares, por exemplo. Os manifestantes, nesse caso, estão linkando em tempo real os acontecimentos por mídias alternativas. De ocultamente não se pode, em nenhuma hipótese, reclamar. Então, é uma problematização que fazem mesmo ao modelo corporativo das coberturas. De qualquer modo, independente do alcance disso, é notório que esse movimento já marca um diferencial histórico no formato e nas estratégias de mobilizações civis na história do RS, e quiçá, do País.
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O fervido da noite: cabochan, couve-flor, brócolis, batata
inglesa, bata-doce, beterraba, cenoura, tempero verde, milho, tomate, vagem e
massa conchinha.
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16 OBRAS DE NIETZSCHE EM PORTUGUÊS (PDF)
Aqui.
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Curso do professor Enrique Dussel sobre filosofia política, no qual ele conta a caminhada da história humana desde o leste. Dussel desconstrói a forma como se estuda a história no mundo ocidental. Reproduzido de Instituto de Estudos Latino-Americanoas - ILEA
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Boa análise sobre essa suposta aversão a teoria, que na prática, insere o enfraquecimento da construção de um conhecimento democratizado e crítico, em troca de uma base teórico-política ao sistema vigente. é sobre jornalismo, mas claro que se aplica a outras áreas. O texto é de Wladymir Ungaretti, tirei de seu perfil no Face.
Escutei um relato muito interessante - agora pela manhã - sobre o processo de reformulação do currículo de jornalismo da Famecos (PUC/RS). O curso que era, essencialmente, técnico está passando a ser mais "teórico", voltado para a discussão das diversas linguagens do jornalismo. Diversas disciplinas (técnicas) já desapareceram. Em sentido inverno, a última reformulação do currículo do curso de jornalismo da Fabico (UFRGS/ensino público) priorizou - quase que ao infinito - o ensino das técnicas, inclusive havendo até a proposta da separação de áreas (jornalismo, rp e publicidade), o que possibilitaria ainda mais a priorização deste aspectos (das técnicas). Isto é o que está acontecendo. Qual é o pano de fundo? Com o fim do diploma, os cursos das federais assumiram o papel de formação (técnica) dos profissionais. Ou seja o ensino público a serviço do privado. Não por acaso o curso recebeu todos os recursos para se tornar moderno, em termos de equipamentos. Assinou, inclusive, um acordo de cooperação com o PRBS. E o curso das privadas, que já não estavam investindo em equipamentos, estão passando a valorizar a formação de "pensadores em comunicologia", ou seja um curso caro, que será cada vez mais elitizado, deverá formar os "pensadores". Tudo isso está dentro de uma lógica. É a nova lógica do mercado. Ao que a elite precisa nesse momento. E toda a rede de conivências corporativas( incluindo o Sindicato), faz de conta que o problema é a ausência do diploma e a democratização dos meios, propositadamente desviando a atenção ao que, de fato, está acontecendo. E tem professores que ainda se fazem passar pelos grandes teóricos e promotores destes "novíssimos" cursos de showrnalismo, tanto das privadas como públicas. Perfumarias à serviço da elite. Faturam prestígio. Santo deus!! Aguardo, ansiosamente, minha aposentadoria. Não tenho nada a haver com isso.
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O cantor Tom Zé acaba de lançar uma nova música inspirado pelos protestos que acontecem pelo país. “Povo Novo” foi disponibilizado online nesta terça (25) e é uma parceria com Marcelo Segreto.
Reproduzido de Revista Ogrito
Entrevista: “Trocaria tudo o que fiz pro “Ai Se Eu Te Pego”"
Tom Zé ainda credita Marília Moscou. “75% da música foi praticamente orientação do site dela. As estrofes ‘quero gritar na próxima esquina’ e ‘olha, menino, que a direita já se azeita’. De forma que se ela me cobrar direitos autorais na Justiça não terei muito como me defender.”, disse ao lançar a faixa.
A canção ainda teve colaboração do jornalista Marcus Preto e Paula Mirhan. A letra fala diretamente aos acontecimentos da última semana. Ouça abaixo:
Tom Zé lançou recentemente um EP Tribunal do Feicebuqui, gratuitamente na web. Foi uma resposta às críticas de fãs que reclamaram de sua participação no comercial da Coca-Cola. O músico acabou doando o cachê de 80 mil reais a uma associação de músicos depois de toda a polêmica.
Ouça aqui.
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segunda-feira, 15 de julho de 2013
Transformações de dentro para fora, e vice-versa
A violência está solta nas ruas mesmo, e sob várias faces. Ao sair do hospital em que fui ver meu pai hoje, deparo com uma cena bizarra, de um homem de um sessenta anos estendido, com quase meio corpo para dentro do asfalto. No clima tenso, enquanto alguns paravam os carros para que não o atropelassem, um jovem de uns 30 e poucos anos andava de um lado ao outro. Ele gesticulava nervoso, dizendo que foi ele o autor do golpe que derrubou o outro, porque teria sido agredido, e agira em legítima defesa. A Samu chegou em instantes para o socorro, e esse suposto autor da ação prosseguia gritando e dizendo que foi ele, ao que provocou a ira de alguns que estavam por ali, que partiram para cima dele, enquanto aquele era atendido pelos socorristas. Uma discussão de trânsito teria sido o motivo da briga, contaram alguns presentes. No trânsito, as discussões se acirram de maneira impressionante. Disse certa o antropólogo Roberto da Mata que atualmente as pessoas converteram os seus veículos motorizados em extensão do próprio corpo; quando um arranhão que seja é feito no carro, é como arranhado estivesse o corpo de seu proprietário, tal é o cuidado e a ira pela sua proteção. Faz sentido. Se aliarmos a isso o stress dos engarrafamentos, buzinas, indisciplinas e outras predominâncias que vivemos nas ruas urbanas entre o movimento de motores e pessoas, temos um caldo da cultura de uma sociedade a flor da pele. É preciso um outro comportamento. Mas, para isso, é preciso também se pensar um e fazer acontecer um novo trânsito, onde as pessoas, os seres vivos sejam o centro de tudo, não as máquinas. Antes que se torne tarde para consertar os corações enferrujados de pressa e de medo.
Tenho me enxergado melhor, a cada dia, que estamos todos inseridos em um circuito forte e impositivo, chamado ordem social. Na realidade, muito se fala nisso em discurso por aí, mas outra coisa é enxergar e sentir isso no cotidiano. Tem a ver com opções perversas ao normal. Trata-se de um enorme campo de força concatenado pelas pequenas atitudes que tomamos. E quando divergimos dessa direção, que nada fácil é, outras possibilidades se abrem e pessoas diferentes passam a se aproximar de nós. Pessoas e outros seres vivos. Desconfio que isso tem a ver com energias.
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Tenho me enxergado melhor, a cada dia, que estamos todos inseridos em um circuito forte e impositivo, chamado ordem social. Na realidade, muito se fala nisso em discurso por aí, mas outra coisa é enxergar e sentir isso no cotidiano. Tem a ver com opções perversas ao normal. Trata-se de um enorme campo de força concatenado pelas pequenas atitudes que tomamos. E quando divergimos dessa direção, que nada fácil é, outras possibilidades se abrem e pessoas diferentes passam a se aproximar de nós. Pessoas e outros seres vivos. Desconfio que isso tem a ver com energias.
