quinta-feira, 29 de setembro de 2011

INDIGNAI-VOS!

Soube hoje, pelo Comitê Latino Americano, dessa carta do Núcleo de Economia Alternativa  sobre uma solicitação de realização de uma feira orgânica quinzenal no Campus Central da UFRGS, NEGADA sob alegação absurda de que não daria "lucro" à Universidade!? Conheço esse trabalho pessoalmente e sei que há nele nomes de altíssima competência e credibilidade, como o ambientalista Sebastião Pinheiro, que dispensa apresentações. Portanto, mais uma vez (embora já não deveria mais) me assusto com os rumos tomado pela universidade na qual me formei.

Abaixo texto do Prof Carlos Schmidt sobre a questão.

INDIGNAI-VOS!

Peço desculpas à Stéphane Hessel por plagiar o título de seu manifesto, mas
acredito que ele não se importaria, pois deve pensar que sua iniciativa pode
ser multiplicada.

    Como alguns sabem, coordeno o Núcleo de Economia Alternativa (NEA) que
desenvolve trabalho de pesquisa, ensino e extensão voltado para formas alternativas de práticas econômicas e especula sobre a viabilidade da transformação social.

    Um dos trabalhos que realizamos é o apoio à comercialização dos produtos da agricultura familiar, em particular, dos assentamentos da reforma agrária, na perspectiva da sustentabilidade social, ambiental e da segurança alimentar.

    Na prática, busca-se através de um ponto de comercialização da economia solidária (Contraponto), a venda dos produtos agroecológicos e o abastecimento do sistema dos restaurantes universitários, com produtos desta natureza, por agricultores dos assentamentos.

    Evidentemente, como é papel da Universidade nesta prática extensionista, está se buscando a geração de conhecimento que possa servir a formulação de políticas públicas, bem como, a discussão de elementos centrais da economia como a teoria do consumidor.

    Como parte da estratégia de atendimento dessa demanda socialmente orientada, programamos, junto com colegas da engenharia de produção a realização de uma feira agroecológica ao lado da Contraponto (espaço ocioso)
a ser feita por mulheres do assentamento de Viamão, filhos de Sepé. Esta feira seria semanal.

    Como de praxe, fizemos uma solicitação à Superintendência de infra-estrutura, garantindo a não utilização do estacionamento e a limpeza pós realização da feira.

    Para surpresa nossa, a demanda foi negada e depois de inúmeras tentativas de contatar os responsáveis, estes, concederam a graça de nos receber.

    Surpresa novamente! Deparamo-nos com um doublé de funcionário do capital e chefete latino-americano, na robusta pessoa do Professor Tamagna.
Funcionário do capital nos propósitos e chefete no método autoritário.

    O referido professor ao ser interrogado sobre o direito que tinham os Bancos de espalhar seus quiosques pelo pátio da Universidade, disse que estes tinham direito porque pagavam. E quando perguntado sobre a existência de regras escritas a este respeito, alegou que neste assunto, quem mandava era ele.

    Se alguém tem dúvida que para alguns personagens da administração central da universidade,  esta deve funcionar, exclusivamente, para o andar de cima da sociedade, a situação acima relatada fala por si só.

    Aliás, recordando das posições do Professor Tamagna no Conselho Universitário, estas, eram sempre alinhadas com o bloco da UFRGS/S.A.

    Tivemos, recentemente em nossa Universidade, um seminário da corrente
universitária “Universidade Popular”, que discutiu ampla e profundamente as
dificuldades da Universidade ser plural quanto as suas finalidades, assim muito mais dificuldade teria de ser uma instituição voltada para os interesses da maioria da população.

    Portanto, o fato antes relatado, mostra o quanto estão seguros os setores que propugnam uma Universidade voltada aos interesses do capital, com métodos que privilegiam os critérios de mercado (quem paga pode) e exclui, despudoradamente, “esta gente diferenciada” que ousa querer fazer da Universidade um espaço que também é seu, que estuda suas questões, que os
acolhe para o diálogo de saberes e que os assume como membros do corpo discente.

    Se permitirmos que atitudes truculentas como esta tenham livre curso, outras bandeiras democráticas e inclusivas pelas quais lutamos ficarão cada vez mais distantes. Portanto indignai-vos e ajam em conseqüência.

Carlos Schmidt
Coordenador no NEA
Professor da Faculdade de Ciências Econômica

Para quem anda por Porto Alegre

Inscrições estão abertas e são limitadas:  R$ 5,00 no DAECA (João Pessoa, 52 - Prédio da Economia)




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Programação da Manhã (9h)
De Segunda (03/10) à Sexta-feira (07/10)
Minicurso 1:
Economia Agrícola
Latino -Americana
Ministrante: a definir
Local: Sala 25

Minicurso 2:
Economia e Justiça:
experimentos, jogos
cooperativos e escolha
coletiva
Ministrante:
Prof. Sabino Porto Jr.
Local: Sala 22

Programação da Tarde (14h) - Filmes no Auditório da FCE

Segunda-feira (03/10)
‘Machuca’
(Chile)

Terça-feira (04/10)
‘La teta assustada’
(Peru)

Quarta-feira (05/10)
‘A revolução não será
televisionada’
(Irlanda)

Quinta-feira (06/10)
‘Maria cheia de graça’
(Colômbia)

Sexta-feira (07/10)
‘O segredo dos teus
olhos’
(Argentina)
                                                                                     Comentários: Alfredo J
erusalinsky

Programação da Noite (19h)
Segunda-feira (03/10)

Painel 1
Formação econômica
da América Latina
Local: Auditório da FCE
Palestrantes:
- Profª Maria Heloisa
Lenz (UFRGS)
- Prof. Pedro Fonseca
(UFRGS)
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Minicurso de R:
Software free de
estatística aplicado à
Atuária.
Local: Laboratório de
Informática (3º andar).
Ministrante: Sérgio
Rangel

Minicurso:
Substituição tributária
Local: Sala 25.
Ministrante: Sra. Jerre
Mandian Araújo (Agente Fiscal da Receita Municipal)