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domingo, 14 de julho de 2013
Queijo vegano, um caminho
Tarde produtiva pela tarde, apesar da preguiça pela manhã e a chuva seguida ao resto do dia. Definições referente a viagem de teatro. Nossa apresentação no festival de Conselheiro Lafaiete está confirmada e há uma ansiosidade geral sobre a data. Um espetáculo, cada um, é sempre novo. Especialmente para quem é apenas amador, cada apresentação é um novo aprendizado. Como tudo na vida, na arte em especial, a prática é essencial. O trabalho coletivo no sentido de garantir o sucesso do trabalho a partir da contribuição de cada um, é outro elemento importante em um trabalho cultural em grupo.
Estou progressivamente me tornando cada vez mais livre de conveniências relacionadas ao desfrute do prazer por pressões mentais padronizadas. Explico, tenho descartado a decisão de fazer qualquer coisa a partir da noção de que preciso aproveitar o tempo em algo criativo, se referindo particularmente a cultura. Em outras palavras, quero me libertar de qualquer agenda ou rotina no que se refere a minha capacidade criativa ou desfrute de meu tempo de lazer e cultura. Isso é parte da nova educação intelectual que me propus como parte de uma pretensa autonomia de pensamento e de sistemas culturais e econômicos.
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Obra completa de Paulo Freire para baixar no Centro de Referência Paulo Freire.
Dica do blog Pragmatismo Político.
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Estou progressivamente me tornando cada vez mais livre de conveniências relacionadas ao desfrute do prazer por pressões mentais padronizadas. Explico, tenho descartado a decisão de fazer qualquer coisa a partir da noção de que preciso aproveitar o tempo em algo criativo, se referindo particularmente a cultura. Em outras palavras, quero me libertar de qualquer agenda ou rotina no que se refere a minha capacidade criativa ou desfrute de meu tempo de lazer e cultura. Isso é parte da nova educação intelectual que me propus como parte de uma pretensa autonomia de pensamento e de sistemas culturais e econômicos.
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Obra completa de Paulo Freire para baixar no Centro de Referência Paulo Freire.
Dica do blog Pragmatismo Político.
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O Cinema Brasileiro Contemporâneo: conversa com Eduardo
Valente e Ismail Xavier.
Publicado em 13/07/2013
Organização: PET-Filosofia (USP)
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Queijo vegetal de mandioquinha (ou batata salsa)
14 DE JULHO DE 2013 | EMANOELABORGES
Boa noite!
Como prometido para vocês e para meu marido fiz o bendito queijo de mandioquinha em casa.
Primeiro foi uma surpresa para mim, sempre achei que a tal da mandioquinha era a mesma coisa que aipim e não batata salsa!!
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Ainda bem que não errei hahahaha! Então vamos lá para a receita retirada do Grupo Receitas Veganas do Facebook postado pela linda Micaela Ganzarolli. A receita é simples e muito fácil, o resultado é bacana e a consistência lembra bastante queijo.
Ingredientes:
1/2 kilo de batata salsa descascada (fiz bastante e congelei mas dá para diminuir bastante a receita);
1/4 de óleo vegetal;
3 colheres cheias de povilho doce;
5 colheres bem cheias de povilho azedo;
2 colheres cheias de amido de milho;
sal a gosto.
Em uma panela cozinhei as batatas com o óleo e um pouco de sal. Assim que estavam bem cozidas desliguei o fogo e coloquei tudo no liquidificador.
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Bati e acrescentei 2 copos americanos de água, o amido de milho, e os povilhos e continuei batendo. Conferi o sal e foi para a panela novamente.
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Na panela em fogo não muito alto vai mechendo até virar engrossar e ficar por inteiro bem amarelo e desgrudar do fundo (nesse momento tive que pedir auxilio para o homem da casa pois era muito pesado para meus bracinhos mecherem hehehe). Ficou assim:
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Coloquei em potinhos e na geladeira e no freezer. Prentendo fazer pizza e muitas outras coisas com ele! Mas sinceramente acho que poderia ser mais azedinho, para lembrar mais queijo (eu sei que não é legal esse negocio de lembrar mas era exatamente isso que eu gostava no queijo, o azedinho), já me disseram para usar levedo mas contém glúten :(
Quero experimentar o tofu caseiro, assim que fizer e der certo posto a receita para todos! E o que sair amanhã de gostosura eu posto a receita
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sábado, 13 de julho de 2013
Dia de Chuva, dia de Rock e outras reflexões necessárias e permanentes
Dias chuvosos como hoje são próprios para muita coisa, especialmente no primeiro dia da segunda metade de minhas férias (a outra foi lá atrás). Ouvir um rock em memória ao dia seria boa pedida. Mas rever alguns momentos do Woodstock pode ser mais marcante e conveniente ao momento. Há quem sustente que as sociedades vivem sob ondas, que se espalham pelo mundo contagiando corações. Guardada o momento histórico, as proporções e as linguagens, não seria o que vivemos hoje a expressão do ressurgimento de uma nova avalanche mundial de anseios por uma nova forma de viver e se organizar socialmente? Tudo bem, se for só devaneio, hoje é dia especial para se cogitar isso.
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"Não, não será com métrica
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E daí, ninguém vai mesmo votar na minha pesquisa na cabeça do blog?? Não me deixem só!!!!
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Documentário Canto de Cicatriz relata história de vítimas de violência sexual
"Não, não será com métrica
nem com rima.
Uma coisa sem nome violentou uma menina.
Ação barata sem a prata
do pensamento
o ouro do sentimento
o dia da empatia. Noite.
Uma coisa. Não era o lobo
nem o ogro nem a bruxa,
era a fúria do real
sem o carinho do símbolo.
Stop, a poesia parou.
Ou foi a humanidade?"
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A Imprensa Paulista na Ditadura (1964-1985)
Trata-se de um video-documentário que relata o impacto da Ditadura Militar no Brasil sobre a imprensa paulista e seus profissionais. A submissão de alguns, a resistência de outros e a vida daqueles que lutaram pela liberdade de expressão e pela ética em sua profissão. De uma lado, grandes empresas preocupadas com seus patrimônios, de outro, homens que queriam simplesmente escrever, e contra todos, os generais do Exército que não queriam que o povo enxergasse a verdadeira face de um país sofrido e amordaçado.
O video traz depoimentos de professores, historiadores e principalmente de jornalistas que trabalharam naquela época e que sobreviveram às batalhas, censuras e torturas. O intuito é mostrar as dificuldades daquele período e trazer uma reflexão sobre os resquícios dessa ditadura nos dias de hoje e do que deveria se uma imprensa livre.
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Por que é tão difícil praticar o “amor livre”?
“Amor livre é uma proposta revolucionária que questiona os modelos disponíveis de amor construídos socialmente e historicamente, possibilitando que todxs possam criar novas formas de se relacionar, visando interações não-hierárquicas e de cooperação mútua – na contramão dos valores capitalistas de possessividade e exclusividade. Não existe um formato definido de amor livre, a ideia é justamente ter liberdade para construir novas relações com diretrizes próprias, o único princípio orientador do amor livre é a busca pela solidariedade ax próximx, o que explica sua origem entre pensadorxs socialistas e libertárixs.”
free love
Assim eu começo uma breve nota que tenta resumir um pouco sobre o conceito de amor livre, essa tentativa quase utópica de construir relacionamentos na contramão do destino monogâmico: formar uma família nuclear sustentada por um contrato de casamento e uma propriedade privada.
Sabemos que o amor é algo construído socialmente, que as formas de se relacionar afetivo/sexualmente foram muito diferentes em várias organizações sociais. Do formato grego, em que o homem não podia permitir a criação do vínculo afetivo com a mulher até os moldes do amor romântico tradicional que idealiza x outrx ao nível divino. Assim, tendo a noção de que é algo passível de transformação, nós, feministas e libertárixs, buscamos orientar nossas práticas afetivas de acordo com a organização social que desejamos – não hierárquica, horizontal e livre de opressão. Ao negar o modelo monogâmico e heteronormativo que é base do capitalismo e do patriarcado, abrimos novas possibilidades que muitas vezes se traduzem em relações abertas ou poliamoristas, nas quais não existe um contrato de exclusividade das práticas sexuais e afetivas fechado entre xs parceirxs.
Essas relações de “amor livre” podem ser muito diferentes entre si, podem incluir acordos específicos, serem parcialmente centralizadas ou totalmente horizontais entre um número variável de parceirxs, mas têm em comum a proposta de abrir o diálogo e encarar os desejos de perto, mediando a dinâmica da relação de forma que todxs se sintam livres e ao mesmo tempo exista o respeito aos limites do outrx. É uma negociação bastante complicada por si só, porque exige comprometimento ético, ao contrário da ideia de desordem que o senso comum dita sobre o assunto. A ausência de contratos de exclusividade não pressupõe a ausência de um compromisso com as demandas emocionais dx parceirx, pois assim voltamos à estaca zero do egoísmo já largamente perpetuada pelo amor romântico. Fugir desses paradoxos é uma das tarefas mais difíceis na hora de desconstruir nossos velhos modelos do amor burguês, que apenas admitem polarizações como matrimônio x libertinagem, sendo que a tal “libertinagem”, nesse caso, tem muito pouco a ver com liberdade e muito mais com a completa negligência das necessidades dx parceirx em uma relação – uma forma de precarização dos vínculos humanos que também não contempla o ideal libertário da cooperação e serve mais ao modelo capitalista.
emma
Mas a lista de obstáculos para a cultura do amor livre é muito mais extensa. Nossa própria forma de organização social é fundada no modelo do casal heterossexual burguês que ocupa uma propriedade privada fixa e garante as próximas gerações através da herança. Esse conceito de família como núcleo central de toda a sociedade já é um desafio e tanto a ser enfrentado, pois somos diariamente pressionadxs com o fantasma da marginalização caso não aceitemos o modelo vigente, convencidxs de que há uma idade limite para constituir tal núcleo sólido e que, se não o fizermos a tempo, temos um amargo destino de solidão e abandono pela frente. Acabamos psicologicamente frágeis diante de tamanha estrutura que nos esmaga, que é metodicamente pensada para nos empurrar na direção das relações monogâmicas. A jornada de trabalho diária exaustiva, a fragilidade das relações humanas em geral em um contexto de extrema competitividade, a tendência liberal da individualização, tudo colabora para que a maioria das pessoas ainda se encerre no refúgio particular do casal e idealize o amor romântico como um porto seguro emocional em uma realidade caótica. Ao tentar romper com a instituição do casamento, nos deparamos com uma sociedade que não está pronta para acolher novas maneiras de se relacionar, que torna nosso tempo e espaço para desenvolver mais relações com mais qualidade muito escasso, que nos incentiva a oferecer nossa dedicação a uma única pessoa e a projetar nossas necessidades nela – ou, no outro extremo, a nos relacionar com várias pessoas de forma extremamente superficial. Para a classe trabalhadora, a pressão para a relação de casamento é ainda maior por uma questão de sobrevivência econômica. E, considerando o fenômeno das famílias monoparentais na periferia, onde os homens abandonam o núcleo em busca de liberdade e deixam toda a responsabilidade familiar para as mulheres, chegamos ao outro fator que freia nossos anseios por relações mais verdadeiras: o sexismo.
patriarcadoClaro, o grande obstáculo do patriarcado. Anterior até mesmo ao capitalismo, é um dos maiores problemas a serem enfrentados pelos entusiastxs do amor livre, porque insere o elemento do poder na dinâmica das relações de forma desigual. A hierarquia de sexo/gênero que inferioriza as mulheres e garante privilégios aos homens afeta a todxs nós e se perpetua no nosso cotidiano, como uma forma de poder difuso e difícil de se combater. Historicamente, os homens sempre foram livres para se relacionar com várias parceiras, comumente prostitutas, enquanto as mulheres eram encerradas no ambiente doméstico como propriedades, no papel de esposas reprodutoras – quando o adultério feminino surge como resistência. Dentro da família burguesa, a sexualidade da mulher é controlada de todas as formas, garantindo que cumpra seu papel enquanto esposa fiel, responsável pela criação dxs filhxs e manutenção da casa. O mito do amor romântico legitima o contrato do casamento e assegura o modelo nuclear de família, às custas da repressão sexual das mulheres.
A dita “Revolução Sexual” trouxe alguns avanços para as mulheres, como a pílula anticoncepcional e o direito – em tese – de controlar a reprodução, mas ainda nos deixou muito distantes da utopia das relações igualitárias. No trecho abaixo, de um post que fiz recentemente, explico um pouco sobre a situação atual:
“[...]a sociedade aguarda ansiosamente por qualquer oportunidade de culpabilizar uma mulher por ter exercido livremente sua sexualidade, por ter sentido tesão, ainda que se venda uma falsa ideia de “liberdade sexual” e toda a classe média esteja contaminada com o suposto empoderamento das mulheres nesse sentido. A “libertação” sexual é estimulada, até um certo ponto, até que se possa manter o controle público sobre os limites da vida sexual das mulheres.
Ok, permitimos que vocês façam o que quiserem, mas arcarão com as consequências do sexismo ainda intocável que estrutura o pensamento, herança dos tempos mais brutais em que a libido feminina era crime – o pecado original cristão. Busque o prazer, os anticoncepcionais, as mil posições do Kama Sutra, o best seller de BDSM, mas saiba que em caso de gravidez indesejada o aborto é crime e vamos puni-la, em caso de sextorsão a culpa é sua por ter se exposto, em caso de estupro seu comportamento sexual será decisivo para culpá-la e durante o seu parto você será lembrada que “não gritou na hora de fazer”. Ouse escapar às regras e faremos você se arrepender do prazer que sentiu, se encher de remorso e culpa por cada orgasmo, porque, no fundo, tesão feminino ainda é exposto como motivo de vergonha no espaço público.”