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Terça-feira (04/10)
Painel 2
Teoria social latino-americana
Local: Auditório da FCE
Palestrantes:
- Prof. Nildo Ouriques
(UFSC)
- Profª. Maria Ceci
(UFRGS)

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Minicurso - Contábeis:
Planejamento tributário
Local: Sala 25
Ministrante: Paulo Finn
(Gerente tributário da
Studio Fiscal)

Quarta-feira (05/10)

Painel 3
Política monetária na
crise: caso latino-americano
Local: Auditório da FCE
Palestrantes:
- Prof. Marcelo Milan
(UFRGS)
- José Félix Alvarado
(Diretor do Banco
Central da Venezuela) à confirmar
- Prof. Carlos Schmidt
(UFRGS)

Minicurso de R:
Software free de
estatística aplicado à
Atuária.
Local: Laboratório de
Informática (3º andar).
Ministrante: Sérgio
Rangel

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Quinta-feira (06/10)
Painel 4
Seminário sobre
mercado de capitais
Local: Auditório da FCE
Palestrante:
- Sr. Felix Penteado
(Conselheiro CVM)

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Conversas Paralelas
Ditaduras na América Latina
Local:DAECA
Convidados:
- Enrique Padrós (UFRGS)
- Prof. Luiz Faria (UFRGS)
- Prof. Pedro Bandeira (UFRGS)

Sexta-feira (07/10)
Painel 5
Esquerda e Neoliberalismo na
América Latina:
fracassos e sucessos.
Local: Auditório da FCE
Palestrantes:
- Orlando Caputo (Chile)
- Cláudia Wasserman
(UFRGS)

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FESTA DE ENCERRAMENTO DA SEMANA
À PARTIR DAS 22:00 no DAECA com MÚSICA AO VIVO!!

quarta-feira, 28 de setembro de 2011

Livro orienta agricultores para casos de intoxicação (paralelo a transformação da matriz agrícola, que se amplie a defesa dos mais vulneráveis)


Por Anvisa

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) participa, nesta quarta-feira (28/9), em Salvador (BA), do lançamento do livro “Agrotóxico no Brasil – um guia para ação em defesa da vida”, da engenheira agrônoma, Flávia Londres.  Além de apresentar informações sobre a legislação de agrotóxicos no Brasil, o livro orienta agricultores sobre quais procedimentos adotar em casos de intoxicação por esses produtos.
“Trata-se de um instrumento importante para os trabalhadores rurais, pois a publicação apresenta de forma didática a forma de identificar, encaminhar, notificar e prevenir casos de intoxicação”, afirma o gerente geral de Toxicologia da Anvisa, Luiz Cláudio Meirelles. O livro também expõe casos reais de intoxicação e de contaminação ambiental por agrotóxicos.
O lançamento do livro faz parte da programação do “Encontro Nacional de Diálogos e Convergências: Agroecologia, Saúde e Justiça Ambiental, Soberania Alimentar, Economia Solidária e Feminismo”. A publicação é uma parceria da Articulação Nacional de Agroecologia (ANA) e Rede Brasileira de Justiça Ambiental (RBJA).

terça-feira, 27 de setembro de 2011

Por uma saúde pública cada vez mais popular e melhor

Por problemas de saúde, deixei de realizar meu post diário neste espaço ontem. Um mal estar prolongado pelo fim de semana me deixou imobilizado. Como ainda não aderi a nenhum plano de saúde privada, dependo do SUS. E, assim, fui nesta segunda pela manhã na Unidade de Pronto Atendimento de minha Região (UPA). Mais uma vez me convenci, pessoalmente, que a qualificação da saúde está, entre outras coisas, na descentralização. Diferente de ocasião anterior, em que acompanhei outra pessoa por várias horas em um hospital público, neste posto em que estive fui atendido em menos de uma hora. Uma febre forte, que já havia se convertido em tontura. Mesmo assim, tive um atendimento razoavelmente rápido, a partir de um critério de seletivo do nível de urgência. Em um momento em que se discute novas formas de financiamento para a saúde pública, e que coincide, casualmente, os médicos dos Planos de Saúde se mobilizam por melhores condições e valorização profissional, me fortalece a convicção na necessidade de se investir na qualidade da saúde pública. O atendimento que o SUS oferece, do acolhimento humanizado à alta complexidade, é modelo para vários Países. É lógico que ainda temos falhas e disparidades na saúde pública, por conta de desvios de finalidade, falta de recursos, problemas de gerenciamento e insuficiente consciência de muitos trabalhadores em saúde. Mas quem disse que isso não existe na saúde privada? Por outro lado, como se quer a partir do controle social, a saúde pública é um bem a ser apropriado por todos. Todos são responsáveis por sua qualidade. Portanto, todos – usuários, médicos e trabalhadores, gestores e conselhereiros de saúde - devem fiscalizar os serviços do SUS. Do satisfatório acolhimento, passando pela qualidade do atendimento médico até a disposição de recursos. Essa é a particularidade da saúde pública gratuita: dar oportunidade a uma atitude cidadã, que está vinculada aos interesses diretos e concreto de seus usuários e familiares. No meu caso, saí satisfeito, diagnosticado, com receita em mão e também com os dois medicamentos, que retirei na farmácia da própria UPA, logo ao lado do local que fui atendido. Situações como essa me fazem crer que vale muito a pena, sim, que existam impostos destinados ao SUS. E assegurar que esse destino seja adequadamente direcionada e competentemente gerenciado depende de cada cidadão, governante ou não.

domingo, 25 de setembro de 2011

Imprensa e Liberdade, o histórico desafio latino (e dos EUA, da Europa, da Àfrica, da Àsia, etc)


Abaixo, o texto de uma jornalista que vive na Guatemala. Ela relata a censura sofrida por uma colega veterana por escrever um artigo intitulado "Novamente um militar?" sobre a candidatura de Otto Perez Molina, general acusado de crimes de violação aos direitos humanos.


Nos quieren silenciar

Por - La Barones Rampante

La escritora y periodista Margarita Carrera ha sido la última víctima de una censura mediática en torno al genocidio que se perpetró en este país durante el conflicto armado y al turbio pasado del militar retirado Otto Pérez Molina, quien encabeza las encuestas como candidato del Partido Patriota (PP).

Carrera es la autora de la novela “En la Mirilla del Jaguar”, la cual narra la vida y obra del obispo Juan Gerardi, director de la Oficina de Derechos Humanos de la Oficina del Arzobispado (ODHA), quien fue asesinado en 1998 tras la publicación del informe “Guatemala Nunca Más”, el cual responsabilizó al Ejército y las PAC por la mayoría de las masacres cometidas durante la guerra.

El 22 de septiembre, Carrera publicó en Prensa Libre una columna de opinión titulada “¿Nuevamente un militar?” que le recuerda a sus lectores el papel que jugó Pérez Molina en el caso Gerardi: http://www.prensalibre.com/opinion/Nuevamente-militar_0_559144094.html
El texto se basa en fuentes sólidas y bien documentadas como el libro “¿Quién mató al obispo?” de Francisco Goldman.

Tras la publicación del artículo, recibió una llamada de Prensa Libre, informándole que el diario había decidido retirarle la columna que había publicado dos veces a la semana desde 1993, por haber infringido la política editorial de no publicar columnas a favor o en contra de los candidatos a la Presidencia.

Llama la atención el hecho de que el medio decidió publicar una columna que supuestamente infringía esa norma, para luego valerse de eso como excusa para despedir a la periodista.

“Me dijeron que era porque había tocado un tema tabú pero para mí no hay temas tabú porque soy una persona muy independiente y muy libre”, afirma Carrera.

Como atinadamente comentó un internauta en la página de Facebook “Queremos tanto a Margarita Carrera”, ella fue despedida “por salirse del guacal”.

Pero Prensa Libre no contaba con la ola de indignación que causaría la censura cobarde que se le impuso a una escritora de tan reconocida trayectoria como Carrera. Horas después de que se le notificó sobre su despido, circulaban en Internet mensajes de apoyo y solidaridad hacia la periodista y manifestaciones de repudio hacia el medio.

Mario Antonio Sandoval, subdirector de Prensa Libre, no tuvo más remedio que llegar a buscarla al Club Italiano, ofrecerle una disculpa y devolverle el espacio que ha ocupado en el medio desde 1993, consciente de lo irónico que resulta el hecho de que un diario cuyo ex director, Gonzalo Marroquín, presidía la Sociedad Interamericana de Prensa (SIP) haya censurado a una columnista.

El caso de Carrera evidencia una verdad innegable: la prensa escrita está haciendo una campaña abierta a favor de Pérez Molina, publicando encuestas manipuladas y notas que describen a un genocida como “un abuelo cariñoso”.

Al lector se le está vedando el derecho a informarse sobre el pasado tenebroso de alguien que podría ser el próximo presidente de Guatemala, y aquéllos que nos atrevemos a romper el silencio hemos sido objeto de represalias.

Las atrocidades que se cometieron durante el conflicto armado sembraron la semilla de los males que actualmente vive este país y por eso hoy, más que nunca, urge hablar de lo que sucedió para que los guatemaltecos conozcan su propia historia y jamás la repitan.

No dejemos que nos censuren. Hay que hablar aunque nos quemen en la hoguera por hacerlo.

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Breve resenha dessa obra aqui.
"La investigación que lleva acabo Francisco Goldman en este libro se lee como una autentica novela policíaca. En febrero del 2004 el muy “liberal” y conocido escritor Mario Vargas Llosa escribió un artículo en el periódico El País-apoyándose en el libro escrito por De la Grange y Rico ¿Quién mató al obispo?-y que entre otras cosas decía “para encubrir a los verdaderos culpables, sacrificar a inocentes, y entronizar una monumental distorsión de la verdad, operación de la que un puñado de bribonzuelos, oportunistas y policastros sacaron excelente provecho personal”. Pues bien, al final lo que demostró la justica, fue que todo lo anterior y mucho más, fue cierto, sólo que todos esos bribonzuelos y policastros no eran lo que Mario Vargas Llosa y de la Grange y Rico acusaban en su artículo y libro respectivamente, sino que fueron los servicios de inteligencia de Guatemala los encargados de perpetrar un “crimen de Estado”.

Caminhadas, ciclovia e um Dilúvio gritando à beira do caminho


Voltei a caminhar regularmente hoje e, como já esperava, me senti melhor. No trajeto dessa atividade fiquei pensando as inúmeras vantagens que existem em exercitar o corpo uma vez ao dia por via de uma modalidade qualquer – no meu caso, duas, já que também vou de bicicleta ao parque. E nesse entremeio também imaginei quantas dezenas de milhares de brasileiros sofreram e morreram por doenças cardiovasculares e associadas ao sedentarismo, em função, muitas vezes, de ignorância. Sim, porque por mais informações existam hoje sobre os benefícios de uma atividade física, é preciso lembrar que a maioria das pessoas idosas que estão, ou estiveram, situadas nas classes C, D e E cresceram sem a oportunidade de saber disso, nem mesmo por meio de uma escola – já que a educação era bem menos acessível que hoje há algumas décadas, especialmente na vida rural. Então, envelheceram sem cultivar conscientemente hábitos saudáveis, e sem saber dessa possibilidade. Assim, a educação física, mais uma vez, se justifica como uma área da saúde. E, sob essa perspectiva, investir no acesso popular dos indivíduos às atividades físicas é poupar recursos públicos na área da saúde. Por essas e outras, é digno de aplauso a construção da ciclovia em Porto Alegre. Criar a possibilidade de milhares de estudantes se deslocar entre quatro campi (três da Ufrgs e um da Pucrs) sob duas rodas é simplesmente sensacional. Fiquei pensando agora que, considerando que a ciclovia será nas margens do arroio Dilúvio, quantas reflexões e mobilizações isso poderá render em torno da recuperação definitiva desse habitat. Será um oportunidade de se conviver, diariamente, com mau-cheiro, ratões, utensílios domésticos boiando entre outros atrativos da sociedade do consumo. Por outro lado, haverá nesse trajeto também, frequentemente, lindas Garças que, assim como os ratões, curtem sem preconceito o velho Dilúvio, mesmo no seu abandono. Assim, como também o faz as pessoas em situação de rua, outro tipo de ser vivo que integra e sobrevive em meio a essa biodiversidade. É assim que tem que ser, tirar – de modo espontâneo – a geração motorizada de seus confortáveis estofados e colocá-la frente a frente com a realidade do Diluvião, aquela que muito se fala nas aulas de biologia e congêneres, mas pouco ou nada se vive ou faz na prática para modificar (-se). Então, viva mais uma vez a ciclovia e vivemos de uma vez uma vida ativa, nem que seja via breves caminhadas como as minhas. (Foto: Gilberto Simon / Porto Imagem).