Logo, ainda sofremos com o legado do pensamento patriarcal mediando as relações entre homens e mulheres – lógica também reproduzida nas relações homoafetivas. Estigmas tão arcaicos como o da “vagabunda” em oposição ao “garanhão” ainda estão fortemente presentes, reforçando a dicotomia puta x santa que regula a sexualidade das mulheres. Ainda chovem todos os dias casos de mulheres agredidas e mortas por companheiros que as enxergavam como propriedades e ainda são classificados como “crimes passionais” ao invés de femicídios. As denúncias de violência doméstica não param de crescer, os casos de estupro e abuso sexual são um fenômeno preocupante, o assédio nas ruas é constante e violento. O quadro é grave e não nos permite avançar na construção de relações mais livres enquanto não for duramente enfrentado.
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O primeiro passo é admitir que estamos contaminadxs, que não se trata de associação voluntária ao sistema capitalista e patriarcal opressor. É a nossa realidade concreta e temos que partir dela. Temos visto muitos exemplos próximos de relações com proposta libertária que desmoronam, justamente porque os velhos papéis sexuais estão tão internalizados que vêm â tona nos momentos de fragilidade. Ciúmes, mentira, possessividade são heranças difíceis de desconstruir e teríamos praticamente que recomeçar do zero a pensar nossas relações. Especialmente para os homens, o poder e o privilégio raramente são reconhecidos e problematizados. Vale lembrar que mulheres são criadas para esperarem um príncipe encantado e se dedicarem emocionalmente enquanto homens são criados para evitar vínculos afetivos e estigmatizarem a sexualidade feminina. Logo, é muito comum nas relações supostamente livres ver homens exercendo poder através da sexualidade, manipulando mulheres com quem se relacionam simultaneamente para que fiquem umas contra as outras, traindo a confiança da parceira mesmo com a liberdade do diálogo, restringindo o acesso da parceira a outros homens, entre outras incoerências e situações abusivas. Ou seja, homens e mulheres não partem da mesma posição de poder nas relações, por uma questão estrutural, logo, caberia a eles problematizarem seu papel quando se propõem a construir uma relação de amor livre.
É importante não cair na armadilha de substituir uma idealização do amor romântico por uma idealização do amor livre enquanto a incrível solução para nossos problemas de relacionamentos. Somos capazes de fazer a crítica sobre as relações que estão dadas, mas as belas teorias que criamos sobre as novas relações estão dentro de um longo processo de transformação radical da sociedade. Enquanto nos relacionarmos nesse contexto, somos reféns de muitas limitações e não podemos deixar de ser auto-críticxs. Não vale a pena pintar o amor livre com toda a sua poesia e não reconhecê-lo como parte dessa estrutura opressora que combatemos a todo momento, como se fôssemos poderosxs o suficiente para ignorar tudo o que nos enfiaram goela abaixo desde que nascemos, diariamente. Acredito que é preciso pautar e construir o amor livre urgentemente, mas sem essa pretensão revolucionária que parece brotar de egos gigantescos que se julgam libertxs de todas as amarras – aquelas mesmas que lhes garantem, muitas vezes, uma posição privilegiada – e ainda criam novos formatos dominantes. Qualquer proposta de relação, no nosso contexto atual, é incerta e vulnerável a uma série de problemas, ainda que estejamos lutando contra um modelo que concentra toda a opressão e o aprisionamento.
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Somos parte da merda toda, basicamente. Não é uma relação aberta aos trancos e barrancos ou um poliamorismo de 10 pessoas onde alguém se sente desconfortável que vão destruir os paradigmas heteronormativos, patriarcais e capitalistas que mediam nossos relacionamentos. É preciso pensar coletivamente a raiz dessas relações e como combater efetivamente os antigos modelos que nos assombram e nos atingem em cheio na primeira brecha, evitando o fetichismo sobre os formatos novos propostos. Porque, apesar de todas essas questões e desafios, o que não dá é para engolir ou reformar a velha tradição monogâmica burguesa e continuar dependente de escolhas tão precárias toda vez que há interesse em uma relação afetivo/sexual. Precisamos realmente do tal do amor livre, mas ele precisa ser livre para todxs, na prática.
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E daí, ninguém vai mesmo votar na minha pesquisa na cabeça do blog?? Não me deixem só!!!!
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sexta-feira, 12 de julho de 2013
O dilema dos churrasquinho e outros vícios da carne e da mente
Hoje vivi mais uma vez o dilema do churrasquinho, mas quero crer e fazer acontecer que este deixe de ser uma questão de dúvida em minha vida. Mas isso não aconteceu sem uma mistura de momentos de esparsas análises, reflexões e relações entre as dimensões política, sexual e gastronômica de minha vida. Sim, admito sem problemas, somos essa mistura - no prazer e na dor.
Seja no consumo dos bens simbólicos pelas nossas subjetividades, seja na degustação dos bens calóricos pelas nossas papilas, seja no acalento das necessidades sexuais por nossos sentidos e órgãos, somos, definitivamente, prisioneiros ou emancipados.
Explico. A despeito de minha perseguidora atitude de abandonar o consumo da carne e de todos produtos produzidos com origem animal, adoro churrasquinho. E isso é fácil compreender na vida de qualquer pessoa que cresceu consumindo esse tipo de carne, e que nunca teve um estímulo em sentidos diferentes, por razões que se repetiram com meus pais, avós, e assim por diante.
O vício disfarçado de hábito, em outras palavras. Mesmo assim, perseguindo meu propósito maior, deixei, há um bom tempo, de frequentar churrascarias - onde o consumo da carne envolve, prioritariamente, motivações relacionados ao prazer e a lucratividade. Mas, quanto ao churrasquinho, ainda não vinha resistindo. Basta passar por um carrinho com fumaça (comum nessas bandas) e sentir aquele cheiro, tendo a buscar um.
Todavia, na busca de uma construção racional e motivadora para deixar de vez esse hábito, suficientemente forte para transformar vontade em ação, pensei na questão da relação sexual, que aliás, tem muito a ver com carne. Como? Simples, questão de liberdade.
E o que tais vícios carnais, passíveis de nos emanciparmos, poderiam ter a ver com a presente ocupação e cobertura da Câmara de Vereadores de Porto Alegre? Justamente, questão de liberdade, e claro de um esforço do olhar e da mente.
Somos, como todos sabem, alimentados desde cedo por um comportamento passivo e receptivo diante da informação. Desde a infância, os primeiros contatos com o mundo pelos meios de comunicação se dão a partir de posturas abertas apenas ao ouvir. Decididamente, é alheio a nossa realidade o hábito de atuar e ser sujeito. Até mesmo na escola a posição de pedir licença para falar é encarada incomodamente.
Com a adolescência e a fase adulta, o telejornalismo mastigado, a imprensa escrita pasteurizada, os filmes hollywoodianos e tudo mais dão o coroamento dessa cultura passivista, em que nunca aprendemos a ser agentes de nosso destino e daquilo que nos cerca, com as exceções - dias atuais raras e confusas - do ativismo político. Mas podemos mudar de postura sobre várias coisas, quando decidimos intimamente.
Por exemplo, costumo explicar a minha recusa a transar com prostitutas pelo fato básico, entre outros, de que não transo com alguém que não tenha vontade de transar comigo. Está aí, implicitamente, uma questão de liberdade, já que, na condição de prostitua, as mulheres exercem uma relação íntima submissa ao dinheiro, e não a sua vontade. Não estão, portanto, livres para exercer seu prazer sexual (ou da carne) por vontade. Indiferentes a isso, nós homens - e as mulheres, no seu modo - tendemos a nos acomodar na tranquila e canina correspondência de nossos desejos mais fugazes.
Trazendo isso para o consumo da carne animal, tem tudo a ver. Os animais, que são sacrificados para a lucratividade e o prazer alheio, não o são por liberdade própria. Muito pelo contrário. São retirados do seus habitat, escravizados, torturados e executados absolutamente indiferente de suas vontades. Contrários, portanto, a suas liberdades.
A nossa passividade em aceitar a formação da opinião em prol da sua criminalização dos menores que delinquem, como ocorre com outras questões, se assemelha à passividade e comodismo de ajustar nossa consciência ao prazer do consumo da carne animal.
De minha parte, quanto ao consumo do churrasquinho, assim será. Assumo uma nova postura. Se vai ser fácil? Claro que não. Mas agora, pelo menos, tenho um fio condutor de coerência, que vai facilitar a construção de alternativas a esse prazer fugaz.
Um outro gancho possível de se fazer entre essas duas dimensões da vida - sexual e gastronômica - é o de que precisamos conhecer aquilo com o que nos relacionamos. Se pensarmos bem, pouco ou nada conhecemos do que consumimos gastronomicamente. Os efeitos, em geral, se dão ao longo prazo.
Quanto aos seres humanos, tenho me dado conta que as pessoas que se revelam de maneiras distintas. A palavra é uma das formas mais comuns, mas o silêncio e o comportamento geral perante certas situações também são indicadores. Li por esses dias algo como se queres conhecer alguém veja como age, e não necessariamente o que diz.
Talvez por isso que nos relacionamentos humanos íntimos as pessoas terminam por se conhecer melhor realmente quando passam a conviver sob o mesmo teto, não que isso seja necessário, e acho até mais que dispensável. Mas é fato que conhecer alguém tem a ver muito com um exame de sua história de vida, ou um período de convivência real de situações contrastantes enfrentadas por essa pessoa, sob nossa observação.
Voltando ao ponto político, observando ontem, via link ao vivo do Catarse, a dinâmica da reunião do grupo que ocupou a Câmara de Vereadores de Porto Alegre notei que essa moçada, diferente do que às vezes quer se fazer crer, tem um nível de maturidade política consistente. Há uma ordem, na anarquia ali estabelecida, que define direções de mando e de cumprimento de tarefas em áreas essenciais como alimentação, segurança e comunicação.
Em contraste com o movimento dos grevistas, puxado por lideranças sindicais, a juventude demonstra uma criatividade, união e espontaneidade, que revigora a política. É certo que a ocupação é um ato ilegal, porém, há de se considerar que é um grupo de mais de 50 pessoas, articuladas e que não detém armas. Se não me engano, há um certo conceito denominado Desobediência Civil, que dá certa legitimidade a esse tipo de ação, ainda que transgrida a lei.
O certo é que há por aí uma nova forma de manifestação popular, em um formato diferenciado, singular e inovador, que precisa ser considerado na cultura política contemporânea. Inclusive, e até especialmente, pela chamada esquerda - seja lá o que isso signifique hoje.
Daí que, transpus esse princípio de relacionamentos sexuais para a minha realidade gastronômica. E daí que também aproveito para relacionar essa apologia ao prazer da carne, em seus diferentes níveis, a nossa realidade política crua e presente.
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Seja no consumo dos bens simbólicos pelas nossas subjetividades, seja na degustação dos bens calóricos pelas nossas papilas, seja no acalento das necessidades sexuais por nossos sentidos e órgãos, somos, definitivamente, prisioneiros ou emancipados.
Explico. A despeito de minha perseguidora atitude de abandonar o consumo da carne e de todos produtos produzidos com origem animal, adoro churrasquinho. E isso é fácil compreender na vida de qualquer pessoa que cresceu consumindo esse tipo de carne, e que nunca teve um estímulo em sentidos diferentes, por razões que se repetiram com meus pais, avós, e assim por diante.
O vício disfarçado de hábito, em outras palavras. Mesmo assim, perseguindo meu propósito maior, deixei, há um bom tempo, de frequentar churrascarias - onde o consumo da carne envolve, prioritariamente, motivações relacionados ao prazer e a lucratividade. Mas, quanto ao churrasquinho, ainda não vinha resistindo. Basta passar por um carrinho com fumaça (comum nessas bandas) e sentir aquele cheiro, tendo a buscar um.
Todavia, na busca de uma construção racional e motivadora para deixar de vez esse hábito, suficientemente forte para transformar vontade em ação, pensei na questão da relação sexual, que aliás, tem muito a ver com carne. Como? Simples, questão de liberdade.
E o que tais vícios carnais, passíveis de nos emanciparmos, poderiam ter a ver com a presente ocupação e cobertura da Câmara de Vereadores de Porto Alegre? Justamente, questão de liberdade, e claro de um esforço do olhar e da mente.
Somos, como todos sabem, alimentados desde cedo por um comportamento passivo e receptivo diante da informação. Desde a infância, os primeiros contatos com o mundo pelos meios de comunicação se dão a partir de posturas abertas apenas ao ouvir. Decididamente, é alheio a nossa realidade o hábito de atuar e ser sujeito. Até mesmo na escola a posição de pedir licença para falar é encarada incomodamente.
Com a adolescência e a fase adulta, o telejornalismo mastigado, a imprensa escrita pasteurizada, os filmes hollywoodianos e tudo mais dão o coroamento dessa cultura passivista, em que nunca aprendemos a ser agentes de nosso destino e daquilo que nos cerca, com as exceções - dias atuais raras e confusas - do ativismo político. Mas podemos mudar de postura sobre várias coisas, quando decidimos intimamente.
Por exemplo, costumo explicar a minha recusa a transar com prostitutas pelo fato básico, entre outros, de que não transo com alguém que não tenha vontade de transar comigo. Está aí, implicitamente, uma questão de liberdade, já que, na condição de prostitua, as mulheres exercem uma relação íntima submissa ao dinheiro, e não a sua vontade. Não estão, portanto, livres para exercer seu prazer sexual (ou da carne) por vontade. Indiferentes a isso, nós homens - e as mulheres, no seu modo - tendemos a nos acomodar na tranquila e canina correspondência de nossos desejos mais fugazes.