sábado, 24 de setembro de 2011

Natureza, estrutura complexa em movimento


Foto: projeto Saúde e Alegria
Tenho percebido uma tendência salutar dos projetos sociais enveredarem pelo caminho de uma visão integrada e estruturante na superação das problemáticas ambientais. Bastante interessante, especialmente nesses tempos em que nada que se trate de sociedade pode ser considerado isoladamente. Passou o tempo das caixinhas e soluções improvisadas na atuação ecológica. Nesse sentido, vejo como exemplar iniciativas como o projeto Saúde e Alegria, em Santarém (PA), que alia desenvolvimento, preservação e geração de renda. E semelhante a este, outras tantas dezenas de iniciativas brilhantes pelo País. Cada vez mais me convenço que a eficácia de uma iniciativa transformada de um ambiente não pode ter um centro único (humano, animal ou vegetal), mas deve sim compor fatores que integram um habitat. E, a partir disso, combinar soluções harmônicas, porém, focadas em um fim benéfico à qualidade de vida de todos seres vivos.

E pelos Vales da RMPA:

Gravataí:
Plano de Desenvolvimento Econômico
e Sustentável avança mais uma etapa
O 5º Encontro do Plano Municipal de Desenvolvimento Econômico e Sustentável (PDES) ocorrerá na próxima segunda-feira (26/09), às 18h, na sede da Faculdade Cenecista Nossa Senhora dos Anjos (Facensa), na avenida José Loureiro da Silva, 1991, no Centro de Gravataí. Os encontros são promovidos pela Prefeitura, através da Secretaria Municipal de Desenvolvimento Econômico e Turismo (SMDET). Neste debate será apresentado o primeiro diagnóstico realizado pela empresa Latus Consultoria, Pesquisa e Assessoria de Projetos Ltda, contratada para fazer a operacionalização do processo. (Reproduzido do Sua Cidade)

sexta-feira, 23 de setembro de 2011

Por um erudito acessível na linguagem e nos meios

Crianças da periferia em contato os clássicos, um bom começo
Foto: Ireno Jardim (PMC/SECOM)
Interessante experiência tive hoje, durante uma tarde de sinfonias, descobertas e encantos pelos estudantes de uma escola pública com a música erudita. Sempre tenho impressões boas e ruins quando vou a uma escola. Contrasta o clima de tranquilidae e paz, que me remete a infância, a uma certa decepção com relação a algumas práticas inadequadas, que ainda vislumbro na relação entre professores e alunos. Mas a experiência de acompanhar o projeto Concertos Didáticos, que tem levado os clássicos de várias épocas ao alcance de quem mal tinha visto um violino na vida, supera qualquer impressão de menos significação nessa empreitada. De qualquer modo, cabe registrar que a escola ainda é ambiente de controle, onde o silêncio e o imobilismo são cultivados. E a música teria um espaço mais fluente nessas estruturas se fosse estimulada nos pequenos por identificação e prazer. A curiosidade é o que não falta, constatei. Notamos, também, pelo contato com uma das professoras, que a música é vista como um eficiente meio para cultivar valores positivos, especialmente a solidariedade e a superação da violência. É preciso, deste modo, que surjam projetos locais e parcerias com organizações que apostem a viabilização desse aprendizado nas escolas públicas. Em Canoas, o governo municipal bancou essa empreitada, contratando uma orquestra para essa finalidade. Que o exemplo se multiplique nas redes públicas de todo o País.

Escrever, viver e copartilhar - cartas para o Desassossego

 Acordei hoje com uma disposição diferente. Havia me definido a voltar a colocar palavras pessoais aqui apenas quando realmente tivesse algo consistente, mas mudei de idéia. Acho que tudo o que interiorizamos e refletimos sobre a vida tem sempre um fundo de consistência. E escrever tem a ver com estar/crer/ver. Me disse uma vez um colega de universidade que a escrita é uma ação prática, síntese do pensamento e da reflexão. Então, vou manter o ritmo, porque afinal a Primavera também convida a um olhar revitalizado e uma atitude mais ativa para com a vida.
A dica da hora é Desassossego - o filme das Maravilhas.
Não confundir com a versão portuguesa, Desassossego, também digna de ser apreciada.

quinta-feira, 22 de setembro de 2011

"Mesmo assim não custa inventar uma nova canção"

A dívida que já foi paga - o exemplo do Equador



"Na verdade o processo da dívida externa e também da dívida interna deveria sofrer uma auditoria e é nessa luta que um grupo de pessoas anda já há algum tempo. Maria Lúcia Fatorelli foi membro da comissão que auditou as dívidas do Equador, quando o presidente Rafael Correa decidiu realmente saber como funcionava o rolo compressor e ilegal da dívida daquele país. Segundo ela, no Equador, comprovou-se que mais de 70% da dívida era ilegal, fruto de anos e anos de acordos espúrios e irresponsáveis, muito parecidos com os que foram feito no Brasil. Correa decidiu não pagar e 95% dos seus credores aceitaram a proposta sem alarde, pois sabiam que se fossem discutir na justiça internacional correriam o risco de ter de devolver muitos bilhões."

Texto e dica de Elaine Tavares.

Editora UFG lança edital de concurso literário



            As inscrições são gratuitas e devem ser feitas somente via correio. Cada autor pode participar com uma obra, nas categorias: romance, conto, teatro, poesia e prosa infantil, escritas em língua portuguesa. Podem participar autores de qualquer nacionalidade, desde que a obra seja escrita em língua portuguesa.

            Os escritores das obras vencedoras nas cinco categorias assinarão um contrato com a Editora UFG, que deterá os direitos de publicação dos livros por cinco anos.

            Após o resultado final do concurso literário, a Editora UFG lançará um edital específico para a escolha da ilustração da obra selecionada na categoria prosa infantil.

            Maiores informações no site da Editora UFG: www.editora.ufg.br

"A maldição conservadora e a invenção do guasca"

Mais uma contribuição do Diário Gauche sobre o debate a respeito do tradicionalismo sulista.

Antes de entrar no tema que quero comentar, chamo a atenção para o “Desfile Cívico-Militar do Vinte de Setembro” (conforme consta da programação dos seus organizadores, os dirigentes do MTG – Movimento Tradicionalista Gaúcho) que está se desenrolando hoje, precisamente 20 de setembro de 2011.
Quero sublinhar a ênfase na expressão “cívico-militar” dado pelo MTG, em pleno século 21. Me explico. Ninguém desconhece a filiação positivista-comtiana dos republicanos brasileiros, na segunda metade do século 19. No Rio Grande do Sul, onde a República aconteceu depois de uma revolução cruenta que durou de 1893 a 1895, os positivistas foram mais radicais e, por isso, mais exitosos do que no resto do Brasil. Julio de Castilhos e os militantes do Partido Republicano Rio-Grandense (PRR) modificaram completamente o cenário político e social do estado mais meridional do País. No RS não houve a chamada troca de placa: sai a Monarquia dos Bragança, entra a República constitucional. Aqui, houve a mais completa e absoluta troca da elite no poder. Saem os velhos estancieiros pecuaristas da Campanha, entra uma composição de classes formada por uma pequena burguesia urbana, uma classe média rural, profissionais liberais e colonos de origem europeia da região serrana.
Os positivistas sulinos, fiéis aos ensinamentos dogmáticos de Auguste Comte, propugnavam – como o mestre – pela superação das fases pregressas da Humanidade. À fase militar-feudal deve seguir-se a fase industrial da Humanidade. Ou seja, à fase militar corresponderia a insurreição farroupilha de 1835-45 contra o Império do Brasil, agora – com o advento republicano – estávamos, pois, na hora de criar condições para o desenvolvimento e o progresso material que se daria por um processo intensivo de industrialização manufatureira.
Vejam, pois, que os tradicionalistas do século 21 continuam com os olhos fixos num passado praticamente feudal, marcadamente militarista, embora não tenhamos experimentado, de forma hegemônica e total, esse modo de produção pré-capitalista no Brasil. 
Um dos formuladores intelectuais do que chamamos de ordem delirante do atraso – o pensamento tradicionalista da estância – foi Ramiro Frota Barcellos. Na obra “Rio Grande, tradição e cultura” (1915), o santiaguense é de uma clareza solar quanto aos propósitos enfermiços do tradicionalismo estancieiro: “O que agora se verifica, mercê do atual movimento tradicionalista, é a transposição simbólica dos remanescentes dos ‘grupos locais’, com suas estâncias e seus galpões para o coração das cidades. Transposição simbólica, mas que fará sobreviver, na mais singular aculturação de todos os tempos, o Rio Grande latifundiário e pecuarista”.
Qualquer semelhança com o enclave da bombacha e da fumaça que anualmente acampa, no mês de Setembro, no Parque da Harmonia, em plena área central de Porto Alegre, não é mera coincidência. A “mais singular aculturação de todos os tempos”, como premonitoriamente afirma Barcellos. Neste caso, “aculturação” é sinônimo de regressismo e estagnação.
É sobre isso que eu quero comentar brevemente.
Quando estudantes em São Paulo, Júlio de Castilhos e Assis Brasil chegaram a fundar um chamado “Clube 20 de Setembro”, que promoveu estudos – com algumas publicações - sobre o movimento farroupilha da primeira metade do século 19. Curiosamente, Castilhos abandonou as pesquisas sobre a guerra civil que varreu o Rio Grande por dez longos anos. Assis, em 1882, publicou a obra “História da República Rio-Grandense”. Por algum motivo, carente de melhores investigações, tanto os positivistas do PRR, quanto os liberais sulinos não foram muito enfáticos no culto farrapo. Tal fenômeno veio a ocorrer somente depois da Segunda Guerra, em Porto Alegre, no meio estudantil secundarista urbano do Colégio Estadual Julio de Castilhos. Daí se difundiu como rastilho de pólvora sob a forma dos onipresentes Centro de Tradição Gaúcho – CTG, que são clubes de convivência social onde se cultua o passado sob a forma fixa da mitologia farrapa, tendo como matriz formal a estética e o ethos do latifúndio da pecuária extensiva de exportação – subordinado à cadeia mercantil dos interesses hegemônicos ingleses na América do Sul. Quando os tradicionalistas se ufanam do pretensioso espírito autônomo e emancipado do chamado 'gaúcho' tout court, se referem ao Império dos Bragança, mas esquecem a dependência econômica e subordinação negocial estrita com os interesses ingleses, via portos de escoamento no Prata (Montevideo e Buenos Aires).
[Das relevantes realizações modernizantes do castilhismo-borgismo foram a estatização e incremento do porto de Rio Grande, bem como a encampação das ferrovias controladas por capitais europeus, de forma a dotar o estado de infraestrutura e fomentar o desenvolvimento, sem depender do Rio ou do Prata.]  
A grande data a comemorar no Rio Grande do Sul, pelo lado do senso comum, é o 20 de Setembro, que marca o início da insurreição farroupilha (é um equívoco chamá-la de “revolução”, uma vez que os rebeldes foram derrotados pelo Império e não ocorreu nenhuma modificação política, social ou econômica na província sulina depois de 1º de março de 1845, na chamada Paz de Ponche Verde). No entanto, se houve revolução no sentido rigoroso e clássico do termo, esta ocorreu a partir da promulgação da Constituição Rio-Grandense, e da posse do governador (então, presidente do Estado) Julio de Castilhos, no dia 14 de julho de 1891. Meses depois, os conservadores e latifundiários alijados do poder, eternos aliados e sustentáculos da Monarquia, deram início à luta armada contra os jovens que governavam o Rio Grande (Castilhos tinha 30 anos quando assume a presidência do estado). A partir da revolução cruenta, se inicia um processo de grandes modificações e modernizações no RS. Em 1902, já com Borges de Medeiros no poder, depois da morte precoce de Castilhos, o estado passou a tributar com impostos progressivos as terras privadas, bem como reaver dos estancieiros as imensas glebas públicas apropriadas ilegalmente durante todo o século 19.
A hegemonia política do castilhismo-borgismo perdura até a década de 1930. Getúlio Vargas foi presidente do estado de 1928 a 1930, quando sai para o Catete, e já deixa um governo mais conciliador com os conservadores da Campanha.
É intrigante, pois, que a apropriação do imaginário social tenha se dado pelo lado dos conservadores, através do simbolismo inventado do 20 de Setembro, e não pelas forças burguesas, progressistas e renovadoras do Rio Grande do Sul, que seria pelo 14 de Julho.
Eric Hobsbawn e Terence Ranger que estudaram o fenômeno da chamada “invenção das tradições” suspeitam que quando ocorrem mudanças sociais muito bruscas e profundas, produzindo novos padrões com os quais essas tradições são incompatíveis, inventam-se novas tradições e novos imaginários de identidade social e cultural. Para os dois autores britânicos, a teoria da modernização pode sim conceber que as mudanças operadas pela infraestrutura da sociedade demandem tradições inventadas no plano da superestrutura.
Neste sentido, a revolução burguesa positivista-castilhista de inspiração saint-simoniana, introdutora do Estado-Providência, mobilizou somente as instâncias da infraestrutura (base material e econômica), deixando uma vasta lacuna, um boqueirão ideológico, diríamos, na esfera da superestrutura.
Assim, teria restado um formidável vácuo em distintos setores da vida social e no espírito dos indivíduos, como nas artes, no pensamento político, no Direito, na identidade, nas subjetividades individuais e de grupos, na cultura e no imaginário como um todo. O homem é, antes de tudo, um animal simbólico, e este domínio da razão e da cultura foi deixado vago, motivado, talvez, pelas duras urgências da vida real, mas também – suspeito eu – pelo próprio autoritarismo do poder estendido do castilhismo-borgismo.
O tradicionalismo seria, assim, um desagravo mítico-ideológico dos derrotados de 1893/95, os mesmos derrotados de Ponche Verde. Uma vingança de classe – a do latifúndio subalterno e associado – contra a modernização burguesa do positivismo pampeiro, seria isso? Uma maldição contra o futuro do Rio Grande? “Vocês estarão condenados a viver no passado, em meio à fumaça e o cheiro de esterco, festejando derrotas, e considerando heróico, cavalgando durezas e incomodidades, e considerando genuíno, fruindo uma arte primária e mambembe, e considerando autêntico, cultuando velhos ressentimentos e considerando lúcido, ignorando o rico mosaico cultural da província e considerando o tradicionalismo de matriz latifundiária como a síntese de tudo. Vocês são os gaúchos, velhos vagabundos redimidos, são os heróis de um passado que nunca existiu” – foi a sentença de fogo dos que trouxeram o tradicionalismo como vanguarda do atraso no pensamento guasca.   