No âmbito político, esse acomodamento se dá, em
vital parte, porque a liberdade tem um preço que estamos avessos a pagar. Ele
pode ser, às vezes, o de contrariar a ordem vigente. A ação do pessoal que
ocupou a Câmara de Vereadores de Porto Alegre e sua ampla articulação a partir
do apoio de uma rede de comunicação alternativa, contraria a ordem
vertical, homogênea e rotineira que o jornalismo tradicional nos alimenta entre a infância e a velhice. Compreender o processo desencadeado por aqueles jovens, e se
inteirar dele por canais alternativos, nos obriga a uma postura ativa e
pervertedora do que estamos acostumados.
Ao nos unirmos a massa amorfa, que se constitui recipiente da comunicação de massa de uma só voz, indiretamente, ignoramos, solenemente, outros olhares editoriais possíveis. Estes, nunca encontraram, e nunca encontrarão, espaço para dar as suas versões dos fatos. Em outras palavras, em prol da adesão de consumidor passivo a uma linguagem comunicativa corporativa, sustentada em uma democracia formal, somos anestesiados pela paz da ordem que enterra a liberdade da democracia social no silêncio imposto pelo limite das condições objetivas das realidades marginalizadas.
Traduzindo em miúdos, se quiséssemos compreender, por exemplo, a real dimensão da questão da redução da maioridade penal, seria necessário superar o olhar raso que caracteriza a campanha aberta da mídia corporativa em favor de que menores vão para a cadeia pelo crime que cometeram. Teríamos que considerar, por exemplo, que a questão da vontade desses menores não corresponde, necessariamente, a consciência da prática de delitos ou crimes; que há fatores sensitivos que interferem nesse favorabilidade social, entre os quais, o da mídia corporativa. E que potencializam esse processo de formação da opinião pública.
Ao nos unirmos a massa amorfa, que se constitui recipiente da comunicação de massa de uma só voz, indiretamente, ignoramos, solenemente, outros olhares editoriais possíveis. Estes, nunca encontraram, e nunca encontrarão, espaço para dar as suas versões dos fatos. Em outras palavras, em prol da adesão de consumidor passivo a uma linguagem comunicativa corporativa, sustentada em uma democracia formal, somos anestesiados pela paz da ordem que enterra a liberdade da democracia social no silêncio imposto pelo limite das condições objetivas das realidades marginalizadas.
Traduzindo em miúdos, se quiséssemos compreender, por exemplo, a real dimensão da questão da redução da maioridade penal, seria necessário superar o olhar raso que caracteriza a campanha aberta da mídia corporativa em favor de que menores vão para a cadeia pelo crime que cometeram. Teríamos que considerar, por exemplo, que a questão da vontade desses menores não corresponde, necessariamente, a consciência da prática de delitos ou crimes; que há fatores sensitivos que interferem nesse favorabilidade social, entre os quais, o da mídia corporativa. E que potencializam esse processo de formação da opinião pública.
A nossa passividade em aceitar a formação da opinião em prol da sua criminalização dos menores que delinquem, como ocorre com outras questões, se assemelha à passividade e comodismo de ajustar nossa consciência ao prazer do consumo da carne animal.
De minha parte, quanto ao consumo do churrasquinho, assim será. Assumo uma nova postura. Se vai ser fácil? Claro que não. Mas agora, pelo menos, tenho um fio condutor de coerência, que vai facilitar a construção de alternativas a esse prazer fugaz.
Um outro gancho possível de se fazer entre essas duas dimensões da vida - sexual e gastronômica - é o de que precisamos conhecer aquilo com o que nos relacionamos. Se pensarmos bem, pouco ou nada conhecemos do que consumimos gastronomicamente. Os efeitos, em geral, se dão ao longo prazo.
Quanto aos seres humanos, tenho me dado conta que as pessoas que se revelam de maneiras distintas. A palavra é uma das formas mais comuns, mas o silêncio e o comportamento geral perante certas situações também são indicadores. Li por esses dias algo como se queres conhecer alguém veja como age, e não necessariamente o que diz.
Talvez por isso que nos relacionamentos humanos íntimos as pessoas terminam por se conhecer melhor realmente quando passam a conviver sob o mesmo teto, não que isso seja necessário, e acho até mais que dispensável. Mas é fato que conhecer alguém tem a ver muito com um exame de sua história de vida, ou um período de convivência real de situações contrastantes enfrentadas por essa pessoa, sob nossa observação.
Voltando ao ponto político, observando ontem, via link ao vivo do Catarse, a dinâmica da reunião do grupo que ocupou a Câmara de Vereadores de Porto Alegre notei que essa moçada, diferente do que às vezes quer se fazer crer, tem um nível de maturidade política consistente. Há uma ordem, na anarquia ali estabelecida, que define direções de mando e de cumprimento de tarefas em áreas essenciais como alimentação, segurança e comunicação.
Em contraste com o movimento dos grevistas, puxado por lideranças sindicais, a juventude demonstra uma criatividade, união e espontaneidade, que revigora a política. É certo que a ocupação é um ato ilegal, porém, há de se considerar que é um grupo de mais de 50 pessoas, articuladas e que não detém armas. Se não me engano, há um certo conceito denominado Desobediência Civil, que dá certa legitimidade a esse tipo de ação, ainda que transgrida a lei.
O certo é que há por aí uma nova forma de manifestação popular, em um formato diferenciado, singular e inovador, que precisa ser considerado na cultura política contemporânea. Inclusive, e até especialmente, pela chamada esquerda - seja lá o que isso signifique hoje.
Daí que, transpus esse princípio de relacionamentos sexuais para a minha realidade gastronômica. E daí que também aproveito para relacionar essa apologia ao prazer da carne, em seus diferentes níveis, a nossa realidade política crua e presente.
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quinta-feira, 11 de julho de 2013
Paralisação de muitos rumos e silêncios
Dia vazio nas ruas hoje, graças a greve. Trabalhei normal, visto que, minha condição de contratação deixa nenhum espaço para opção. A cidade estava mesmo diferente, saí pelo meio dia e o comércio todo fechado. Nas ruas, carros raros. Dá mesmo para se dizer que foi uma greve vitoriosa, se considerarmos só o fato de afastamento dos trabalhadores de seus locais de trabalho. Transportes abalados e grande adesão a falta. Porém, greve é mais que isso. Se considerarmos pelo lado da mobilização popular, é preciso dizer, esta foi reduzida. Nem comparado ao que se levantou durante as mobilizações do mês de junho. Todavia, é preciso reconhecer, o movimento de hoje tinha direção e propósito. Era das centrais sindicais, tinha cara. Até aí, tudo bem. Um movimento político maduro. Mas, e a representatividade? É esse mesmo o tipo de instância que ainda vai vigorar para representar os trabalhadores nas mobilizações do século XXI. Sim e Não. É preciso os sindicatos, e também a sua reformulação, adaptados a uma linguagem e articulação mais dinâmica e moderna. Livre de burocracias e caciques. O que vale para os partidos parece valer para essas agremiações. É a transformação implacável em nossa cultura política, ou, o começo da construção de uma.