quarta-feira, 21 de setembro de 2011

A Caravana Necessária

A experiência que de contato com o outro extremo da vida é sempre intrigante. Em geral, raramente nos preparamos para o envelhecimento, e para a morte, menos ainda. Por causa disso, me impactou – assim como a outros colegas – as condições de tratamento com que encontramos um grupo de 12 idosos em um asilo local, durante visita da Caravana da Dignidade. Em conversa direta com um das idosas, vi o um desespero pelo abandono. A necessidade de falar, de compartilhar sentimentos de viver todas as dimensões ainda possíveis de sua existência ficou-me claro nessa aproximação. Exemplar o trabalho da Caravana da Dignidade em Canoas. Que se multipliquem as Caravanas dessa natureza, no sentido de garantir o respeito aos seres humanos de todas as condições e opções; e com isso, que se amplie a dignidade de quem merece, mais do que respeito, um retorno por tudo o que dedicou àqueles que hoje pouco ou nada se lembram disso.

Saúde e Imprensa, relação truncada

Sobre o retorno necessário

O caminho de volta: Já estou voltando.

Por Téta Barbosa

Só tenho 37 anos e já estou fazendo o caminho de volta.
Até o ano passado eu ainda estava indo. Indo morar no apartamento mais alto do prédio mais alto do bairro mais nobre. Indo comprar o carro do ano, a bolsa de marca, a roupa da moda. Claro que para isso, durante o caminho de ida, eu fazia hora extra, fazia serão, fazia dos fins de semana eternas segundas-feiras.
Até que um dia, meu filho quase chamou a babá de mãe!
Mas, com quase 40 eu estava chegando lá.
Onde mesmo?
No que ninguém conseguiu responder, eu imaginei que quando chegasse lá ia ter uma placa com a palavra FIM. Antes dela, avistei a placa de RETORNO e nela mesmo dei meia volta.
Comprei uma casa no campo (maneira chique de falar, mas ela é no meio do mato mesmo.)
É longe que só a gota serena. Longe do prédio mais alto, do bairro mais chique, do carro mais novo, da hora extra, da babá quase mãe.
Agora tenho menos dinheiro e mais filho. Menos marca e mais tempo.
E num é que meus pais (que quando eu morava no bairro nobre me visitaram 4 vezes em quatro anos) agora vêm pra cá todo fim de semana?
E meu filho anda de bicicleta e eu rego as plantas e meu marido descobriu que gosta de cozinhar (principalmente quando os ingredientes vêm da horta que ele mesmo plantou).
Por aqui, quando chove a internet não chega. Fico torcendo que chova, porque é quando meu filho, espontaneamente (por falta do que fazer mesmo)
abre um livro e, pasmem, lê.
E no que alguém diz “a internet voltou!” já é tarde demais porque o livro já está melhor que o Facebook , o Twitter e o Orkut juntos.
Aqui se chama ALDEIA e tal qual uma aldeia indígena, vira e mexe eu faço a dança da chuva, o chá com a planta, a rede de cama.
No São João, assamos milho na fogueira. Nos domingos converso com os vizinhos. Nas segundas vou trabalhar contando as horas para voltar.
Aí eu lembro da placa RETORNO e acho que nela deveria ter um subtítulo que diz assim: RETORNO – ÚLTIMA CHANCE DE VOCÊ SALVAR SUA VIDA!
Você provavelmente ainda está indo. Não é culpa sua. É culpa do comercial que disse: “compre um e leve dois”.
Nós, da banda de cá, esperamos sua visita. Porque sim, mais dia menos dia, você também vai querer fazer o caminho de volta.