Entre os vários assuntos tratados, o debate do DNA do Brasil, realizado ontem no auditório do Unilasalle, aqui em Canoas (Ver abaixo), apresentou algumas questões interessantes para reflexão sobre os meios, estratégias, anseios e rumos que assumiram as manifestações civis. Disse o jornalista Marcos Rolim em sua intervenção que o que a juventude quer dizer com as ocupações das ruas é que os políticos não corresponderam a suas expectativas e esse modelo político se demonstra defasado. Algo novo se quer. O quê? ainda pouco se sabe. A greve geral de hoje, que esvazia as ruas, demonstra que há ainda, sim, uma certa sintonia entre as entidades sindicais tradicionais e esses novos movimentos. Mas também há dissonâncias. A ocupação da Câmara de Vereadores de Porto Alegre ontem à noite por algumas dezenas de jovens, por exemplo, indica que os métodos de ação desses protestos assumem, de fato, novos formatos, dos quais a repressão policial já definitivamente não dá conta. Eu confesso que me identifico realmente com a necessidade de mudança, mas, como a maioria, ainda permaneço atônito com relação ao real rumo que as coisas devem tomar. Embora anseie por tomada de posições, sempre. No entanto, quem sabe essa falta de rumo seja realmente necessária para se repensar as práticas políticas realizadas até hoje, que parecem realmente não mais dar conta dos dilemas éticos e filosóficos que se apresentam nesses tempos de transformações extremas. Tenho uma certeza, em meio a tantas dúvidas: é preciso e urgente formas e organização política que dêem conta desses novos anseios que a diversidade humana e suas complexidades fizeram surgir - no âmbito étnico, religioso, afetivo, entre outros. No mais, observo - na medida do possível, atuo - e me transformo. Além de procurar sobreviver mais amadurecido nisso tudo.
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Crédito da notícia: Ronaldo M. Botelho
Entre os vários assuntos tratados, o debate do DNA do Brasil, realizado ontem no auditório do Unilasalle, aqui em Canoas (Ver abaixo), apresentou algumas questões interessantes para reflexão sobre os meios, estratégias, anseios e rumos que assumiram as manifestações civis. Disse o jornalista Marcos Rolim em sua intervenção que o que a juventude quer dizer com as ocupações das ruas é que os políticos não corresponderam a suas expectativas e esse modelo político se demonstra defasado. Algo novo se quer. O quê? ainda pouco se sabe. A greve geral de hoje, que esvazia as ruas, demonstra que há ainda, sim, uma certa sintonia entre as entidades sindicais tradicionais e esses novos movimentos. Mas também há dissonâncias. A ocupação da Câmara de Vereadores de Porto Alegre ontem à noite por algumas dezenas de jovens, por exemplo, indica que os métodos de ação desses protestos assumem, de fato, novos formatos, dos quais a repressão policial já definitivamente não dá conta. Eu confesso que me identifico realmente com a necessidade de mudança, mas, como a maioria, ainda permaneço atônito com relação ao real rumo que as coisas devem tomar. Embora anseie por tomada de posições, sempre. No entanto, quem sabe essa falta de rumo seja realmente necessária para se repensar as práticas políticas realizadas até hoje, que parecem realmente não mais dar conta dos dilemas éticos e filosóficos que se apresentam nesses tempos de transformações extremas. Tenho uma certeza, em meio a tantas dúvidas: é preciso e urgente formas e organização política que dêem conta desses novos anseios que a diversidade humana e suas complexidades fizeram surgir - no âmbito étnico, religioso, afetivo, entre outros. No mais, observo - na medida do possível, atuo - e me transformo. Além de procurar sobreviver mais amadurecido nisso tudo.
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21 livros de Fernando Pessoa para download, aqui.
Direto de dentro da Câmara de Vereadores de Porto Alegre!
Plenária, agora, da ocupação. Acompanhe! Aqui.
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SEMINÁRIO OCUPAÇÃO ARTÍSTICA EM LOCAIS PÚBLICOS
Nos dias 17 e 18 de julho de 2013 acontecerá o Seminário
“Ocupação Artística em Locais Públicos: Uma Experiência Necessária”.
O Povo da Rua participa da ocupação artística no Hospital
Psiquiátrico São Pedro (HPSP) juntamente com outros grupos e realiza inumera
ações culturais e educativas no local, pode-se destacar a produção e
apresentação de diversos espetáculos de artes cênicas e a realização de
atividades formativas ao público em geral. A ocupação artística do HPSP é, sem
dúvida, um modelo inteligente de ocupação em local público, sendo uma
referência nacional e propoe junto a classe artistica um Seminario sobre a
ocupação artistica de locais públicos.
Serviço:
SEMINÁRIO “Ocupação Artística em Locais Públicos: Uma
Experiência Necessária”
Convidados:
- Fábio Resende (Brava Cia/SP)
- Luiz Leon Cecchia
- Marcelo Palmares (Pombas Urbanas/SP)
- Romualdo Freitas (Rede de Teatro da Floresta/Acre)
- Neelic Grupo de Teatro
- Hamilton Leite (Oigalê Cooperativa de Artista Teatrais/RS)
- Fábio Rangel (Falos & Stercus/RS)
Mediador: Marcelo Restori
Data: 17 e 18 de julho de 2013
Horário: 19h
Local: sala C2 da Casa de Cultura Mário Quintana – Rua dos
Andradas, 736
Com transmissão on-line através do site:
www.povodarua.com.br
Link http://justin.tv/povodaruateatrodegrupo
Local: Casa de Cultura Mário Quintana
In memoriam Rogério Lauda (1958-2013)
Mais informações se inscrições através do site:
www.povodarua.com.br
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10/07/2013 22:58
DNA do Brasil: "Nosso pai é o genocídio e nossa mãe é a
escravidão", assinala Rolim
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Foto: Alisson - SECOM - PMC |
As implicações das relações de classe em diferentes momentos
históricos do País na nossa formação cultural e as distâncias entre o modelo de
ensino tradicional e uma proposta pedagógica moderna estiveram nesta noite no
centro das intervenções durante mais uma edição do projeto DNA do Brasil.
"Nós somos filhos de quem? Nosso pai é um genocídio e nossa mãe a
escravidão. Isso formata o nosso DNA", analisou o jornalista Marcos Rolim
durante a abertura do evento.
Uma plateia expressiva, formada por estudantes, professores
e outros convidados participaram de mais essa edição do projeto, realizada no
Salão de Atos do Unilasalle. O evento foi aberto pela secretária adjunta,
Isabel Poggetti, que observou a missão provocadora e pedagógica desses
encontros. "Isso é o DNA: propor que a gente pense, inclusive nas coisas
que doem, e partir disso, criar", resume. Na plateia, também acompanharam
o debate o secretário municipal de Cultura, Luciano Alabarse, entre outros
gestores da SMC.
Contradições
A partir de uma proposição reflexiva, Rolim realizou em sua
fala um rápido panorama de algumas contradições históricas entre o Estado e a
sociedade civil brasileira, relacionando-as com a construção de nossa
cidadania. "Não seria o mal o resultado da ausência de reflexão",
provocou ele na aberturado encontro, citando a pensadora alemã Hanna Arendt. Em
sua contextualização, ele também destacou a violência como um componente
marcante em nossa cultura, imposta por um Estado que atuou "A ferro e fogo
para os debaixo e reconciliador para os de cima".