*Téta Barbosa é jornalista, publicitária, mora no Recife e vive antenada com tudo o que se passa ali e fora dali. 

Ela também tem um blog - Batida Salve Todos
A dica é da jornalista Letícia de Jesus, via coluna do Noblat (O Globo).

segunda-feira, 19 de setembro de 2011

O MST e a democracia no Brasil

Antônio Cândido: "A existência, e sobretudo, o futuro do MST é a condição para existir real democracia no Brasil"

sábado, 17 de setembro de 2011

Pedalar, uma forma de ser livre em movimento


Foto divulgação PMPA
Pelos anos 2004 e 2005, quando lecionei em União da Vitória, no interior do PR, me chamava atenção o grande volume de operários que se deslocavam para esta cidade a partir de Porto União, a cidade gêmea, em SC. Lembro de ter comentado isso algumas vezes em aula, que o fato merecia um estudo. Para minha satisfação, poucos anos depois, uma das mais aplicadas alunas realizou seu trabalho de conclusão sobre o tema: um site especial sobre bicicletas. que pode ser conferido aqui.

A cultura do uso da bicicleta ganha espaço e, com isso, se multiplicam os ciclitas e as ciclovias pelo Brasil. Bom para o meio ambiente e a saúde coletiva.  Todavia, a compreensão dos gestores sobre a necessidade de investir em políticas de estímulos ao uso da bicicleta ainda é, infelizmente, muito mais predominante.

Abaixo, a programação da 15ª Semana da Bicicleta de Porto Alegre – 2011, que abre nesse domingo. Peguei hoje mesmo minha bicicleta do conserto, sendo muito provável que pinte por lá.

Dia 18 de setembro (domingo):
Brique da Bike.
Venda e troca de peças, bicicletas e acessórios. Oportunidade de cada ciclista comercializar aquelas peças que não usa mais (sem qualquer custo ou comissão). Entrada gratuita.
Horário:14h até 18h.
Local: Cidade da Bicicleta – Rua Marcílio Dias, 1091, quase esquina Érico Veríssimo – Menino Deus. Maiores informações, clique aqui!

Dia 21 de setembro (quarta-feira):
Passeio Ciclístico Noturno.
Horário:19h.
Local: Parque Farroupilha – Monumento do Expedicionário.

Dia 22 de setembro – Dia Mundial Sem Meu Carro (quinta-feira):
Passeio ciclístico da Prefeitura e EPTC
Local e horário: a ser definido pela EPTC.  Atividade com a possível presença do Prefeito e de outras autoridades locais.
Nesta data ocorrerá também uma bicicletada reivindicando melhores condições para os ciclistas da nossa cidade.
Local: Largo Glênio Peres (em frente ao Mercado Público).
Horário: 19h.

Dia 24 de setembro (sábado):
Oficina de Ciclismo Veicular
- A bicicleta como veículo e o ciclista como condutor de um veículo.
- O ciclista como usuário na malha viária e participante do trânsito com igualdade de direitos e deveres.
- Ciclismo Veicular, o caminho para a prática segura e gratificante do ciclismo urbano.
- Exposição (técnicas e estratégias do Ciclismo Veicular, legislação de trânsito).
- Experiência de rua (uma pedalada nas redondezas, focada no conteúdo exposto).
- Colóquio, troca de idéias e experiências.
Horário: 14h.
Local: SME – Sala de reuniões – Érico Veríssimo 843.
Vagas limitadas (20 vagas).
Atividade 100% gratuita.
Coordenação: Artur Elias.
Inscrições e maiores informações pelo e-mail arturelias68@gmail.com .

Dia 25 de setembro (domingo):
Passeio Ciclístico Pedalada pela Vida.
Horário: Concentração: 9h30 – Saída: 10h30
Local: Parque Farroupilha – Monumento do Expedicionário.
Percurso:
Saída: Parque Farroupilha – Monumento do Expedicionário – Segue pela Av. João Pessoa em direção à Av. Loureiro da Silva entrando à esquerda.
Segue pela Av. Loureiro da Silva em direção à Usina do Gasômetro.
Segue à direita pela Av. Pres. João Goulart até a Praça Padre Tomé. Entra à esquerda até a Av Mauá.
Segue pela Av. Pres. João Goulart, passa pela Usina do Gasômetro e segue pela Av. Edvaldo Pereira Paiva indo em direção à Av. Ipiranga.
Segue pela Av. Ipiranga até a Rua Santana, dobrando à esquerda e seguindo até o Parque Farroupilha no Monumento do Expedicionário.
Flatland
Um verdadeiro show de manobras radicais!
Horário: 14h
Local: Parque Farroupilha – Monumento do Expedicionário.
Organização: Prefeitura Municipal de Porto Alegre, Secretaria Municipal de Esportes e Lazer.
Apoio: Poabikers.

Programação reproduzida do Poabkers.











sexta-feira, 16 de setembro de 2011

Sobre raízes de Nina Rodrigues ... e a sua sombra permanente


Foto: Wikipedia
Tudo que se refere à avanços genéticos anunciados deve ser sempre motivo de atenção e reflexão crítica, não somente científica, mas também ética e política. De preferência, para muito antes das publicações acadêmicas e muito além da imprensa corporativa. Sabemos que ciência - assim como jornalismo - não é, e nunca foi neutra. A notícia divulgada esta semana de que Senado aprova criação de banco de DNA de criminosos  me faz pensar no que isso pode representar em um País como o nosso, com organizações policiais fortemente contaminadas pelo autoritarismo militar, além de inseridas em uma sociedade herdeira de uma história escravista, cuja visão racista muito mal superou.
Sob essa presença do preconceito na política, na ciência e na sociedade, as causas da violência são costumeiramente associadas à fatores comportamentalistas, de fundo supostamente genéticos. Nesse caldo, não é difícil a ciência servir de escada para argumentos e ações discriminatórias às condições de marginalidade, cor, orientação sexual e até religião.
Especificamente a respeito das relações entre genética e violência, há poucos anos, causou grande debates aqui no RS uma pequisa desenvolvida pelo  geneticista Renato Zamora Flores, da UFRGS, e o neurologista Jaderson Costa da Costa, da Pontifícia Universidade Católica (PUCRS) sobre a determinação da violência nos adolescentes da Fundação de Atendimento Socioeducativo do Estado (Fase), o que mobilziou até um simpósio sobre o tema. 
A vigília crítica é salutar, porque, como já disse, a academia não é formada por anjos. E uma certa imprensa, que se diz livre (embora a liberdade pertença apenas para os que com ela lucram) é absurdamente tendenciosa quando um determinado olhar combina com sua ideologia ou outros interesses (O caso da regulamentação comercial dos grãos transgênicos, que passou vazio de debates plurais nos enfoques do jornalismo brasileiro - a não ser depois que tudo já estava liberado e no mercado - exemplifica bem essa tendência). Por outro lado, com referência abordagens positivistas sobre a violência, a academia brasileira ainda é infestada por cientistas que concebem modelos e teorias racistas, como as desenvolvidas pelo pesquisador Raimundo Nina Rodrigues - autor que sustentava o negro como marginal em seus estudos e que em 1894, publicou um ensaio no qual defendeu a tese de que deveriam existir códigos penais diferentes para raças diferentes.
Como nota o sociólogo Sérgio Adorno, “A exclusão social é reforçada pelo preconceito e pela estigmatização. No senso comum, cidadãos negros são percebidos como potenciais perturbadores da ordem social, apesar da existência de estudos questionando a suposta maior contribuição dos negros para a crimiminalidade (Sellin, 1928 apud Pires & Landreville, 1985). Não obstante, se o crime não é privilégio da população negra, a punição parece sê-lo.” (ver: Racismo, criminalidade violenta e justiça penal: réus brancos e negros em perspectiva comparativa).




quarta-feira, 14 de setembro de 2011

Julgamento do líder farroupilha Davi Canabarro

Chegou a minha caixa de e-mail esse convite, que vai ser, no mínimo, uma BOA aula de História. Por conveniência, agrego a ele o cartum ao lado, do notável e perturbador chargista gaúcho Santiago.

Convidamos  para para participar do julgamento do  líder farroupilha Davi Canabarro, responsável pelo acordo com o Duque de Caxias, cujo resultado foi o Massacre de Porongos. Segundo a história oficial, teria sido a última batalha da guerra dos farrapos, mas a verdade é que os negros, armados para o combate pelos líderes farroupilhas, quase todos fazendeiros, com a promessa da liberdade após a paz, foram traídos. Concentrados num lugar chamado Porongos, foram quase todos desarmados por Canabarro, apenas alguns portavam lanças. O resultado é fácil de prever.

Corpo de Jurados:
 Rodi Pedro Borghetti é advogado e
 tradicionalista. Foi eleito por seis vezes patrão do 35 CTG, duas vezes presidente do Movimento Tradicionalista Gaúcho (MTG), criador e primeiro presidente da Fundação Cultural Gaúcha, diretor do IGTF por duas gestões e um dos fundadores do grupo Cavaleiros da Paz.
Maria Eunice da Silva, presidente da Sociedade Beneficente Cultural Floresta Aurora. Advogada, formada pela UFRGS. É  de Porto Alegre.
Luiz Fernando Soares Centeno , inspetor de Polícia. Patrão do Piquete Lanceiros Negros.
José Antonio dos Santos da Silva , secretário Geral da UNEGRO/RS; presidente do CODENE – Conselho de Participação e Desenvolvimento da Comunidade Negra do Estado do RS – 2006/2008; membro da Comissão de Etnias do Conselho Estadual de Saúde do Estado do RS; membro da Coordenação da Marcha Estadual Zumbi dos Palmares no RS, desde 2007; coordenador do Fórum Permanente de Educação e Diversidade Etnico Racial do RS; e membro da Coordenação Política do Congresso Nacional de Negras e Negros do Brasil – CONNEB, pelo RS.
Luiz Mendes, sociólogo, especialista em Gestão da Educação. Diretor de Comunicação do Sindjus – Sindicato dos Servidores da Justiça do Rio Grande do Sul. Da Coordenação do Fórum Estadual de Diversidade Étnico Racial.
Sofia Cavedon , presidente da Câmara Municipal de Porto Alegre.
Ana Honorato, coordenadora Geral do MNU – Movimento Negro Unificado. Participante da Rede Nacional de Controle Social de Saúde e da Rede Nacional Afro-brasileira de Saúde.
Valdemar de Moura Lima, presidente do Movimento Quilombista Contemporâneo. Participante do Fórum Permanente de Educação e Diversidade Étnico-Racial e membro da Frente Parlamentar Quilombola. Criador da Rua do Perdão.
Sandra Maciel, socióloga, coordenadora de Políticas de Igualdade Racial do RS.

Advogados de acusação:
Bolívar Gomes de Almeida, livreiro e professor de História.

Ademir Sebastião Medeiros Rodrigues, patrão do Piquete Estrela Gaudéria e Patrão do CTG Inhanduí.

 Advogados de defesa:
Cláudio Knierim – Historiador
Edson Mello - Advogado
Juíza Mara Loguércio , advogada, juíza do Trabalho aposentada.

 O julgamento será dia 16 de setembro, às 19h, no Galpão Estrela Gaudéria, localização 74, no Acampamento Farroupilha.