Em uma outra perspectiva, a educadora Esther Pillar Grossi
apresentou aspectos essenciais que constituíram o nosso modelo de ensino
vigente, conforme ela, orientado originalmente por um viés catequista e
repetitivo, que mantém vícios até os dias atuais. "A escola tem que ajudar
as pessoas a compreender o seu estado nesse mundo", observa. Por meio de
metáforas e citações de autores determinantes na pedagogia moderna (J. Piaget,
L. Vygotsky, P. Freire, R. Alves, etc), a educadora foi explicando e discutindo
conceitos centrais no ato de ensinar, problematizando desafios que se
apresentam nessa área. "Temos que fazer a nossa aula desejante",
propõe.
Novo Modelo
Ambos os painelistas também utilizaram referências de suas
experiências como professores e ex-deputados federais para falar sobre
obstáculos e desafios para a qualificação da classe política. No encaminhamento
final do encontro, como tem ocorrido nas demais edições do DNA do Brasil, a
plateia teve oportunidade de apresentar questões. No fechamento, os
palestrantes fizeram referência às atuais manifestações civis pelo País,
apresentando uma perspectiva consensualmente otimista sobre tais movimentos.
"Não construímos ainda no País uma cultura democrática; é preciso pensar
um novo modelo político", assinala Rolim.
No final do encontro, a educadora Esther Pillar Grossi, por
sua vez, distribuiu aos presentes o texto "Para não repetir a barbárie dos
colonizadores", abordando os desafios nos investimentos para a
alfabetização no País. Ela também distribuiu merengues aos participantes,
simbolizando as mudanças que ela propõe no modelo de ensino vigente.
Inaugurado em abril deste ano, o projeto DNA do Brasil
propõe um debate sobre a questão do reconhecimento ou construção de uma
identidade brasileira, a partir de expoentes da cultura gaúcha. Essa iniciativa
é uma realização da Prefeitura de Canoas, por meio da Secretaria Municipal da
Cultura, em parceria com o Unilasalle.
Próximos encontros
14 de agosto - Sergius Gonzaga e Juremir Machado da Silva
11 de setembro - Cintia Moscovich e Luis Augusto Fischer
9 de outubro - Arthur de Faria e Roger Lerina
13 de novembro - Tarso Genro e Jairo Jorge
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quarta-feira, 10 de julho de 2013
Uma entrevista e poucas palavras
O anúncio da greve geral amanhã deixa todo mundo em uma certa incerteza. Depois do fracasso da anunciada greves pelas redes sociais, parece que caiu um pouco a credibilidade desse tipo de ação dos trabalhadores. Ironicamente, justamente por ser chamada pelos sindicatos, parece que o patronato parece levar menos a sério esse movimento - do comércio pelo menos é visível. Sou de um tempo em que os sindicatos tinham mais forças e menos recursos de comunicação. É bem intrigante esse processo de enfraquecimento das mobilizações dos trabalhadores. Dos trabalhadores da notícia, que é o ramo que me insiro, nem falo. Vamos ver no que dá, depois faço um balanço melhor.
Hoje pela manhã, ao vir trabalhar, deparei-me com uma combi encostada em uma rua relativamente isolada, por onde às vezes passo. Não teria me chamado a atenção se ela não tivesse os vidros fumês e uma bagagem em cima, incluindo caiaque e bicicleta. Pelo horário, saquei tratar-se de alguém que encostou ali para dormir. E pensei, ali está uma opção de vida. Alguém que está viajando, por algum destino, ou sem nenhum. Quantos fazem isso pelo mundo, e quantos desejam fazer? Eu, por exemplo, tenho esse desejo de vagar muito e conhecer muitas pessoas e lugares. Mas pretendo sempre acrescentar nesse propósito, que é constante, um componente transformador. Para mim, daí, faz sentido viajar pelo mundo. O resto os turistas fazem.
Estive ontem à noite em visita ao meu pai no hospital. Está no oxigênio, mas passa bem, aguardando um exame de nome esquisito, relacionada ao tórax. Mais detalhes pegaremos hoje com o médico. Conversando um pouco com ele, enquanto lá estava, observava outros pacientes também internados em diferentes níveis de condições. Um idoso que estava em um dos leitos, e que apenas soltava palavras desconexas, me chamou a atenção na ocasião. Percebi que todas as camas tinham alguma pessoa dando atendimento, incluindo a enfermeira, às vezes, menos aquele indivíduo. E, consternado, até ele me dirigi. Mesmo sem entender o que ele dizia, falei-lhe algumas palavras de consolo, e percebi retorno em seu olhar e lábios. Fiquei ali alguns segundos, o suficiente para perceber que ele havia se acalmado. Me despedi, e percebi um tipo de aceno no olhar de despedida também. Me senti relativamente satisfeito e convencido que todo ser humano, independente de que estado de saúde esteja, sofre com o isolamento ou o abandono.
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Hoje pela manhã, ao vir trabalhar, deparei-me com uma combi encostada em uma rua relativamente isolada, por onde às vezes passo. Não teria me chamado a atenção se ela não tivesse os vidros fumês e uma bagagem em cima, incluindo caiaque e bicicleta. Pelo horário, saquei tratar-se de alguém que encostou ali para dormir. E pensei, ali está uma opção de vida. Alguém que está viajando, por algum destino, ou sem nenhum. Quantos fazem isso pelo mundo, e quantos desejam fazer? Eu, por exemplo, tenho esse desejo de vagar muito e conhecer muitas pessoas e lugares. Mas pretendo sempre acrescentar nesse propósito, que é constante, um componente transformador. Para mim, daí, faz sentido viajar pelo mundo. O resto os turistas fazem.
Estive ontem à noite em visita ao meu pai no hospital. Está no oxigênio, mas passa bem, aguardando um exame de nome esquisito, relacionada ao tórax. Mais detalhes pegaremos hoje com o médico. Conversando um pouco com ele, enquanto lá estava, observava outros pacientes também internados em diferentes níveis de condições. Um idoso que estava em um dos leitos, e que apenas soltava palavras desconexas, me chamou a atenção na ocasião. Percebi que todas as camas tinham alguma pessoa dando atendimento, incluindo a enfermeira, às vezes, menos aquele indivíduo. E, consternado, até ele me dirigi. Mesmo sem entender o que ele dizia, falei-lhe algumas palavras de consolo, e percebi retorno em seu olhar e lábios. Fiquei ali alguns segundos, o suficiente para perceber que ele havia se acalmado. Me despedi, e percebi um tipo de aceno no olhar de despedida também. Me senti relativamente satisfeito e convencido que todo ser humano, independente de que estado de saúde esteja, sofre com o isolamento ou o abandono.
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Transmitido ao vivo em 08/07/2013
Filósofo esloveno Slavoj Zizek vem ao centro do Roda
Viva. Filosofia contemporânea, política global e o futuro da esquerda estão
entre os assuntos desta edição.
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